Jornalista cearense descobre câncer de mama após toque de gata e celebra fim de quimioterapia
Elayne Costa encerrou primeira fase do tratamento e passará por cirurgia para retirada das mamas.
Um momento comum, já corriqueiro com a própria gatinha em casa, se tornou uma grande transformação na vida da jornalista Elayne Costa, de 38 anos, que descobriu um câncer de mama há cerca de sete meses, em março deste ano. O toque carinhoso do animal em um dos seios, conhecido dos bichanos como "amassar pãozinho", é lembrado por ela até hoje como algo importante na busca pelo tratamento da doença.
No início da última semana, Elayne celebrou o 16º ciclo de quimioterapia, com o que segundo ela representou "cinco meses de muita luta física e emocional", mas também de muita surpresa e determinação. "Foi assim um choque, né? Ninguém esperava", disse ela sobre o diagnóstico, em entrevista à Verdinha FM.
Segundo Elayne, tudo começou naquele momento, quando a gatinha Clarisse fazia o ritual de todas as noites, "amassando pãozinho" nela, fosse na barriga ou no peito. Foi nessa hora que ela sentiu um incômodo na mama direita, com a presença de um pequeno caroço.
"Isso era no domingo, mas na terça-feira eu já fui ao mastologista. Ele disse que não era nada, que eu não precisava me preocupar, que era um cisto líquido, mas que eu fizesse uma punção", contou a jornalista, alertando para o fato de que se houvesse um descuido nesse momento a história poderia ter sido outra.
Já com um diagnóstico de suspeita para neoplasia, Elayne procurou o médico novamente, que também demonstrou susto diante da notícia. Uma mudança de mastologista e uma nova biópsia depois, a jornalista recebeu a confirmação de um câncer mama em estágio 3. A partir daí, muito da vida mudou.
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Apesar da dificuldade, ela relata, tudo foi descoberto ainda no início, o que fez diferença no tratamento. "Existem quatro tipos de câncer de mama. Dos quatro, o meu é o mais agressivo de todos, que é um que se chama triplo negativo, que não é um tumor hormonal. Então, ele é extremamente agressivo, cresce muito rápido, se espalha muito rápido e tem uma reincidência muito alta", explicou.
Tratamento difícil, mas necessário
A realidade do tratamento, diante de uma descoberta precoce, ganhou novos contornos, obviamente. Ainda assim, Elayne também conta como foi difícil passar por ele, ainda que tivesse a força da família, de amigos e da fé que mantém.
"Sonho com a cura do câncer, mas antes disso eu sonho com outro tratamento que não seja a quimioterapia", pontua. "Durante esses cinco meses eu tive muitas intercorrências, né? Tive internação, tive água no joelho duas vezes, meu pé direito parou de funcionar, tive dor de barriga, tive muitas coisas", continuou. Além disso, ela também viu os cabelos caírem e perdeu os fios da sobrancelha.
Segundo Elayne, foram muitos "altos e baixos", mas os mais próximos não "a deixaram desistir". "É tudo muito cansativo, mexe muito com tudo, tudo. Então, eu tenho um apoio psicológico, sempre tive". Um dos conselhos, ela reforça, é a necessidade de terapia durante o processo, já que ele exige um mental fortificado diante das adversidades.
Agora, com o fim da quimioterapia, ela segue para outra etapa, com uma cirurgia importante em vista para seguir em um processo de busca pela cura. "Vai ser uma cirurgia também muito agressiva, a qual eu vou tirar as duas mamas, a doente e a sadia", conta. A mama sem tumor será retirada como uma forma de prevenção, já que a jornalista é jovem e o nódulo encontrado foi apontado como um triplo negativo.
"Eu estou preparada, sem dúvida. Acho que o mais importante é ter saúde, é estar saudável, depois colocar as próteses e vamos viver", celebra.
Importância do diagnóstico precoce
Para Elayne, a mensagem é bem clara: a necessidade de cuidar da saúde e permanecer atento aos sinais do corpo é algo do qual não se deve fugir.
"É importante que as mulheres façam o exame do toque, mas não só isso. Quem estiver abaixo de 40 anos, faça ultrassom. O Ministério da Saúde também liberou as mulheres fazerem a mamografia a partir dos 40. Façam mesmo porque nesse meio também eu descobri muitas mulheres que têm medo", ressalta.
Dados recentes do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que o Brasil deve registrar 73.610 casos de câncer de mama em 2025. O Outubro Rosa, inclusive, é usado como o mês de conscientização para a doença, que acomete mulheres em maioria, mas também possui casos em homens, e requer atenção para a importância do diagnóstico precoce.