Tribo Fulni-ô (PE) divulga a cultura indígena neste domingo (5) em Fortaleza

O grupo Thynia Thudia, pertencente à tribo dos Fulni-ô, está na capital cearense desde o mês passado e realiza uma série de encontros abertos ao público

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br
Legenda: Os Fulni-ô vivem no município de Águas Belas, em Pernambuco, e mantêm sua língua materna, o "ia-tê", até hoje
Foto: Foto: Ares Soares

Dança, canto, pintura corporal, exposição e venda de artesanatos e troca de conhecimentos sobre a cultura indígena. Assim, representantes da etnia Fulni-ô, de Pernambuco, divulgarão, em Fortaleza, os costumes e as lutas de sua aldeia. Neste domingo (5), a partir das 16h, com acesso gratuito, eles realizam a programação na Praça do Bem Estrelário, localizada no Meireles.

Na sequência, eles repetem as atividades no espaço Árvore da Vida (Rua Juiz de Fora, 105, Cidade dos Funcionários), nesta segunda (6), a partir das 14h. Na ocasião, os indígenas também farão atendimentos individuais de cura, baseados em saberes ancestrais e naturais.

Os Fulni-ô chegaram à capital cearense no último dia 24 de abril, e já estiveram no espaço Vila Naturalis (Aldeota), seguindo o mesmo propósito dos demais encontros: levar sua "caça" de volta para a aldeia de origem.

Segundo Ediran Fulni-ô, líder da tribo, o grupo Thynia Thudia costuma vir a Fortaleza sempre à procura dessa "caça", que estaria em extinção na aldeia. "A gente vem buscá-la na cidade grande, em termos de levar nosso sustento", conta ele.

Ediran observa que o encontro entre os índios e a população da cidade mostra a realidade e a pureza da mãe natureza. Para ele, "poucos têm enxergado essa força natural", atesta o índio. "Fico feliz porque nosso objetivo é conhecer várias pessoas, e poder ajudá-las, com as coisas naturais que nós temos a oferecer".

Hoje, os Fulni-ô são a única etnia do Nordeste que ainda mantém uma língua própria, o "ia-tê". Em entrevista ao Verso, Ediran traduz alguns cumprimentos segundo esses termos, e revela que a tribo, situada em Águas Belas (munícipio a 273km de Recife), mantém uma escola dentro da aldeia, a fim de preservar o ensino do ia-tê para as novas gerações.

Demarcação

Ediran Fulni-ô destaca que as principais dificuldades de manutenção da tribo - a exemplo de outras etnias do País - passam pela demarcação das terras indígenas. "E provavelmente agora vai ficar mais difícil pra gente. Mas o termo que a gente usa, a palavra, é que 'o índio é terra, e a terra é o índio'. E por ela nós damos a nossa vida, porque a gente sabe a finalidade e força que a mãe terra tem", reflete.

Ele agradece a recepção da rede de apoiadores com a qual a aldeia se relaciona em Fortaleza, e reforça como a capital cearense é um destino certo para os indígenas divulgarem seus costumes. "A gente não desiste", enfatiza Ediran.

Indagado sobre a realidade dos Fulni-ô, a liderança detalha que parte de sua tribo seguiu profissões como a Medicina e o Direito. No caso de Ediran e seu grupo, os atendimentos e a venda do artesanato são as fontes de sustento. "Pra alguns, a gente precisa se deslocar da aldeia, e passar vários anos no meio do mundo. Então a gente vem aqui atrás da caça, e a leva de volta para várias famílias (da aldeia)", reforça.

Serviço
Encontro com a tribo Fulni-ô (PE)

Neste domingo (5), às 16h, na Praça do Bem Estrelário (Rua Leonardo Mota, 710, Meireles), com dança, canto, pintura, venda de artesanatos, dentre outras atividades. Acesso gratuito.

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