Ilha do Marajó: famosos pedem ajuda no combate à exploração de crianças na região; entenda
Maioria dos municípios que formam o arquipélago possui uma situação socioeconômica precária
Após a cantora gospel paraense Aymeê lançar a música "Evangelho de Fariseus", citando o Arquipélago de Marajó (PA), também conhecido como Ilha do Marajó, famosos passaram a evidenciar, nesta semana, os casos de violação dos direitos humanos comuns na região, como a exploração e a violação sexual de crianças e adolescentes.
Nas publicações, nomes como Rafa Kalimann, Thaila Ayala, Gkay, Luisa Sonza, Ludmilla, Gabi Martins, MC Daniel cobram autoridades locais sobre o combate aos casos de exploração sexual de menores de idade.
Dilacerada, porém, infelizmente não surpresa. Já ouvi falar de 'algumas' 'Marajós' por esse Brasil. [...] Desespero por Marajó, por essas mães, filhos, vítimas dessa política podre do nosso país."
"Cabe a nós 'exigir', apontar o dedo e dar voz para essas denúncias tão sérias. Algo precisa ser feito agora", disse a ex-BBB Rafa Kalimann.
As postagens de outros artistas seguem um formato parecido, cobrando autoridades sobre o combate a crimes na região, mas sem detalhar um caso ou dados oficiais.
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O que está acontecendo na Ilha do Marajó?
Relatos sobre a exploração sexual de menores e a violência sexual contra crianças e adolescentes na região são antigos. Há anos a imprensa nacional relata a situação.
Em uma reportagem de 2019, a Agência Pública abordou o assunto ao entrevistar a Irmã Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante — freira considerada referência no combate à exploração e à violência sexual de crianças e adolescentes no Pará. Na ocasião, ela contou que ouviu vítimas relatarem serem exploradas sexualmente desde os 5 anos em troca de alimentos e dinheiro.
"As nossas crianças sobem naquelas balsas e muitas descem com pequenos objetos, às vezes com pequenos alimentos, um litro de óleo diesel, em troca da exploração do seu corpo. Conversei bastante com as duas meninas que foram encontradas nessa balsa. A de 18 disse que desde os 5 anos de idade era explorada sexualmente em troca de comida. Hoje ela diz que é ‘prostituta da balsa’ e que seu sonho é casar com um gaúcho pra sair da miséria. A menina de 9 anos disse que subia desde que se entendia por gente, pra ganhar comida”, detalhou, na época, ao veículo.
As embarcações que atravessam o arquipélago muitas vezes são de vários locais do País, então, segundo a publicação, passam pelas águas do Marajó pessoas de todas as regiões do Brasil.
Formado por um conjunto de pequenas ilhas, a maioria dos municípios do Marajó possui uma situação socioeconômica precária, já que 14 das 16 localidades da região estão na lista dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do País, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil (com informações dos Censos de 1991, 2000 e 2010).