Sábado, 23, em Tauá, na região dos Inhamuns, no Oeste do Ceará, a Federação da Agricultura e Pecuária (Faec) reunirá três dos maios especialistas brasileiros no estudo do clima.
São eles: Luiz Carlos Molion, meteorologista, pesquisador e professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas; Ronaldo Coutinho, meteorologista, fundador da empresa de previsão meteorológica Climaterra e do Canal do Tempo; e Antoniane Arantes, engenheiro agrícola e especialista em análise de dados climáticos, responsável pelo boletim de hidrometeorologia do Estado de São Paulo (CATI-SAA/SP).
Qual será o objetivo desse encontro científico? Responde o presidente da Faec, Amílcar Silveira:
“Nosso objetivo será o de transmitir ao produtor rural cearense as informações que o orientem na hora de tomar a decisão de plantar a safra do próximo ano. Ou de não a plantar, se for de baixa pluviometria a previsão desse trio de especialistas. Nosso desejo é o de levar a boa informação a quem trabalha e produz no campo.”
E por que a Funceme, principal organismo do Ceará no monitoramento do clima, não terá um dos seus especialistas presentes a esse encontro? – é a óbvia e natural pergunta que surge. Amílcar Silveira tem pronta a resposta:
“Para a Faec, é necessário ouvir, também, como fizemos no ano passado, outras fontes igualmente acreditadas no universo dos que estudam o clima e seus fenômenos no nosso país. Para nós, a Funceme continua sendo a grande instituição científica de que não pode abrir mão o setor produtivo cearense. Ela já divulgou sua previsão para o período Dezembro-Janeiro-Fevereiro, a qual indicou uma possibilidade maior de chuva abaixo da média. A ideia de convocar especialistas de outros estados – que também monitoram o clima – é de confrontar as opiniões, uma vez que o produtor – de grande, médio ou pequeno porte – precisa de estar bem-informado para decidir se investe ou não no cultivo da safra de 2025.”
Amílcar Silveira, recordou o acontecido no início deste ano – quando alguns agricultores, apostando na previsão da Funceme de que haveria uma estação de chuvas com mais probabilidade para abaixo da média histórica, reduziram não só o investimento, mas também a área plantada, e o que aconteceu foi o contrário: choveu acima da média.
Grandes agricultores disseram à coluna, na época, que tiveram prejuízos, pois reduziram a área cultivada, colhendo uma safra 50% menor, como foi o caso de Raimundo Delfino Filho em sua fazenda Flor da Serra, onde ele produz soja e algodão.
Entre empresários do agro cearense, colhe-se a opinião de que a ideia da Faec – de ouvir outras opiniões sobre o mesmo tema – é correta, mas observam, porém, que a Funceme opera em estreita ligação com os maiores centros mundiais de monitoramento do clima. E não só isso: ela é muito bem dirigida pelo engenheiro Eduardo Sávio Martins, um profissional muito respeitado por toda a comunidade científica brasileira ligada à climatologia. E mais: o quadro técnico da Funceme é de alta qualidade.
“Acontece que as previsões sobre o clima estão sempre a mudar pela ação própria da natureza. O que mostram nesta semana as fotos da rede de satélites meteorológicos pode ser bem diferente na próxima semana. A temperatura dos oceanos muda, assim como mudam a direção dos ventos e as correntes marítimas, que são quentes durante um período e frias noutro período, e tudo isso é causador dos fenômenos da natureza – a seca e a chuva incluídos”, como explicou um engenheiro e empresário do agro, que pede o anonimato.
Em resumo, para que não pairem dúvidas ou mal-entendidos:
1) A Funceme é a melhor fonte de referência sobre o clima no Ceará; 2) A Faec, que detém a liderança política da agropecuária do estado, peleja para oferecer ao seu público – a comunidade dos produtores rurais de todos os portes – a melhor notícia sobre se haverá em 2025 uma boa estação de chuvas que garanta o retorno do investimento do agricultor.
Colhe-se deste comentário a certeza de que a agricultura e a pecuária do Ceará estão hoje em patamar bem diferente do que estava há 20 anos. O uso da tecnologia mudou o cenário no campo, razão por que o agropecuarista se tornou mais exigente em relação à performance de quem monitora o clima.
E isto é bom as duas partes – o agro e a Funceme.
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