Dermatite seborreica no couro cabeludo: sinais, tratamento e shampoo ideal

Veja como aliviar a doença e escolher o melhor shampoo para cada fase.

Escrito por
Carol Melo carolina.melo@svm.com.br
(Atualizado às 19:54)
Legenda: Doença pode ser confundida com outras condições que acometem o couro cabeludo, como psoríase e infecções fúngicas.
Foto: Wisely/Shutterstock.

A dermatite seborreica é uma inflamação crônica na pele que gera, principalmente, descamação, coceira e vermelhidão, especialmente, em áreas ricas em glândulas sebáceas, como o couro cabeludo.

Pacientes com a doença vivenciam períodos de melhora e de piora dos sintomas ao longo da vida, exigindo o uso de diferentes shampoos e tratamentos específicos para cada fase do tratamento.

Apesar de parecer com a caspa comum, a doença possui características que a diferencia, como descamação amarelada, placas aderidas, oleosidade excessiva e coceira intensa.

Além do couro cabeludo, a condição pode atingir ainda sobrancelhas, barba, cantos do nariz, orelhas e até tórax.

Para entender melhor como identificar, tratar e escolher o melhor shampoo para cada fase da dermatite, a coluna conversa com a dermatologista Celina Albuquerque, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). 

Por que a dermatite seborreica acontece? 

A especialista explica que a doença se desenvolve em regiões com maior concentração de glândulas sebáceas. Essas estruturas microscopias produzem sebo, responsável por lubrificar e impermeabilizar a pele e os pelos, prevenindo o ressecamento e protegendo contra microrganismos.

Entre os principais fatores envolvidos estão:

  • predisposição genética;
  • aumento da oleosidade;
  • proliferação alterada da microbiota local;
  • resposta inflamatória exacerbada.

A SBD detalha que o problema ainda pode ser desencadeado por gatilhos externos, como alergias, situações de fadiga ou estresse emocional, baixa temperatura, uso de álcool, medicamentos e excesso de oleosidade.

A dermatite seborreica não é uma alergia, nem é contagiosa e não ocorre por falta de higiene, reforça a entidade médica. E, embora incômoda, não é perigosa — mas exige manejo adequado para evitar crises recorrentes.

Dermatite seborreica, caspa e acúmulo de resíduos são a mesma coisa?

Não. Celina Albuquerque explica que apesar de as três condições poderem causar descamação, têm origens diferentes.

A caspa é considerada uma forma leve do espectro da dermatite seborreica: provoca descamação fina e branca, geralmente sem inflamação.

Já a dermatite seborreica é a forma inflamatória, marcada por escamas mais espessas, amareladas, coceira intensa, vermelhidão e sensibilidade.

O acúmulo de resíduos, como já sugere o termo, é resultado do excesso de produtos no couro cabeludo, gerando sensação de peso nos fios e descamação mais espessa, porém sem coceira importante e nem vermelhidão, e melhora rapidamente com uma limpeza adequada.

Como identificar e quando procurar ajuda médica

Alguns sinais de alerta indicam a necessidade de buscar auxílio de um dermatologista, destaca a especialista. São eles:

  • coceira intensa ou persistente em áreas como couro cabeludo, sobrancelhas, cantos do nariz, barba, orelhas e tórax;
  • vermelhidão acentuada dessas regiões;
  • descamação no couro cabeludo que não melhora com shampoos comuns;
  • queda de cabelo ou áreas de alopecia;
  • feridas, crostas ou sangramento nessas regiões;
  • crises frequentes ou de rápida recorrência. 

Celina Albuquerque frisa que a dermatite seborreica pode ser confundida com outras doenças do couro cabeludo, como a psoríase e infecções fúngicas. Por isso, o diagnóstico especializado é fundamental para definir o tratamento correto.

Tratamento: como controlar inflamação, oleosidade e microbiota

A dermatologista explica que o tratamento da dermatite seborreica busca controlar a inflamação, equilibrando a microbiota e manejando a oleosidade. Para isso, geralmente, o paciente combina shampoos especiais com loções tópicas em fases específicas.

Por ser uma doença crônica, ou seja, de longa duração, na qual os sintomas pioram e melhoram, o foco é reduzir as crises e prolongar os períodos de estabilidade

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Shampoo ideal para cada fase da dermatite seborreica

Principalmente no couro cabelo, a condição é tratada com o uso de higienizadores específicos, que mudam ao longo da evolução do quadro. 

Durante a crise

A médica recomenda que nessa fase o paciente use shampoo com ação anti-inflamatória e controle da microbiota. O produto deve ser utilizado algumas vezes por semana, permanecendo alguns minutos em contato com o couro cabeludo.

Durante a crise, Celina Albuquerque destaca a importância de procurar ajuda médica, pois nessa fase é necessário diferenciar a dermatite seborreica de outras doenças, como psoríase ou dermatite de contato, permitindo, assim, ajustar o protocolo de tratamento com precisão. 

Pós-crise/fase de transição

Nesse período, o ideal é alternar o shampoo de tratamento — com ingredientes como cetoconazol, ciclopirox ou piritionato de zinco — com outro suave, evitando irritações e mantendo o controle da doença.

Manutenção

Para prevenir recaídas, o recomendado é preferir shampoos suaves e reguladores de oleosidade. Ativos como piritionato de zinco e derivados do ácido salicílico podem ser úteis. Já a frequência é individualizada, mas a médica cita que, geralmente, é uma ou duas vezes por semana.

Shampoos para dermatite seborreica: guia por fases do tratamento

Fase do tratamento Objetivo do shampoo Ativos recomendados Como usar
Crise aguda Reduzir inflamação, controlar microbiota e aliviar coceira e descamação. Shampoos anti-inflamatórios e antifúngicos. Usar algumas vezes por semana, deixando agir por alguns minutos antes de enxaguar.
Pós-crise/Transição Diminuir irritação e manter o controle da doença. Cetoconazol, ciclopirox, piritionato de zinco + shampoo suave. Alternar shampoo de tratamento com shampoo suave.
Manutenção Prevenir novas crises e controlar oleosidade. Shampoos suaves, piritionato de zinco, derivados de ácido salicílico. Geralmente 1 a 2 vezes por semana (frequência individualizada).
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