Quem é o dono da sucata Chico Alves? Paraibano foi taxista e dono de bodega
Até pneu de avião era vendido por empresário.
Com o incêndio que destruiu a famosa sucata Chico Alves em Fortaleza (CE), a curiosidade em saber quem é o dono do empreendimento ocupou mensagens nas redes sociais em diferentes postagens. O Diário do Nordeste chegou a registrar o empresário, na manhã desta sexta-feira (26), acompanhando o trabalho do Corpo de Bombeiros de uma obra no local.
Nascido em Catolé do Rocha, no Sertão paraibano, Chico Alves iniciou a vida nos negócios ainda criança. Filho de comerciante, aos cinco anos já realizava pequenas negociações — a primeira delas foi a troca de uma bicicleta por um cavalo.
Aos nove, abriu a própria bodega no interior da Paraíba, aprendendo cedo a economizar e a reinvestir cada centavo que ganhava.
Chico Alves é viúvo. Ele conheceu a esposa na Paraíba. Da união nasceram quatro filhos — duas mulheres e dois homens
Em entrevista ao programa "Caminhão e Cia", exibido pela TV Diário em 2016, o empresário abriu as portas da sucata e contou curiosidades da própria vida. A juventude foi marcada pelo trabalho intenso. Antes de chegar ao Ceará, Chico atuou como taxista e passou por cidades de diferentes estados do Nordeste, como Mossoró (RN), São Luís (MA) e Teresina (PI).
Sempre atento às oportunidades, começou a aplicar as economias na compra de imóveis de baixo valor, estratégia que se tornaria uma das marcas dele como empreendedor.
Escolha pelo Ceará
A mudança definitiva para Fortaleza ocorreu em 1970. Na capital cearense, Chico retomou o trabalho como taxista e chegou a montar uma frota com cerca de 30 veículos. Foi nesse período que surgiu, quase por acaso, o embrião do que seria a sucata Chico Alves.
Para reduzir custos de manutenção, ele passou a comprar peças usadas em oficinas e a estocá-las em casa. Logo percebeu que colegas de profissão também se interessavam pelas peças seminovas.
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A atividade mostrou-se lucrativa. Chico vendeu os táxis, ampliou os investimentos em imóveis e mergulhou definitivamente no comércio de peças usadas e sucata em geral. O negócio cresceu de forma contínua, impulsionado pela política adotada pelo empresário: não perder negócio. “Tudo que chega aqui, a gente compra”, resumiu ele em entrevista.
Patrimônio gigante
Em 1988, o patrimônio do empresário já impressionava. Ao programa automotivo, ele chegou a relatar ter dezenas de imóveis alugados, oito fazendas e a sucata — que sofreu o incêndio na noite de quarta-feira (24).
A sucata Chico Alves funcionou em um prédio de quatro pavimentos, construído pelo próprio empresário, além de amplos pátios abertos, onde estavam armazenadas milhares de toneladas de materiais.
Ali era possível encontrar desde peças de automóveis e caminhões — antigos e modernos — até eletrodomésticos, louças sanitárias, cerâmicas fora de linha, portas, janelas, trilhos de trem e equipamentos industriais.
O que existia dentro da Sucata Chico Alves?
Entre os itens mais inusitados estão peças e pneus de avião, adquiridos em leilões e desativações de aeroportos, cofres, carcaças de caminhões, cabines de picapes clássicas, além de pianos, acordeons, rádios antigos, telefones de época e até um carro de Fórmula 1 e karts guardados sob camadas de sucata.
O acervo atraía desde mecânicos e caminhoneiros até donas de casa em busca de revestimentos antigos para reformas, colecionadores e curiosos.
Na época da entrevista, a sucata não era apenas um negócio, mas também a casa do empresário. Ele morou dentro do próprio empreendimento, em um dos andares do prédio, onde cômodos inteiros foram transformados em extensão do estoque. A residência abrigava objetos pessoais e antiguidades.