O que é ficante? Entenda o significado e veja como essa relação mudou com o tempo
Termo acabou mudando sob os olhares das novas gerações
Encontros sem "compromisso", conversas despretensiosas ou, em outro caminho, relações que até parecem sérias, mas tem como código um envolvimento não-oficial. É assim, geralmente, com os "ficantes", palavra usada em diversos estados brasileiros para definir interações amorosas como essas citadas. Mas, assim como muitas outras coisas, elas também mudaram com o passar dos anos.
O que significa 'ficante'?
"Geralmente, o ficante surge quando alguém diz ali que não quer nada tão sério", aponta a psicóloga Carliane Mendes sobre como alguns desses relacionamentos podem começar.
Em outros casos, por exemplo, pode haver uma conversa entre os envolvidos para definir quais as "regras" da relação, mas a essência, geralmente, significa algo sem tanto compromisso. "Vai parecer um pouco irônico, engraçado ou demodé, mas a melhor forma de fazer essa diferenciação é com o diálogo e com a própria manifestação sincera do outro", ainda relata Carliane.
Nesse caminho, algumas outras expressões também foram surgindo para definir. Veja algumas abaixo.
Veja quais são os tipos de ficantes
Conversante
Essa categoria é, normalmente, relacionada aos ficantes com quem se troca apenas mensagens, quase uma etapa inicial desse tipo de relacionamento. "É quase uma relação que está sempre ali, mas que não evolui, que não cria raízes, que não dá um próximo passo", diz a psicóloga.
Ficante premium
Já este ficante sobe um degrau de investimento. Ele é, na maioria dos casos, a pessoa na qual mais se investe ou se deseja transformar em algo mais sério.
Ficante comfort
O 'comfort' também está uma categoria acima dos ficantes comuns, mas, apesar disso, ainda não se trata do mais importante em uma "cartela" de contatos, por exemplo.
Ficante limited edition
Nas redes sociais, é possível ver que os jovens usam essa definição para retratar ficantes mais especiais, que podem ter gerado encontros especiais, mesmo sem tanta frequência.
Ficante versão remixada
Essa é uma definição mais divertida, usada pelos jovens para descrever a pessoa que aparece e some repentinamente, mas sempre volta diferente, declarando a própria mudança, disposto a investir em um namoro. No entanto, na maior parte das vezes, acaba não resultando em nada significativo.
Quando a pessoa é considerada ficante?
Para a psicóloga Carliane Mendes, todos esses cenários podem ser considerados para definir quando se tem ou se é um ficante. A conversa será essencial para entender os papéis.
"Falar sobre os sentimentos é como criar raízes em uma relação. Então, para você diferenciar uma relação mais séria de um namorado, de um ficante, precisa ser conversado, obviamente", explica a profissional.
Vale ressaltar também a necessidade de entender como caber nessa relação e analisar quando ela é mais positiva ou negativa. Além disso, saber também se a intenção é realmente transformá-la em um namoro se torna outro fator essencial.
"Alguns sinais sempre são vistos, mas a gente que ignora. Então, o quanto o outro quer estar presente, o quanto o outro se faz visto todos os dias, o quanto o outro quer saber de você, aquele clichê de quem ama cuida, quem ama estar presente, é um clichê real", continua Carliane.
Saiba como terminar com ficante
Segundo Carliane, a situação "vai depender da subjetividade de cada um". "Existem pessoas que precisam nomear, de dizer: 'olha, a gente vai parar por aqui porque não faz mais sentido'. E existem pessoas que simplesmente somem, né?", argumenta a psicóloga.
Para ela, cada pessoa escolhe como lidar diante da situação, seja para aceitar o sumiço ou buscar uma conversa mais profunda sobre o tema.
"O que eu sempre peço para os meus pacientes é para analisarem o que faz sentido, o que vai fazer bem para eles. Mas óbvio, considerando os prós e os contras de cada decisão. Se é importante para minha pessoa mandar uma mensagem para encerrar aquele ciclo, eu vou mandar. Até sabendo que mesmo assim eu posso não ter um retorno ou meu ele pode ser frustrante", expõe.
Qual a diferença entre ficante e namorado?
A psicóloga responde: "Então, se eu fosse botar um passo a passo, eu colocaria diálogos sinceros e profundos, presença das duas partes, é, manifestação de desejo genuíno de estar junto e, é, a sinceridade em ser você dentro dessa relação".
Não precisa necessariamente dizer eu quero namorar com você ou você quer namorar comigo, mas quando os diálogos são profundos de queremos fazer dar certo, isso é algo sério, se é algo importante, já se denota que a relação ganhou um outro nível.
Diferença entre crush e ficante
Os limites entre as definições dos dois termos já foram citadas diversas vezes nas redes sociais. No fim das contas, jovens apontam que a linha de definição é bem tênue, mas as diferenças estão na intenção. Um crush diz mais sobre um interesse, alguém para quem há apenas um olhar, enquanto um ficante é alguém com quem já houve uma interação romântica mais direta.
Como saber se o ficante vai virar namorado?
Segundo Carliane Mendes, esses "rótulos" foram perdendo um pouco do sentido com o passar do tempo. "Atualmente, estão se perdendo muitas coisas dos tempos mais antigos. Então, por exemplo, não se pede mais em namoro, não existem algumas trocas mais românticas que existiam antigamente, e tudo bem. As coisas vão mudando mesmo, mas uma coisa que não deveria mudar quando a gente fala do campo de sentimentos, do campo de relacionamentos, é o falar sobre os sentimentos", reforça.
Ela aconselha que é importante entender o real objetivo da relação e, acima de tudo, confirmar as expectativas com a outra parte.
Sinais de alerta se você só mantém pessoas como ficante
Por fim, a psicóloga diz ser necessário se analisar a todo momento. "Como eu tava dizendo, é muito importante a gente olhar primeiro para nossa forma de se relacionar com a gente", diz.
"O quanto eu sou uma pessoa que eu gosto de ter relações mais profundas, o quanto eu consigo falar sobre sentimentos difíceis, o quanto eu consigo me mostrar, ser autêntico, genuíno, independente do que o outro vai pensar, o quanto eu consigo expor os meus sentimentos, independente do outro aceitar esses sentimentos ou não", continua.
A carência e o medo, inclusive, entram no mesmo quesito. "Sinais de alerta que podem ser identificados é o quanto medo me consome na hora de me relacionar, o quanto o medo me impede de entender e aceitar que eu mereço mais, que eu mereço algo melhor, mas eu tenho tanto medo de ficar sem aquela migalha que eu não consigo entender que eu mereço mais", finaliza ela.
O importante, conclui o discurso da psicóloga, é entender que a comunicação pode ser a chave para definir as relações e evitar o sofrimento quando é possível.