Ceará tem vantagens em novo ecossistema de inovação, aponta Célio Fernando

Diálogo Econômico: Escolhido para liderar nova secretaria do pós pandemia do Governo do Estado indica caminhos e estratégias de desenvolvimento para o Ceará, além de elencar setores que podem impulsionar o mercado local

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br
Celio Fernando
Legenda: Célio Fernando Bezerra é o entrevistado desta semana do Diálogo Econômico
Foto: Thiago Gadelha

Além de provocar um grande impacto nas contas de países e estados, a pandemia também deverá gerar novos desafios para o desenvolvimento econômico após o fim da crise sanitária. Para tentar solucionar tais questões, o economista Célio Fernando Bezerra Melo, escolhido pelo governador Camilo Santana para liderar a Secretaria Executiva de Regionalização e modernização da Casa Civil, deverá focar a impulsão de setores ainda pouco explorados, mas sem esquecer as responsabilidades sociais. 

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Em entrevista ao Diálogo Econômico, Fernando explicou que a secretaria terá o papel de fazer articulações internas ao próprio Governo, se aproveitando das estruturas das outras pastas para impulsionar o desenvolvimento econômico do Ceará. Além disso, o novo secretário executivo do Estado terá um papel importante em "antecipar" medidas de médio e longo prazo para o presente. 

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Apesar de reconhecer que o projeto deverá demandar muito trabalho e que o Estado pode ter uma atuação reduzida caso não haja um projeto de desenvolvimento de nível nacional, Célio garante que o Ceará está se preparando para dar novas oportunidades de trabalho à população e para mitigar impactos econômicos de eventuais novas crises sanitárias. 

Confira a entrevista completa:

Como novo secretário executivo de Modernização e Inovação para o pós pandemia, qual a avaliação para a economia do Ceará neste momento e quais as perspectivas para o futuro? Devemos ter mudanças muito grandes na economia do Estado? 

Nós falamos muito da dependência do setor de serviços. Então, por exemplo, o que a gente começa a observar muito claramente é que, a partir da percepção de que alguns grupos que têm vindo para cá tratar com o Governador e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, gerida pelo Maia Júnior, é que algumas vantagens competitivas estão ficando mais ressaltadas.

E, por exemplo, nessa política, talvez uma discussão com a China possa pegar e se traduzir em investimentos industriais para o Brasil. Quando a gente aplica no Nordeste aquela lógica da esquina do Atlântico e da localização, e se favorece com um bom aeroporto, obviamente, com esses grandes lojistas, e um hub portuário você consegue chegar tanto à África como à Europa.

A gente ouve, pesa isso, simbolicamente ou diretamente. E nós estamos evoluindo no setor de tecnologia da informação e da comunicação por conta desse hub digital, com os cabos submarinos e data centers. A estrutura digital que tem no Ceará é muito interessante, com o Cinturão Digital, por exemplo.

E isso é importante, pois daqui a pouco nós poderemos ter uma interferência melhor dessa área oferecendo, tanto a professores quanto alunos, computadores como e materiais digitais e maior conexão de internet nas escolas públicas.

Isso cria um ecossistema de inovação e pode criar também jovens empreendedores. Isso aí vai criando um novo jogo. É como eu disse, novos modos de produção, novos modos de emprego, e o Ceará começa a ter uma vantagem. 

Nós ainda temos o hub de hidrogênio verde. É um processo tecnológico de separação de átomos com o qual gente viabiliza um potencial maior de  energia eólica e energia solar. Você começa a ver um novo Ceará porque, antigamente, nós falávamos muito das siderúrgicas, que é uma indústria antiga, pesada, né? Mas ajudou o Ceará, e do outro lado, a gente falava de refinaria.

Mas as pessoas não estão mais tão ligadas à refinaria que pegava o poço de petróleo e transformava em gasolina. Nós estamos falando agora de uma energia única e fotovoltaica criando hidrogênio.

Segundo o secretário Maia Júnior, talvez isso tenha o potencial de quatro, cinco refinarias. Olha que coisa. Só que não é a refinaria como a gente está acostumado no nosso mapa ambiental. Agora, é aquela que pega energia eólica ou solar e transforma em hidrogênio.

Legenda: Para o economista, é preciso "traduzir" o novo ambiente de trabalho para reduzir a extrema pobreza
Foto: Thiago Gadelha

Mas nós ainda temos um problema muito sério para o Ceará, que é é essa extrema pobreza, nós não conseguimos resolver essa questão ainda. E a pandemia só ampliou o problema. Como resolver isso? Você tem que traduzir esse novo ambiente de trabalho que vai ter que de ser construído.

A gente fala muito sobre isso com as instituições do mercado, e isso é um pedido até da própria federação das indústrias lá com o Ricardo Cavalcante (presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará - Fiec) e das pessoas que andaram pensando na plataforma de desenvolvimento industrial.

Na plataforma, se fala de uma possibilidade de, no Sertão Central, podermos viabilizar a questão da energia solar. Então, só que precisamos ter um linhão de transmissão, igual como se faz com o minério de ferro, quando pega uma ferrovia, e assim você começa a viabilizar o Sertão Central. 

O Estado que vai ter muita riqueza vindo desses recursos naturais, mas aí nós temos que pensar na pobreza. Como é que você vai transferir ou vai traduzir essa riqueza para as pessoas? Vamos ficar fazendo só novos bilionários ou vamos atingir 3,4 milhões de pessoas que precisam dessa melhoria da renda?

Então, dentro do Ceará 2050, temos uma série de direcionamentos lógicos que podem ampliar ainda mais essas estratégias.

E nós ainda estamos falando da chamada economia do mar. A gente, antigamente, vivia de costas para o mar, né? Falava até com o secretário Arthur Bruno porque ele está fazendo agora um planejamento georeferenciado da costa. Isso para que você possa colocar também esse ambiente turístico em cima disso.

O turismo é uma grande vocação do Estado, e o secretário Arialdo tem projetos para ativar isso. A costa seria toda mapeada e localizaríamos todos os empreendimentos. Não estamos mais voltados de costa para o mar. 

Temos, também, a plataforma dos minerais marinhos que deve ser anunciado ainda, só temos de ver, claro as questões ambientais, mas é isso, estamos falando de como a sustentabilidade ambiental pode andar em conjunto com o desenvolvimento.

Temos a economia criativa também e temos de fazer essa arquitetura integrada de tudo isso. Temos um manancial muito forte, que foi paralisado por conta da pandemia, mas temos uma estrutura muito maior e com uma economia da saúde muito pujante e podemos mostrar uma forte vocação para a economia da saúde com o Elmo e a questão das vacinas, por exemplo. 

Como deverá funcionar a secretaria? Haverá uma equipe própria ou o senhor deverá trabalhar em conjunto com outras pastas?

Claro, até porque você, por exemplo, quando você vai para a Saúde, você tem um trabalho e muito bem feito pelo secretário Carlos Roberto, o Cabeto, que dentro disso aí que ele construiu, óbvio que você tem que auxiliar. Vamos dar uma olhada como a saúde em desenvolvimento tecnológico. É lógico que o meu viés é de economia. Mas eu não estou perdendo a ideia do social e vou até fazer uma integração.

A visão tem uma transversalidade, ela é interconectada e a gente tem que entender as interdependências. Isso é fundamental. E, nesse ponto, quando você olha, a Saúde e o Desenvolvimento Econômico, em meio a isso, você tem uma coisa chamada distrito de inovação de saúde. E isso também está na plataforma do Ceará, que é uma plataforma cooperativa, discutida com a sociedade.

A Casa Civil, na verdade, ela é uma extensão do Governador. Cabe você dar esse apoio e obviamente com a Secretaria Executiva conversar com o chefe da Casa Civil que faz a interlocução sobre esse caminho para o Estado.

E quando a gente fala de integração ou população, a gente compreende em primeiro lugar que há um diagnóstico no estado do Ceará e que isso ajuda muito, diferente de muitos outros estados, que aqui foi pioneiro em muita coisa importante, como foi a primeira reforma da previdência em 2018, já com a capitalização sendo construída e sendimentada em 2019, com a previdência complementar.

Tivemos uma visão de não gerar mais despesas para o governo e de gerir a riqueza do Estado, que é feita pela Secretaria da Fazenda, tendo o governo como acionistas dessas empresas estatais, mas com apoio de investimentos também.

Recentemente, o governador lançou o Ceará Credi, que procura os mais vulneráveis e dá a vara de pescar para elas poderem construir frutos, buscando formas de capacitar em primeiro lugar essas pessoas. Isso já é uma construção de atender melhor os mais vulneráveis.  
 
Você tem a plataforma de desenvolvimento econômico em que o Estado procura apoiar o ambiente de negócios porque quem deve ser protagonista são as empresas e os setores da economia.

Legenda: Célio garante que o Ceará está se preparando para dar novas oportunidades de trabalho à população e para mitigar impactos econômicos de eventuais novas crises sanitárias
Foto: Thiago Gadelha

O Estado deve ajudar que isso prospere. E do outro lado, pelo desenvolvimento social, a gente também deve apoiar. Então temos de encontrar mecanismos para antecipar o que foi planejado para o futuro. Colocar a valor presente o que é de valor futuro. Enquanto muitos estados começam a pensar no futuro, o Ceará já pensa nisso há anos.  

Esses são planos que o Governador tem e entende como importante. A Casa Civil nada mais é do que esse caminho de articulação integração para priorizações que o Governador está dando.

Qual será o papel do Governo do Estado em relação ao funcionamento da economia nesse pós pandemia?

Nós passamos por uma primeira onda, mas com a segunda foi muito mais difícil, e o secretário de Saúde, o Cabeto, foi um grande líder desse processo todo. Às vezes, a gente acha que você tem um “super secretário”, mas não, é uma pessoa humana que conseguiu dialogar e entender, junto com o Governador, a sociedade, procurando em universidades e junto às organizações  internacionais o entendimento do que tava acontecendo.

Então, o que é mais importante é que houve uma governança com a sociedade cooperando também. Mas deverá ter um ritmo de passagem porque você não pode eternamente estar sob decretos.

Óbvio que você vai chegar em um momento de autorregulação onde o decreto vai definir muito mais indicadores para que a que as comunidades e a sociedade possa pegar e ter a disciplina.

Antes, nós não tínhamos, agora nós temos um (entendimento melhor da crise). E não cabe, por exemplo, ao Estado ditar como deve ser feito as coisas. Ele procurou liderar em conjunto com a sociedade. Nós, da secretaria de modernização, temos a visão estadista do governador Camilo, e vamos olhar para o médio e  longo prazo.

Qual a importância da participação da classe empresarial para o planejamento das estratégias ou ações que teremos no futuro no pós pandemia? O senhor tem conversado com as entidades representativas no Estado? 

Olha, com certeza é importante. Mas o meu trabalho é mais interno, junto à secretaria. Se as secretarias já têm uma interlocução junto ao empresariado, a gente apoia. Obviamente que sob a tutela do governador você vai nessa representação para que a gente afirme essas articulações.

Vamos dizer assim, o mais importante é que as secretarias estão bem, aparelhadas e organizadas para dotar essa condição nesse sentido, mas o Governador, com cada secretário de Estado, vai determinar suas prioridades em como devem ter essas interlocuções.

A convivência é importante para que a gente possa falar de autorregulação, para falar desse novo ambiente digital e fazer as pessoas entrarem nesse modelo, entendendo que existem novos modos de empreender, novos modelos de negócio e você sabe que existem novas ferramentas. E as pessoas têm que ser capacitadas pelos nossos treinamentos.

Eu acho que é muito isso, mas não é ditando, não é dizendo: "ó, vai ser assim". É conversando e tentando criar esse modelo com uma energia que é da cooperação entre Estado, mercado e academia. Academia com muita pesquisa e desenvolvimento, porque não, não há solução sem pesquisa.

Legenda: Novo secretário terá um papel importante em "antecipar" medidas de médio e longo prazo para o presente
Foto: Thiago Gadelha

E o Estado segue com o foco de, no curto prazo, gerar empregos. Eu acho que o agronegócio, embora pequeno, em termos de Estado, é algo que pode propiciar segurança alimentar, coisa que nós não temos ainda. Então, a gente pode evoluir para algo nesse sentido.

A construção civil pelos potenciais habitacionais que ainda tem, principalmente para populações de baixa renda. Algumas regiões nem sequer têm esgotamento sanitário. E você tem um estado muito grande.

Também têm segmentos importantes de serviço onde evoluir, assim como a educação. A educação é chave tudo isso. Se a gente conseguir evoluir e atingir as populações também, podemos convertê-los para uma atividade produtiva. Porque não existem empregos, né? Existem postos de trabalho, uma visão de empreendedorismo.

Então, precisamos encontrar essas novas fórmulas. Os serviços são importantes, mas nós temos que crescer nessa tecnologia e numa indústria com maior internacionalização, uma indústria que tenha maior força do ponto de vista de puxar a economia como um todo.

É assim que aconteceu na Coreia (do Sul), é assim que aconteceu em outros países. Então, hoje você ainda tem também uma economia que é pequena na agricultura e a pequena na indústria. A gente pode evoluir mais nessas atividades e é importante.  Tudo se comunica.

E como deverá ser a participação do Estado nesses novos setores da economia? Como deve ser as estratégias de geração de empregos no futuro? 

Discutir essas novas economias, para conseguir gerar empregos nesse pós pandemia é importante, seja isso, de fato, empregos, ou um novo empreendedor, um microempreendedor.

Porque isso gera um trânsito até de pessoas que estão em vulnerabilidade e tentando dar um trânsito para elas poderem vender algo. Ou até produzir algo, gerando uma nova forma de renda e depois saindo dessa situação.

Vamos entender que nós temos que ter novos postos de trabalho, a geração de emprego e renda é fundamental e crítica, mas provavelmente a competição, a produtividade, possa criar um desemprego estrutural, e tudo isso foi sendo substituindo pela essa nova economia.

Sobre esse planejamento a longo prazo, envolvendo novos setores, o Ceará consegue estimular essas iniciativas estando desassociado do Governo Federal? Seria preciso pensar em um plano nacional para indicar esse crescimento também?

O que o Brasil mais peca é não ter o seu plano de desenvolvimento que seja nacional. A gente começa a construir vários fragmentos, lança vários marcos regulatórios e várias coisas, mas de forma fragmentada, mas poderíamos ter um conjunto um pouquinho mais sistêmico.

E esse plano nacional, me parece que fica prejudicado, ele pode estar até pronto, mas não houve uma cabeça, talvez até pela liderança que nós temos, uma cabeça que pudesse reunir essas várias ações que o Brasil precisa.

O problema do Governo Federal e as unidades da Federação é relacionado à questão estrutural tributária. E isso vem desde a constituição de 1988. A gente tem que compreender que arrecadação e as transferências nunca foram precisas.

Agora, mantidas as próprias regras de desenvolvimento, e se não houver uma mudança forte do planejamento Federal, o estado do Ceará consegue, sim, ter uma autonomia em casa. O Governador do Estado tem junto às secretarias um papel importante que é conseguir construir a natureza tecnológica do Ceará.

A gente tinha uma precariedade de tantas coisas, que, de repente, a medida que você tem evoluções com a tecnologia, é mais fácil de ter adaptações da economia no Estado. O nosso ambiente de negócios tem sido melhor. Agora, claro que tem de melhorar mais ainda.

Se a gente, por exemplo, evoluir o estado plataforma, pela desburocratização, entendendo que isso vai melhorar a atividade produtiva, que é o papel do Estado, temos um impulso na geração de emprego e renda. Então, temos um caminho sim.

Temos iniciativas na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, na Secretaria de Planejamento, e com a Empresa de Tecnologia da Informação do Estado (Etice), que conseguiram dar um avanço muito grande ao ponto de vista digital.

Tudo isso vai alterando a situação do ambiente de negócios. Isso pode estabelecer novos caminhos para a atração de investimentos. Mas é importante termos um plano nacional, sim. 

Qual a importância de ter um projeto de renda básica universal durante o processo de retomada do pós pandemia? O Estado deve criar novas programas de apoio no futuro?

Isso aí eu acho que está dentro de qualquer lógica, até do liberalismo. O que você precisa construir são formas para que as pessoas possam ter dignidade para o trabalho e saírem dessa situação de pobreza, porque ninguém gosta de pedir nada a ninguém.

Qualquer pessoa que tiver dignidade, ela quer ter a sua liberdade, quer ter a sua força de trabalho e quer sustentar seus filhos. Ela não quer estar pedindo, ela não quer roubar, ela não quer fazer nada disso. Então, você tem que tratar esse desenvolvimento social junto com o desenvolvimento econômico.

Eu sei que tudo tem que ser avaliado, e temos de saber qual é a capacidade do Estado. O que é importante é o seguinte: ninguém pode morrer de fome. Agora, aquilo que for um pouco a mais, tem que se pensar, porque você pode criar um presente para gerações. Eu acho que a resposta final é o seguinte:

Temos que ter uma renda básica para as pessoas em situação de vulnerabilidades, mas não só isso, a gente tem que trabalhar essa renda básica, mas também com programas de trabalho que criem transformação pras pessoas.

As pessoas querem, principalmente, dignidade. As pessoas não querem um assistencialismo, as pessoas não querem mendigar. As pessoas têm também o seu caráter. 

Especialistas em saúde apontam que as pandemias podem ser mais frequentes no futuro. Como o Estado tem se preparado para mitigar impactos econômicos de possíveis novas crises como a do novo coronavírus? 

Isso passa obviamente pelas preocupações do Governo do Estado. Vamos fazer uma analogia: quando você está melhor, estruturalmente, fazendo exercício, você tem um estado mais estruturado e progressivo. Se você faz exercício físico e você se alimenta bem, isso já é melhor.

Você estando mais forte e melhor estruturado, você aguenta melhor as crises. A segunda parte é o estado preventivo, é aquele que dá a vacina. Antes mesmo das epidemias, a gente tem as imunizações. Como ocorreu para tuberculose, exemplo.

Já um estado curativo é o mais caro. Ele é dez vezes mais caro do que qualquer um dos outros. Hoje, a gente vai ter uma progressão disso que é quando tem que fazer mais é o ato de remediar. Tem que comprar o remédio, o equipamento e leitos de UTI, estruturalmente não estava preparado para isso.

Mas à medida que der trabalho para o povo, as pessoas consigam aplicar as medidas que temos na plataforma de desenvolvimento, melhor é para a economia e para a saúde, além da situação, também, da educação, e também da segurança pública.

Naturalmente, a gente quer estar preparado para o caso de uma nova crise sanitária e é isso que vamos fazer.

Colaborou Nathally Kimberly

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