Melanoma, basocelular e espinocelular: saiba diferenças entre os tipos de câncer de pele
Exposição solar é o principal fator de risco da doença.
O câncer de pele é o tipo de tumor mais comum no Brasil, mas nem sempre se manifesta da mesma forma. Entre as principais variações estão o melanoma, o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, cada um com características, riscos e comportamentos distintos no corpo.
Enquanto alguns crescem de forma lenta e têm alto índice de cura quando detectados precocemente, outros podem avançar rapidamente e apresentar maior potencial de metástase.
Entender essas diferenças é fundamental para reconhecer sinais de alerta, buscar diagnóstico precoce e adotar hábitos de proteção solar eficazes no combate à doença.
A seguir, saiba como identificar cada tipo de câncer de pele, quem está mais suscetível e quais são as estratégias atuais de tratamento.
O que são melanoma, carcinoma basocelular e espinocelular?
Conforme a dermatologista Paula Sian*, o carcinoma basocelular é o tipo mais comum de câncer de pele. Normalmente, é o tumor mais simples de retirar por meio de cirurgia devido ao crescimento mais lento. Já o espinocelular é considerado um pouco mais grave e invasivo.
A atenção tem que ser redobrada com o melanoma, o tipo mais perigoso de câncer de pele. Como explica a especialista, ele costuma ter a cor mais escurecida, com risco de metástase, o que pode levar à morte. Saiba mais sobre cada tipo abaixo.
Melanoma
Apesar de ser o tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
O melanoma tem origem nos melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele. No geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal, em tons enegrecidos. A "pinta" ou o "sinal" pode mudar de cor, de formato ou de tamanho e apresentar sangramento.
Regiões do corpo mais comuns: pernas, em mulheres; nos troncos, nos homens; e pescoço e rosto em ambos os sexos. Lesões acima de 6 milímetros são um sinal de alerta.
"A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento do melanoma. Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem se submeter a exames preventivos regularmente. O risco aumenta quando há casos registrados em familiares de primeiro grau", aconselha a SBD.
"Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença", ressalta o órgão.
Carcinoma basocelular
O mais prevalente dentre todos os tipos, esse carcinoma surge nas células basais, localizadas na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). O principal fator de risco é a exposição solar.
As lesões surgem com mais frequência em regiões mais expostas, como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros, braços, mãos e costas.
A letalidade é considerada baixa, e a cura é prevalente em caso de detecção precoce.
Carcinoma espinocelular
Também chamado de carcinoma de células escamosas, é o segundo tipo mais comum do câncer de pele com origem nas camadas superiores da pele.
Caracteriza-se pelo aparecimento de uma área avermelhada coberta por crostas, com lesões bem definidas de bordas irregulares.
Pode ter aparência similar à das verrugas e, normalmente, apresenta-se na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente.
A doença é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres, relata a SBD. Além da exposição excessiva ao sol, também são fatores de risco: feridas crônicas e cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição de órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação.
Quais as diferenças de aparência entre melanoma, carcinoma basocelular e espinocelular?
A dermatologista Paula Sian descreve que o melanoma pode ter uma cor mais enegrecida, sendo essa característica uma das principais suspeitas da doença.
"Quando você tem uma pinta preta que está crescendo rápido, ou que faz ferida, que ulcera, sangra e não cicatriza, pode indicar um melanoma", alerta a médica.
Já os carcinomas espinocelular e o basocelular costumam ser lesões mais incolores, na cor da pele do paciente.
"O basocelular pode ter até um aspecto perláceo [brilho ou a aparência de uma pérola]. Podem fazer casquinha e ter um aspecto ressecado, mas normalmente são bolinhas endurecidas da cor da pele que começam a crescer. Apresentam um crescimento mais lento, podem sangrar ou fazer ferida e, normalmente, estão nas áreas mais expostas ao sol", completa.
Como identificar cada tipo?
O exame físico vai dar uma pista ao dermatologista sobre o tipo de câncer, assim como o tempo de crescimento de cada lesão.
"O melanoma e o carcinoma espinocelular são os mais rápidos, já o basocelular tem um crescimento mais lento. E, no exame físico, o dermatologista usa um aparelho chamado dermatoscópio, que ajuda a magnificar, consegue aumentar muitas vezes o tamanho da lesão e dar uma pista sobre a doença", afirma Paula Sian.
A dermatologista detalha que há, ainda, um exame anátomo patológico que traz mais clareza sobre o diagnóstico.
"O diagnóstico de certeza é sempre por meio do anátomo patológico, quando o especialista retira a lesão para fazer a biópsia e manda para o laboratório. Lá, o médico patologista vai analisar com o microscópio usando alguns tipos de tinturas, alguns tipos de colorações para termos um diagnóstico mais preciso", detalha.
Fatores de risco
Exposição solar
O principal fator de risco do câncer de pele é a exposição ao sol, principalmente em pacientes de pele clara, que foram expostos à radiação solar sem proteção ao longo da vida.
Hereditariedade
O melanoma tem um componente familiar importante para o desenvolvimento da doença.
"O sol pode trazer essa predisposição. Normalmente, uma pele que tomou muito sol, muito machucada pela exposição, tem uma alteração do DNA da pele e pode ter lesões de câncer. O melanoma é um pouco diferente, é o tipo mais comum em peles pretas e o paciente pode ter um histórico familiar. Então, mesmo não tomando sol, mesmo em peles mais escuras, pode acontecer o melanoma também", alerta Paula Sian.
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Quando procurar um dermatologista?
O diagnóstico precoce proporciona ao paciente melhores resultados no tratamento. São considerados sinais de alerta da doença sintomas como o aparecimento de uma pinta escura de bordas irregulares, acompanhada de coceira e descamação.
Alterações em uma pinta já existente, que pode aumentar de tamanho, mudar a cor e a forma, são sintomas que merecem atenção.
Além desses sinais, melanomas metastáticos podem apresentar outros sintomas, que variam de acordo com a área para onde o câncer avançou. Isso pode incluir nódulos na pele, inchaço nos gânglios linfáticos, falta de ar ou tosse, dores abominais e de cabeça.
Também é fundamental fazer um autoexame regular da pele para monitorar os sinais e o aparecimento de novas lesões. Sempre que notar alguma alteração suspeita na pele, um especialista deve ser consultado.
"É importante observar a própria pele constantemente e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita", recomenda a SBD.
Tratamentos
Segundo o Ministério da Saúde, a cirurgia oncológica é o tratamento mais indicado para tratar o câncer de pele para a retirada da lesão, que, em estágios iniciais, pode ser realizada em ambulatório (sem internação).
Já para casos mais avançados e para o câncer do tipo melanoma, o tratamento vai variar de acordo com tamanho e estadiamento do tumor, podendo ser indicadas, além de cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, conforme cada caso.
Prevenção
A prevenção do câncer de pele se concentra especialmente na proteção contra a radiação ultravioleta (UV), que é o principal fator de risco da doença, e na detecção precoce de qualquer lesão suspeita.
Algumas medidas que podem ser adotadas:
- Proteção solar diária: evitar os horários de pico, entre 8h e 16h, quando os raios UV são mais intensos;
- Usar filtro solar: aplicar um produto de amplo espectro (proteção contra raios UVA e UVB) e com fator de proteção solar (FPS) mínimo de 30;
- Roupas de proteção UV: usar roupas que cubram a maior parte do corpo, optando, se possível, por tecidos com Fator de Proteção Ultravioleta (FPU);
- Evitar bronzeamento artificial;
- Detecção precoce: para se prevenir da doença, é recomendado o autoexame regular da pele e consulta regular ao dermatologista.
*Paula Sian é graduada em Medicina pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), com residência em Clínica Médica e Dermatologia (Unesp). Especialista em Urticária e Farmacodermia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pós-graduada em Medicina Tradicional Chinesa pela Associação Médica Brasileira de Acupuntura (Amba). É escritora do livro "Um Burn Out pra chamar de seu" e tem MBA em Gestão de Negócios pela Universidade de São Paulo (USP).