Projeto social garante o transporte de 250 pessoas de baixa renda para receber vacina contra Covid
Projeto Olhando pra Frente, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa) e a Uber, atende moradores do Jangurussu; beneficiários relatam importância da ação para o recebimento da primeira dose
Buscando garantir o transporte até o local de vacinação contra Covid-19 para pessoas de baixa renda, o Coletivo Olhando pra Frente, em parceria com a Central Única das Favelas e a empresa Uber, já possibilitou o transporte gratuito de 250 moradores do Jangurussu entre o início de março deste ano até a última sexta-feira (23).
Segundo o presidente do Coletivo, Jardel Silvestre, a Cufa disponibiliza um cupom de 60 reais a fim de garantir o transporte de ida e volta dos moradores. Já o projeto social fica responsável por fazer a seleção das pessoas que mais precisam da iniciativa.
Como estão presentes no bairro de forma ativa e já realizaram ações como o cadastramento da vacina contra Covid-19 e a distribuição de cestas básicas e cartões-alimentação, conhecem a realidade socioeconômica das famílias do Jangurussu.
Nesse momento da pandemia, que a gente está desempregado e não tem nem 1 real para pagar passagem, o projeto foi uma benção na nossa vida. Sem não fosse isso, hoje eu ia estar sem a vacina.
A moradora do Jangurussu, que recebeu a 1ª dose da vacina contra Covid-19 no fim do mês passado, aponta que o transporte foi essencial para garantir a primeira etapa em busca da imunização em um posto próximo do Terminal Lagoa, no bairro Parangaba.
“Eu não ia ter dinheiro para o ônibus, porque a gente passa necessidade, e entre a passagem e o pão das crianças, vou escolher o pão das crianças”, relata com honestidade.
Agora, comemora não só ter recebido a primeira dose, como não ter sentido nenhuma reação. Ansiosa para garantir a segurança e a saúde de seu filho Miguel ngelo, 20 anos, jovem com deficiência cognitiva, sente que a vacina trouxe alívio ao seu lar.
Transporte para pai e filha
Já na família da dona de casa Ana Cristiane Pereira, 27 anos, a iniciativa do transporte de aplicativo foi essencial para garantir a sua vacinação e a de seu pai, Sandro Valecio, 47 anos.
Enquanto Sandro foi imunizado no fim de junho, Ana recebeu a primeira dose no início deste mês. Moradores do Jangurussu, os locais de vacinação do pai e filha foram respectivamente no Centro de Eventos do Ceará (CEC) e na região da Paupina.
Apesar de ser mais próximo para Ana, o deslocamento de ônibus ficava muito “na contra-mão”. Por isso, percebe como essencial o auxílio transporte por meio do uber.
Eu acho que é uma importância muito grande porque tem muita gente da favela que não tem possibilidade de estar pagando Uber ou ônibus. A maior parte das vacinas é longe, aí esse projeto faz com que muitas pessoas não percam a vacina.
A 1ª dose da AstraZeneca foi recebida, então, com grande alívio por parte da dona de casa. Apesar de ninguém da sua família ter se contaminado em decorrência da Covid-19, Ana estava muito ansiosa para ser contemplada com o imunizante.
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Relevância do projeto
Responsável por acompanhar famílias em situação de vulnerabilidade no bairro Jangurussu, Jardel notou a urgência de garantir o transporte gratuito dos moradores até o local de imunização contra Covid-19.
Após garantir comida no prato em meio ao lockdown no Ceará, ajudar no processo de cadastro para receber a vacina contra a Covid-19 e até mesmo acompanhar o agendamento, ver a população imunizada é o último passo dessa luta.
Mas a gente percebia que muitas pessoas vinham perdendo a vacina porque não conseguiam ir para os postos de saúde mais longe, como Centro de Eventos, Arena Castelão. Então, para nós foi muito importante ajudar nosso povo a se vacinar.
Por isso, após a Cufa realizar uma parceria com a Uber e convidar o Coletivo para ajudar nessa iniciativa, Jardel logo aceitou a proposta. “Quando a Cufa convidou projetos sociais que já vinham atuando na pandemia, a gente pensou ‘vamos concluir nossa tarefa’”, finaliza.