Dieta carnívora: especialista alerta sobre riscos e cuidados com plano alimentar famoso nas redes

Conheça o plano alimentar que limita cardápio a opções de origem animal, e saiba se ele é mais saudável que as opções cetogênica e low carb

Legenda: Apesar de reduzir consumo de itens ultraprocessados e açúcares refinados, estratégia é rica em gordura saturada
Foto: Shuterstock

Planos alimentares que prometem perda de peso rápida e fácil são famosos nas redes sociais. Umas das tendências mais recentes entre os internautas é a dieta carnívora, que é uma estratégia que consiste no consumo apenas de alimentos de origem animal, como carnes e ovos, excluindo outros grupos como carboidratos, frutas e vegetais. No entanto, especialista ouvida pela coluna alerta que esse tipo de estratégia exige cuidados e pode trazer riscos à saúde

A nutricionista Mirella Sales explica que a dieta carnívora é muito restritiva e limita o paciente a consumir apenas produtos como carnes (bovina, suína, aves e peixes), ovos e, em alguns casos, laticínios em quantidades baixas, eliminando totalmente os alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, grãos, sementes e oleaginosas.  

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Segundo ela, o plano alimentar ganhou visibilidade na internet principalmente devido às alegações de que promoveria um emagrecimento rápido e melhoria do controle glicêmico, já que elimina do cardápio ultraprocessados e açúcares refinados, o que favoreceria a perda de gordura corporal. Porém, a profissional destaca que há poucos estudos científicos que comprovem tais benefícios e suas consequências a médio e longo prazo. 

A restrição completa de alimentos vegetais pode levar a deficiências nutricionais, como fibras, vitaminas e minerais essenciais — por exemplo, vitaminas C e E, ácido fólico, potássio. Também aumenta o risco de constipação, aumento do colesterol LDL e doenças cardiovasculares, especialmente se houver abuso de carnes processadas e ricas em gordura saturada.” 
Mirella Sales
Nutricionista

A nutricionista completa alertando que a dieta é contraindicada para gestantes, lactantes e indivíduos com doenças renais, cardiopatias, diabete, hipertensão e histórico de distúrbios alimentares.    

Pode aumentar risco para doenças como câncer 

Por restringir o cardápio do paciente a alimentos de origem animal, eliminando os produtos vegetais, a dieta carnívora pode causar deficiências nutricionais de itens essenciais que garantem a saúde, como fibras, antioxidantes e vitaminas específicas que não são encontradas em carnes, ovos e laticínios.    

Isso pode aumentar o surgimento de doenças e agravar as já existentes, como pessoas com problemas gastrointestinais (constipação), dislipidemia, doenças cardiovasculares, câncer, transtornos alimentares, dentre outros.”  
Mirella Sales
Nutricionista

Carnívora, cetogênica ou low carb: qual a mais saudável? 

A dieta carnívora é diferente da low carb e da cetogênica, pois, conforme a profissional, exclui completamente os carboidratos e outros grupos alimentares, como os vegetais, enquanto as demais apenas restringem a ingestão deles, permitindo pequenas quantidades de vegetais, de oleaginosas e de sementes.  

Na avaliação de Mirella Sales, entre as três, a low carb é considerada a mais saudável, pois ainda mantém uma gama maior de nutrientes através dos alimentos vegetais, incluindo fontes de fibras e de antioxidantes. 

Acompanhamento especializado 

A nutricionista destaca que cada indivíduo possui necessidades nutricionais e condições de saúde únicas. Então, mudanças na alimentação, como a adoção de uma dieta restritiva, exige o acompanhamento de um profissional especializado, para prevenir deficiências nutricionais, distúrbios alimentares ou agravar problemas de saúde pré-existentes

“Aconselho que qualquer mudança drástica na dieta seja realizada com acompanhamento profissional, para garantir que todos os nutrientes essenciais sejam atendidos e minimizar os riscos à saúde”, frisa. 

Em casos em que o paciente não pode ter acesso a um especialista, Mirella Sales defende que é importante adotar uma dieta balanceada e variada, que inclua todos os grupos alimentares, priorizando alimentos minimamente processados.  

“Ao invés de seguir dietas extremas, focar em escolhas saudáveis, como aumentar o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, pode proporcionar benefícios à saúde sem riscos associados a restrições severas”, finaliza.