Dermatite seborreica no couro cabeludo: sinais, tratamento e shampoo ideal
Veja como aliviar a doença e escolher o melhor shampoo para cada fase.
A dermatite seborreica é uma inflamação crônica na pele que gera, principalmente, descamação, coceira e vermelhidão, especialmente, em áreas ricas em glândulas sebáceas, como o couro cabeludo.
Pacientes com a doença vivenciam períodos de melhora e de piora dos sintomas ao longo da vida, exigindo o uso de diferentes shampoos e tratamentos específicos para cada fase do tratamento.
Apesar de parecer com a caspa comum, a doença possui características que a diferencia, como descamação amarelada, placas aderidas, oleosidade excessiva e coceira intensa.
Além do couro cabeludo, a condição pode atingir ainda sobrancelhas, barba, cantos do nariz, orelhas e até tórax.
Para entender melhor como identificar, tratar e escolher o melhor shampoo para cada fase da dermatite, a coluna conversa com a dermatologista Celina Albuquerque, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Por que a dermatite seborreica acontece?
A especialista explica que a doença se desenvolve em regiões com maior concentração de glândulas sebáceas. Essas estruturas microscopias produzem sebo, responsável por lubrificar e impermeabilizar a pele e os pelos, prevenindo o ressecamento e protegendo contra microrganismos.
Entre os principais fatores envolvidos estão:
- predisposição genética;
- aumento da oleosidade;
- proliferação alterada da microbiota local;
- resposta inflamatória exacerbada.
A SBD detalha que o problema ainda pode ser desencadeado por gatilhos externos, como alergias, situações de fadiga ou estresse emocional, baixa temperatura, uso de álcool, medicamentos e excesso de oleosidade.
A dermatite seborreica não é uma alergia, nem é contagiosa e não ocorre por falta de higiene, reforça a entidade médica. E, embora incômoda, não é perigosa — mas exige manejo adequado para evitar crises recorrentes.
Dermatite seborreica, caspa e acúmulo de resíduos são a mesma coisa?
Não. Celina Albuquerque explica que apesar de as três condições poderem causar descamação, têm origens diferentes.
A caspa é considerada uma forma leve do espectro da dermatite seborreica: provoca descamação fina e branca, geralmente sem inflamação.
Já a dermatite seborreica é a forma inflamatória, marcada por escamas mais espessas, amareladas, coceira intensa, vermelhidão e sensibilidade.
O acúmulo de resíduos, como já sugere o termo, é resultado do excesso de produtos no couro cabeludo, gerando sensação de peso nos fios e descamação mais espessa, porém sem coceira importante e nem vermelhidão, e melhora rapidamente com uma limpeza adequada.
Como identificar e quando procurar ajuda médica
Alguns sinais de alerta indicam a necessidade de buscar auxílio de um dermatologista, destaca a especialista. São eles:
- coceira intensa ou persistente em áreas como couro cabeludo, sobrancelhas, cantos do nariz, barba, orelhas e tórax;
- vermelhidão acentuada dessas regiões;
- descamação no couro cabeludo que não melhora com shampoos comuns;
- queda de cabelo ou áreas de alopecia;
- feridas, crostas ou sangramento nessas regiões;
- crises frequentes ou de rápida recorrência.
Celina Albuquerque frisa que a dermatite seborreica pode ser confundida com outras doenças do couro cabeludo, como a psoríase e infecções fúngicas. Por isso, o diagnóstico especializado é fundamental para definir o tratamento correto.
Tratamento: como controlar inflamação, oleosidade e microbiota
A dermatologista explica que o tratamento da dermatite seborreica busca controlar a inflamação, equilibrando a microbiota e manejando a oleosidade. Para isso, geralmente, o paciente combina shampoos especiais com loções tópicas em fases específicas.
Por ser uma doença crônica, ou seja, de longa duração, na qual os sintomas pioram e melhoram, o foco é reduzir as crises e prolongar os períodos de estabilidade.
Veja também
Shampoo ideal para cada fase da dermatite seborreica
Principalmente no couro cabelo, a condição é tratada com o uso de higienizadores específicos, que mudam ao longo da evolução do quadro.
Durante a crise
A médica recomenda que nessa fase o paciente use shampoo com ação anti-inflamatória e controle da microbiota. O produto deve ser utilizado algumas vezes por semana, permanecendo alguns minutos em contato com o couro cabeludo.
Durante a crise, Celina Albuquerque destaca a importância de procurar ajuda médica, pois nessa fase é necessário diferenciar a dermatite seborreica de outras doenças, como psoríase ou dermatite de contato, permitindo, assim, ajustar o protocolo de tratamento com precisão.
Pós-crise/fase de transição
Nesse período, o ideal é alternar o shampoo de tratamento — com ingredientes como cetoconazol, ciclopirox ou piritionato de zinco — com outro suave, evitando irritações e mantendo o controle da doença.
Manutenção
Para prevenir recaídas, o recomendado é preferir shampoos suaves e reguladores de oleosidade. Ativos como piritionato de zinco e derivados do ácido salicílico podem ser úteis. Já a frequência é individualizada, mas a médica cita que, geralmente, é uma ou duas vezes por semana.
Shampoos para dermatite seborreica: guia por fases do tratamento
| Fase do tratamento | Objetivo do shampoo | Ativos recomendados | Como usar |
|---|---|---|---|
| Crise aguda | Reduzir inflamação, controlar microbiota e aliviar coceira e descamação. | Shampoos anti-inflamatórios e antifúngicos. | Usar algumas vezes por semana, deixando agir por alguns minutos antes de enxaguar. |
| Pós-crise/Transição | Diminuir irritação e manter o controle da doença. | Cetoconazol, ciclopirox, piritionato de zinco + shampoo suave. | Alternar shampoo de tratamento com shampoo suave. |
| Manutenção | Prevenir novas crises e controlar oleosidade. | Shampoos suaves, piritionato de zinco, derivados de ácido salicílico. | Geralmente 1 a 2 vezes por semana (frequência individualizada). |