Ricardo Bacelar lança registro ao vivo de show com o melhor da MPB

Disco e videoclipes estão presentes em todas as plataformas digitais; entre as canções, estão clássicos de Chico Buarque, Belchior, Gilberto Gil e Adriana Calcanhotto

Escrito por
Diego Barbosa diego.barbosa@svm.com.br
(Atualizado às 07:30)
Na imagem, Ricardo Bacelar durante gravação de show no Cineteatro São Luiz
Legenda: Ricardo Bacelar durante gravação de show no Cineteatro São Luiz: emoção e pluralidade
Foto: Iara Pereira

Grandes canções, um palco histórico e um intérprete em estado de graça. São os ingredientes encontrados em “Ricardo Bacelar ao Vivo no Cineteatro São Luiz”, registro audiovisual lançado na última sexta-feira (30) com a belíssima experiência gravada em 2023 por um dos músicos cearenses mais profícuos em atividade.

A obra está disponível em todas as plataformas digitais e prima pela diversidade ao trazer o melhor da MPB no repertório. Clássicos de compositores como Chico Buarque, Luiz Melodia, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Belchior e Adriana Calcanhotto surgem em novas leituras. “Coloquei um pouco de cada coisa, fiz essa mescla”, explica Ricardo.

É o terceiro registro ao vivo do artista, após os bem-sucedidos “Concerto para Moviola” (2015) e “Ricardo Bacelar ao Vivo no Rio” (2020). Segundo ele, a energia das apresentações ao vivo é sempre especial, não à toa a vontade de disponibilizar o conteúdo não apenas de forma sonora, mas também contemplando imagens, detalhes e reações.

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Lembranças da grande noite – exibidas depois na tela da TV Verdes Mares – não faltam. “Recordo de estar muito à vontade, tocando em casa, com a família toda na plateia, os amigos... Em casa você fica mais aclimatado. E foi uma produção grande, com mais de 50 pessoas na equipe, compreendendo músicos, cinegrafistas, técnicos, diretores. Não é só um show, mas a gravação de um registro audiovisual”.

Tudo foi captado de uma vez, sem precisar repetir nada – reflexo do preciosismo de Bacelar e do esforço de toda a equipe, cujos ensaios foram definidores para a noite ser inesquecível. No total, dez câmeras posicionadas estrategicamente no São Luiz deram conta de captar cada instante de epifania e entrega musical. A direção artística foi de André Gress.

“Você tem que entregar um trabalho de qualidade, com bom som e boa imagem. Sempre me preocupo com isso para que minha obra seja exibida em qualquer lugar do mundo”. Não sem motivo, o projeto está sendo lançado em Portugal, Japão, Estados Unidos e Brasil, seguindo a linha das iniciativas anteriores de Ricardo.

Pop sofisticado

Ao contextualizar a grandiosidade do repertório, Bacelar faz uma digressão pela própria carreira. Diz que o registro no Cineteatro São Luiz bebe da fonte de projetos como “Congênito” (2022) – disco em que traz generoso apanhado de músicas brasileiras – e “Andar com Gil” (2023), realizado ao lado de Delia Fischer.

Além disso, a partir de uma releitura da lendária “Totalmente Demais”, ele mergulha novamente no sucesso do Hanoi Hanoi – banda da qual foi integrante e cravou espaço privilegiado no cancioneiro nacional. “Caetano cantou, Anitta cantou, então resolvi fazer a minha versão sozinho, cantando. Gostei. Ficou algo new bossa, tropical, achei bacana”, diz.

“O trabalho todo tem uma pegada de música pop, mas a linguagem mesmo é de MPB, de letras mais rebuscadas. Isso faz com que não seja um pop simplório, e sim sofisticado. Esse foi o pensamento. Soma-se a isso um espetáculo também audiovisual – com investimento em cenários, iluminação, troca de roupas, algo bem cinematográfico – e temos uma grande experiência para quem quer curtir esse momento ao vivo no sofá de casa”.

Na visão do cantor e multi-instrumentista, a relevância de lançar um registro audiovisual junto às canções é demarcar que toda música conta uma história. O som ganha outra dimensão quando unido à imagem porque traz ao público a oportunidade de ver tudo acontecer de perto e, assim, embarcar junto na emoção.

Na imagem, o músico Ricardo Bacelar durante show no Cineteatro São Luiz
Legenda: Para Ricardo Bacelar, relevância de lançar um registro audiovisual junto às canções é demarcar que toda música conta uma história
Foto: Iara Pereira

“Tem uma questão também de você expor o que existe por trás do trabalho. Além do material audiovisual, você tem que falar, explicar e tentar passar a sua leitura do que está fazendo, de qual é a sua ideia. Acho esse conteúdo audiovisual cada vez mais forte. O registro ao vivo tem outro sabor porque é algo histórico, e fica. Não tem truque, é o que está ali”.

Manter a boa forma musical

Questionado sobre como manter a boa forma musical diante de tantos projetos lançados anualmente – em uma conta rápida, são 65 videoclipes, mais de 300 fonogramas e mais de 30 títulos lançados, entre singles, álbuns e EPs – Ricardo é direto: ter curiosidade para criar e não terceirizar o próprio fazer artístico são alguns elementos-chave.

“Faço projetos muito variados – de jazz, música brasileira, música instrumental, de pop, cantada. Gosto de fazer isso porque acho que faz parte da minha inquietude mesmo como pessoa. Na música, você sempre tem que estar abrindo uma porta para vasculhar alguma coisa nova. Porque, se você tocar a mesma coisa que tocou na semana passada, acaba se repetindo. Gosto muito de aprender e de pesquisar”.

Na imagem, capa do disco Ricardo Bacelar ao Vivo no Cineteatro São Luiz
Legenda: Capa do disco Ricardo Bacelar ao Vivo no Cineteatro São Luiz
Foto: Divulgação

Nesse sentido, no momento ele está se aprofundando no universo da música eletrônica, ao mesmo tempo que trabalhando simultaneamente em seis discos. Os próximos passos incluem viagem à China em julho para fazer um disco em Pequim – parte de um projeto de piano-solo – e cada vez mais experimentações na própria arte.

“Sou um colecionador de gravações, de coisas que pesquiso, gosto e vou lançando. Isso é o que me move. A música nasce de nosso próprio imaginário, por isso tenho facilidade em criar composições. Desde criança tenho isso, e até desisti de ser músico, mas não consegui. Então desisti de desistir, agora não dá mais pra viver sem ela. É sem volta”, celebra.


Serviço
Ricardo Bacelar ao Vivo no Cineteatro São Luiz
Disponível em todas as plataformas digitais

 

Confira repertório completo do disco

O Último pôr do sol (Lenine/ Lula Queiroga)

Congênito (Luiz Melodia)

Morena dos Olhos D'água (Chico Buarque)

A Tua Presença Morena (Caetano Veloso)

Estrela (Gilberto Gil)

Lamento Sertanejo (Dominguinhos / Gilberto Gil)

Canções e Momentos / Cais (Fernando Brant/ Milton Nascimento/ Milton Nascimento / Ronaldo Bastos)

Mentiras (Adriana Calcanhotto)

Vício Elegante / Paralelas (Ricardo Bacelar / Belchior)

Totalmente Demais (Arnaldo Brandão/ Robério Rafael/ Tavinho Paes)

Maracatu Atômico (Jorge Mautner / Nelson Jacobina)

Andar com Fé (Gilberto Gil)

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