Insupril: o que é, por que foi proibido e quais riscos oferece à saúde
Suplemento foi proibido para venda pela Anvisa.
Suplemento alimentar de componentes naturais, o Insupril virou alvo de polêmicas ainda em 2024, ano em que teve a comercialização proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O problema começou quando o produto foi anunciado, falsamente, como o responsável pela cura da diabetes. Já é sabido, inclusive, que a doença não possui cura.
Dessa forma, uma venda com anúncio errôneo foi vista como uma espécie de "golpe".
Segundo especialistas, é importante ressaltar que há um risco de vida ao trocar medicações por suplementos sem eficácia.
O que é Insupril?
A endocrinologista e especialista em hormônios, Ana Flávia Torquato, explica que o Insupril é somente um suplemento alimentar.
Não se sabe, por fontes oficiais acessíveis, exatamente qual a composição ou fórmula dele, mas o rótulo aponta a existência de cromo, zinco e magnésio.
"Ele vem sendo comercializado no Brasil com alegações de que regula os níveis de açúcar no sangue e cura a diabetes. No entanto, não é aprovado para diagnóstico, tratamento ou cura de nenhuma doença, incluindo a própria diabetes", explica a médica.
Veja também
Entenda para quê serve o suplemento Insupril
Existem comprovações de que ele não pode ser utilizado no tratamento da diabetes, mas, em contrapartida, não existem informações exatas sobre em quais cenários o uso seria indicado.
A endocrinologista aponta que, segundo o material promocional do produto, ele dizia ser "indicado para controle da glicemia, ajudar na eliminação de gorduras, regular o metabolismo e auxiliar a função pancreática".
No entanto, ela ressalta, não há comprovação para nada antes citado.
- No fim das contas, também vale lembrar: a venda segue proibida em solo brasileiro.
"Nenhum suplemento alimentar é comprovadamente eficaz para baixar a glicemia e substituir o tratamento convencional", complementa a profissional.
Para quê ele é indicado?
Até então, não existe nenhuma recomendação fundamentada em evidências para o uso do Insupril, e ele segue sem autorização.
Insupril cura diabetes?
Não. Esse suplemento não é capaz de curar a diabetes. Assim como já reforçado pela endocrinologista Torquato, não há indicação de nenhum suplemento com esse objetivo.
Sobre o Insupril, a médica ainda ressalta: "a Anvisa identificou falta de comprovação de eficácia, conteúdo desconhecido e propaganda enganosa".
Os profissionais apontam que apenas o tratamento já convencional, com medicamentos estudados e aprovados, é o correto para o tratamento da diabetes. A doença, inclusive, não possui cura.
Por que o Insupril foi proibido pela Anvisa?
O Insupril foi proibido por ter sido comercializado como suplemento alimentar com alegações terapêuticas de tratamento ou cura da diabetes, sem comprovação científica e sem registro de medicamento.
Quais os riscos que ele traz para a saúde?
Torquato reforça que não existem "estudos publicados que demonstrem perfil de segurança ou de eficácia" do insupril para diabetes, mas é essa falta de informação que pode indicar cuidado em relação a ele.
"Existem riscos potenciais de efeitos adversos, de interações com outros medicamentos, risco de piora da glicemia e agravamento de complicações do diabetes por abandono de terapias reconhecidas", continua a médica.
Veja alguns dos riscos do Insupril:
- Abandono ou atraso de tratamento eficaz (medicação, insulina, dieta, exercício), levando a agravamento da doença e suas complicações;
- Uso de um produto não regulado ou cuja composição não está claramente testada, com possível risco de efeitos adversos ou interações desconhecidas;
- Gastos econômicos com falsa promessa.
Qual é o melhor suplemento para controlar a glicemia?
"Não existe um “melhor suplemento” com evidência robusta para controle primário da glicemia que substitua o tratamento", expõe a endocrinologista.
Segundo ela, exceto em caso de deficiência vitamínica/mineral comprovada, os suplementos não têm indicação para controle glicêmico.
“Metanálises recentes apontam que alguns nutrientes, como a vitamina D, o magnésio e o zinco, podem ter efeitos positivos modestos, mas com baixa certeza de evidência”, continua Ana Flávia.
Ela enfatiza que o suplemento pode surgir como algo “adicional ao tratamento” se houver deficiência ou indicação específica, sempre sob supervisão médica.