Além de dengue e gripe, leptospirose gera alerta durante período de chuvas no CE; veja sintomas

No ano passado, 5 pessoas vieram a óbito por complicações da doença

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Exposição prolongada à água contaminada é uma das formas de transmissão da leptospirose
Foto: Fabiane de Paula

O período de chuvas no Ceará começou e, com a água e a umidade, aumentam as ocorrências de doenças como dengue, chikungunya e gripe. No entanto, outra patologia também entra no radar das autoridades de saúde: a leptospirose, que pode ter complicações fatais. Só em 2023, cinco pessoas morreram por causa da doença no Estado.

De acordo com a Planilha de Notificação Semanal da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), as seis primeiras semanas de 2024 tiveram quatro casos - dois em Fortaleza, um em Sobral e outro em Cedro. No mesmo período do ano passado, houve apenas um. O levantamento mostra que 2023 encerrou com 85 casos e cinco óbitos.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Sesa, Ana Cabral, explica que a rede de atenção fica mais atenta a essa patologia porque ela pode ser transmitida pela água contaminada. “Precisamos tomar cuidado devido à maior ocorrência de chuvas e alagamentos, como os que ocorreram no Carnaval”, reforça.

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O que é leptospirose?

A leptospirose é uma doença infecciosa febril de início abrupto, conforme boletim epidemiológico da Sesa, que pode variar de situação inaparente até formas graves, causada pela bactéria do gênero Leptospira.

No Brasil, essa é uma doença endêmica (circulante) que pode se tornar epidêmica em períodos chuvosos “devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de saneamento e alta infestação de roedores infectados”.

Como é transmitida?

Os principais reservatórios das leptospiras patogênicas são os roedores, nos quais ocorre infecção crônica e assintomática. As bactérias são eliminadas na urina destes animais e contaminam a água e o solo.

Os humanos são hospedeiros acidentais e podem ser infectados pelo contato direto com animais ou com a água e o solo contaminados. A penetração do microrganismo ocorre por meio da pele a partir de lesões, imersão por longos períodos em água contaminada ou mucosas.

Segundo a Sesa, algumas ocupações de trabalho facilitam o contato com as leptospiras, como limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, laboratoristas, militares e bombeiros.

A transmissão pessoa a pessoa “é rara, mas pode ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções e tecidos” de infectados.

Sintomas da leptospirose

Após a penetração pela pele ou mucosas, as leptospiras se disseminam pela circulação sanguínea e se instalam em órgãos vitais, como fígado, rins e pulmões.

Na chamada “fase precoce”, que corresponde a 90% das formas clínicas, ocorre:

  • febre abrupta
  • dores de cabeça e no corpo
  • náuseas e vômitos
  • falta de apetite

Uma pequena parcela dos pacientes com leptospirose pode evoluir para manifestações graves, que geralmente se iniciam após a primeira semana da doença, apesar de algumas exceções. Neles, pode ocorrer a tríade de icterícia (pele alaranjada), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar.

Nos casos em que há comprometimento pulmonar, pode ocorrer óbito nas primeiras 24 horas de internação.

Tratamento e prevenção

A terapia com antibióticos é indicada em qualquer período da doença, mas a eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas.

“A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco”, alerta o Ministério da Saúde.

Já as medidas de prevenção e controle devem ser direcionadas aos reservatórios; à melhoria das condições de proteção dos trabalhadores expostos; às condições higiênico-sanitárias da população; e às medidas corretivas sobre o meio ambiente, diminuindo sua capacidade de suporte para a instalação e a proliferação de roedores.

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