‘Recomeço’: jornalista que descobriu câncer após toque de gata celebra cura
O diagnóstico da cearense veio em março deste ano, de uma maneira incomum.
“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”, publicou a jornalista Elayne Costa, 38, citando Rubem Alves. Nesta terça-feira (23), a profissional recebeu a resposta que esperou desde o início do ano: está curada do câncer. Depois de um processo longo de tratamento, Elayne celebrará de uma forma especial, na próxima sexta-feira (26), seu aniversário e as borboletas da vida.
O diagnóstico da cearense veio em março deste ano, de uma maneira incomum, fazendo com que o caso virasse notícia. Em um domingo à noite, enquanto via televisão, Elayne foi tocada no peito por sua gatinha Clarisse. O animal fazia movimentos conhecidos popularmente de "amassar pãozinho".
“Ela amassou o pãozinho em mim, na minha mama direita, eu senti o incômodo, o caroço [...] na terça-feira pela manhã, eu já estava no mastologista e ele passou os exames. A princípio, falou que não era nada, que eu não precisava me preocupar. Mas eu sempre fui muito assustada com essa questão de câncer de mama [...] eu não ignorei os sinais do meu corpo”, contou a jornalista ao Diário do Nordeste.
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Foi quando Elayne mudou de mastologista. Com a médica Paula Valente, ela vez um novo exame, chamado core biopsy. A biópsia do material que tinha em sua mama direita confirmou o câncer. O resultado deixou Elayne em choque, já que não tinha histórico na família.
“Existem quatro tipos de câncer de mama, o meu é o mais agressivo e o que se espalha mais rápido, é um sub-tipo chamado triplo negativo. “Quando eu recebi o diagnóstico foi um choque. Assim, eu não tenho 40 anos ainda, eu tenho 38 anos, então ainda ia demorar dois anos para fazer mamografia”, contou a cearense.
Ela complementou: “Eu estava vindo num ritmo de vida muito saudável, estava correndo, estava participando de provas, estava fazendo assessoria de corrida, eu me sentia bem. O diagnóstico foi uma tirada de chão para mim, para minha família, foi um susto muito grande. A partir disso, a gente começou o tratamento”.
TRATAMENTO DIFÍCIL
No dia 14 de maio, Elayne passou por sua primeira quimioterapia. Ela foi submetida a quimioterapia neoadjuvante, receitada antes do paciente passar por um procedimento cirúrgico. Ao todo, foram 16 sessões, que encerraram no dia 7 de outubro.
“Durante esse período tive muitas intercorrências, a quimioterapia é um tratamento extremamente agressivo para o corpo, para mente. Tive água no joelho, o meu pé direito parou de funcionar, tive diarreia crônica, fiquei internada porque a comunidade baixou”, compartilhou Elayne.
Nesse período, a jornalista conta que o acompanhamento psicológico foi fundamental. Há alguns anos já realizava terapia com a mesma psicóloga, mas intensificou os atendimentos durante o tratamento.
“A cada semana aparecia alguma coisa, a cada semana a gente lutava mais. Tiveram momentos em que eu quis desistir, em que eu falei ‘não aguento mais’, mas a minha fé não me deixou desistir, nem a minha família, nem os meus amigos”, disse a profissional.
ABANDONO DURANTE A DOR
No meio da dor física e mental, apesar de receber o apoio de familiares e amigos, o relacionamento de anos que a jornalista havia construído acabou. Elayne tinha agora, também, a dor do coração. Lutava por sua saúde enquanto passava por esse luto.
“Eu terminei o meu relacionamento, o relacionamento que eu tinha de quatro anos, eu sofri esse abandono durante o tratamento, na terceira semana de tratamento. Existe uma estatística enorme de mulheres que são abandonadas por seus parceiros ou parceiras, durante o tratamento eu entrei para a estatística, eu fui uma dessas pessoas”, conta a jornalista.
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Ganharam destaque nacional recentemente o caso da cantora Preta Gil, traída pelo marido enquanto estava em tratamento contra o câncer, e da cantora Simony, que enfrentou um câncer no intestino em 2022/2023 e terminou o noivado com o cantor Felipe Rodriguez, após 4 anos de relacionamento.
FIM DA QUIMIOTERAPIA E CURA
No dia 7 de outubro, Elayne tocou o sino, finalizou as quimioterapias, um momento de muita emoção para sua família e amigos. Todos ficaram felizes pelo fim do que, para ela, foi o mais difícil no tratamento.
“No dia 11 de dezembro, eu me operei. Operei as duas mamas. Tive esse intervalo do dia 7 de outubro a 11 de dezembro. Era para ter operado a mama no dia 30 de outubro, mas descobri um coágulo dentro do coração”, contou a profissional.
Com a descoberta, Elayne precisou tratar o coágulo antes, pois corria o risco de, durante a cirurgia, o coração não aguentar, parar de fato.
“Precisei tratar esse coração antes da cirurgia. Teve mais essa intercorrência, mas eu me operei no dia 11 de dezembro. Fiz uma mastectomia bilateral radical, ou seja, eu tirei as duas mamas, a mama que estava doente e a mama sadia, por prevenção”, compartilhou Elayne.
ANIVERSÁRIO DE VIDA NOVA
“Eu estou curada com a graça de Deus, estou muito feliz, assim, é véspera de Natal, o meu aniversário agora é dia 26 de dezembro, então é um novo ciclo para mim, é um novo recomeço de vida, de saúde, vai ter um significado muito mais especial”, conta a cearense.
Clarisse também está bem, segundo a tutora, “ela é muito querida por todo mundo, depois disso então muito mais”.
“A mensagem que deixo para as mulheres é que elas não tenham medo de se tratar, de enfrentar. Durante o tratamento vi muitas histórias de mulheres que já sentiam nódulo há anos, mas tinham medo de se tratar, de procurar”, aconselha Elayne.