Ricardo Bacelar lança álbum solo com repertório ao vivo de música brasileira e jazz

O pianista, compositor e arranjador cearense lança, nesta sexta (24), o seu quarto álbum solo. Uma série de sete vídeos complementará a experiência virtual do público

Escrito por Redação ,
Legenda: O novo disco de Ricardo Bacelar ainda não tem versão física, mas pode ser ouvido em todas as plataformas de streaming
Foto: Vinicius Giffoni

Nesse instante imagine-se adentrando num clube de jazz, ao som das melodias propiciadas pelo diálogo entre piano, guitarra, sax, flauta, bateria, contrabaixo e percussão. Uma atmosfera como essa é capaz de evocar diferentes emoções, e é exatamente isso que o pianista, compositor e arranjador cearense Ricardo Bacelar propõe em seu novo disco, “Ricardo Bacelar – Ao Vivo no Rio”, disponível em todas as plataformas de streaming nesta sexta-feira (24).

Gravado em maio de 2018, em um concerto no Blue Note Rio, o álbum traz no repertório um recorte de seus discos anteriores, “Sebastiana” e “Concerto para Moviola”. É possível apreciar composições autorais, mas também de outros artistas como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Heitor Villa-Lobos, Pat Metheny, Chick Corea, Horace Silver, Gilberto Gil, Moacir Santos, Flora Purim e Benny Golson. “A sonoridade capta a ambiência do lugar. Parece que você está ouvindo lá em frente ao palco”, introduz o músico sobre a atmosfera proporcionada pelo ao vivo.

Bacelar não esconde a satisfação ao recordar daquela noite, que integrou a tour do “Sebastiana”. “No show, eu me senti muito à vontade. O Blue Note Rio estava cheio, com quase 300 pessoas, mas num ambiente aconchegante, quase como se fosse a minha casa. O Rio de Janeiro é meu segundo lar, morei lá muitos anos (entre 1987 e 1998). Conheço muita gente, fiz muitos amigos. Então, eu acho que a audiência do disco está muito relacionada com o clima que nós estávamos ali passando”, contextualiza.

Projeto

João Castilho (guitarra), Danilo Sina (sax e flauta), Renato Endrigo (bateria), Alexandre Katatau (contrabaixo) e André Siqueira (percussão) acompanharam o cearense na ocasião, agora eternizada em disco. 

Esse lançamento durante a pandemia, aliás, não é por acaso. Apesar de estar trabalhando num outro material de inéditas, Bacelar resolveu adiantar o processo desse ao vivo, até para aproximar-se das pessoas de algum modo durante o isolamento. “Achei que elas iam gostar de ouvir esse tipo de repertório, tocado de uma forma tão natural, muito espontânea, porque o jazz tem isso da improvisação, muitos solos, e isso é tudo na hora. Então tem um grau muito alto de espontaneidade no discurso musical. A gente vai tocando, se olhando, e a coisa vai fluindo também. É como se fosse uma jam session, só que mais elaborada”, diz. 

Este é o quarto disco solo de Bacelar, e o segundo ao vivo, sem contar suas experiências com o grupo brasileiro de rock, Hanoi Hanoi. Somam-se ao novo trabalho o primeiro disco, “in natura”, autoral com ênfase no piano acústico; o segundo, “Concerto para Moviola”, também gravado ao vivo em um festival de jazz; e “Sebastiana”, gravado e mixado nos EUA, no estúdio Criteria - Hit Factory com músicos latino-americanos.

Processos

O lançamento de “Ricardo Bacelar – Ao Vivo no Rio” envolve ainda uma série de sete vídeos que serão apresentados semanalmente, todas as quintas-feiras, no canal oficial do músico no YouTube. O primeiro vídeo a ser apresentado é o da canção “Toda menina baiana”, que estará disponível nesta sexta-feira (24), marcando a estreia do trabalho nas plataformas de streaming. Somam-se a ele, “Killer Joe” (30/07), “Nanã” (06/08), “Señor Blues” (13/08), “Partido alto” (20/08), “Blue Miles”(27/08) e “Água de beber” (03/09). Todas foram gravadas na mesma noite do disco. Logo, o conteúdo audiovisual complementará a experiência proposta.

Em agosto, depois das principais atividades de divulgação aqui no Brasil, Ricardo Bacelar se dedicará à difusão nos Estados Unidos, e, posteriormente, no Japão e em alguns países da Europa. “Lá nos EUA, o disco entra no circuito de jazz, um segmento muito forte naquele país, com rádios especializadas. Geralmente, fazemos o lançamento em diferentes datas, até pra gente ter tempo de ir dando atenção a todas as regiões”, comenta o cearense. 

Seu álbum anterior, “Sebastiana”, esteve entre os 50 discos mais executados nas rádios de jazz norte-americanas, em um período de 2018, segundo o ranking do Jazz Chart. Bacelar atribui esse alcance a um conteúdo sofisticado, que faz questão de entregar sempre.

“Eu acho que existe um tipo de música muito descartável, e a gente precisa construir um catálogo de coisas que possam ter uma duração maior. Esses meus discos podem ficar aí, daqui a 50 ou 100 anos, eles vão ser bons, porque quando você fica muito apegado com a moda do momento, aquilo ali acaba e o disco acaba junto. Eu me interesso muito em produtos que possam ter uma vida útil longa, e o tipo de música que eu faço é difícil, sofisticado, não é muito popular. Agora, também, ela chega em vários lugares do mundo”, afirma.

Experiências

Para reforçar essa produção, Bacelar está concluindo um estúdio na própria casa, onde dá vazão a seus estudos e criações até mesmo ao lado das filhas, Sara e Maria, que estão seguindo os passos do pai. As duas já participaram até de lives com ele nesse período de pandemia.

“Eu fiz umas lives sozinho, outras com minhas filhas, outras de entrevista. Eu acho que é um novo caminho. Os artistas estavam todos trancados em casa, e é uma maneira de você levar para o público um conforto. As pessoas voltaram a consumir música de uma maneira muito forte na pandemia, porque ela realmente é um veículo que, além de ser uma expressão artística, traz muita tranquilidade, funciona como uma terapia para as pessoas, acalma”, admite.

Com o artista, aliás, isso não é diferente. O relato pessoal de Bacelar é de que essa expressão o leva a lugares muitos especiais, conectando-o a sentimentos bons mesmo em momentos difíceis. “A música trabalha as emoções e a gente não pode deixar de trabalhá-las, porque podem ficar retidas, presas, e precisamos soltá-las em nossa caminhada”, observa.

Neste sentido, o pianista também faz algumas ressalvas. “Existe hoje um segmento musical em que a música vira uma coisa muito secundária. Você escuta quando vai correr, por exemplo. Mas existe aquela que é pra ouvir mesmo! Eu faço uma música com essa abordagem, para ser ouvida com atenção”, declara o cearense, num convite à apreciação de seu novo trabalho, afinal, como ele mesmo diz, “a música traduz certos sentimentos que as palavras não conseguem alcançar”.

Serviço
Lançamento do disco “Ricardo Bacelar – Ao Vivo no Rio”
Nesta sexta-feira (24), em todas as plataformas de streaming. Vídeos com algumas das músicas deste trabalho serão disponibilizados semanalmente no canal oficial do músico no YouTube. 

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