Inspirada em sua mãe e nos fósseis do Cariri, Biana Alencar escreve primeiro livro infantojuvenil
A jornalista e apresentadora da TV Verdes Mares contou como se emocionou ao apresentar a obra para a mãe que aprendeu a ler durante pandemia e chorou de emoção durante o episódio do Que nem Tu
Acostumada a pegar um microfone e ir para rua entrevistar e contar histórias em telejornais, a jornalista Biana Alencar tem mais uma forma de narrar acontecidos: a literatura. Corajosa na arte de se aventurar no novo, ela decidiu realizar um sonho dela e de sua família. Escreveu seu primeiro livro e Tesouro Encantado se tornou uma forma dessa cearense dizer o quanto ama e valoriza o Cariri e suas riquezas e também de registrar um pouco da história de sua família. No meio de toda essa potência afetiva, ela acrescentou doses de ficção, história natural e ciência.
A obra foi lançada em julho no Centro Cultural do Cariri e, na semana passada, teve destaque na Bienal do Livro de São Paulo. Antes de viajar para o maior evento literário da América Latina, Biana conversou sobre a aventura de ser escritora, os processos de construção de sua narrativa, mergulhou em sua história familiar e na relação cheia de afeto e orgulho do Cariri com Alan Barros e Karine Zaranza no Que Nem Tu. O episódio desta quinta-feira (12) fala até sobre paleontologia, mas sobretudo conta sobre o valor das origens.
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Tesouro Encantado conta a história de um menino que descobre que a avó tem um fóssil em casa e, por isso, tenta convencê-la a devolver a peça para um museu. A mulher diz que não fará isso, o que desencadeia os acontecimentos e reflexões da trama. Biana deu para os personagens principais os nomes de seu filho Pedro e de sua mãe Ana. O fóssil que aparece no livro também existe na vida real e depois que foi retratado na trama ganhou até lugar de destaque no Museu de Paleontologia do Cariri.
Quando Biana resolveu escrever o livro, durante a pandemia, ela disse que queria matar a saudade que o isolamento impôs. Já morando em Fortaleza para trabalhar na TV Verdes Mares, ela queria se ligar à família e também à sua terra Natal. A escolha por retratar os fósseis, riqueza da região, veio da vontade de ressaltar a ciência que se faz por lá e também voltar os olhares sobre a importância da preservação dessas peças únicas.
Um momento cheio de emoção relatado por ela aconteceu às vésperas do lançamento do livro, quando Biana leu a história para sua mãe, Ana.
"Ela começou a aprender a ler de verdade agora, na pandemia, porque precisou se comunicar por WhatsApp com a gente e eu li pra ela o livro na véspera do lançamento. Eu fico até emocionada porque eu li devagarzinho e a gente tinha que parar às vezes pra a gente chorar juntas. Chorar pelo feito de ter conseguido registrar algumas das memórias dela e chorar porque, imagina eu, ter me tornado jornalista, escritora e tá lendo pra minha mãe e fazendo ela recordar tanta coisa, né? A gente chorou junto muito no final. Essa história não aconteceu, mas poderia ter acontecido, tem muita coisa boa. Ela ficou muito emocionada", disse Biana, com lágrimas nos olhos, durante o Que Nem Tu.
A filha jornalista e escritora atendia ao pedido da mãe semianalfabeta de escrever uma biografia sua. "Não foi bem uma biografia. Mas tem muito da memória dela. Tem muita relação dela com uma criança que teve que trabalhar na roça com os pais, com os irmãos, mas que brincou, sabe? Que sonhou. Então esse é um sonho nosso que a gente está realizando", justificou.
O processo de escrita com ajuda de paleontólogos, a busca pela editora que levasse o livro para crianças e jovens, a troca com os leitores e também um pouco mais sobre a trajetória dela como professora de Letras, atriz de teatro, vendedora de livros e irmã gêmea são temas do episódio. Biana conta até qual o "segredo de confissão" que ela teve que revelar para o Brasil durante o Big Brother Brasil.