Grupo cearense de percussão apresenta novo espetáculo

O Acadêmicos da Casa Caiada (UFC) estreia "Que caboclo são vocês". Em cartaz de hoje até domingo, no Teatro São José, o espetáculo aborda as origens da cultura brasileira

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br
Legenda: O Casa Caiada luta para se manter em atividade, apesar dos cortes no orçamento das universidades federais
Foto: Foto: Iara Pereira

Na ativa há 11 anos, o grupo de música percussiva Acadêmicos da Casa Caiada, ligado a Universidade Federal do Ceará (UFC), estreia seu quarto espetáculo, "Que Caboclo são vocês". Sucessora de "Sons da Casa" (2012), "Agô, Tambor" (2015) e "Brincante" (2016-17), a apresentação acontece de hoje (7) até domingo (9), às 19h, no Teatro São José (Centro). 

O espetáculo integra a programação da Semana de Ocupação do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da UFC no Teatro São José, que acontece a partir das 14h de hoje (confira os detalhes abaixo). No palco, o Casa Caiada combina tambores, atabaques, ferros e zambumbas na sonoridade percussiva. O conceito de "Que cabloco são vocês" parte de uma pesquisa que investiga - e apresenta, ao público em geral - personagens das origens da cultura brasileira, como cabocolinhos, bois, capoeiristas e sertanejos.  

Além da sequência de quatro espetáculos, o Casa Caiada carrega na bagagem a participação em quatro desfiles no Carnaval da Domingos Olímpio, em Fortaleza (de 2011 a 2016). Catherine Furtado, professora de percussão da UFC, dirige o grupo. Neste espetáculo, a co-direção ficou por conta de Áquila Rebeca, Jean Brito, Juliana Evandro e Victor Ramos. 

Em entrevista ao Verso, Catherine pontuou a preparação do espetáculo, a vivência do grupo, e ainda alertou para os prejuízos do projeto depois que o Governo Federal bloqueou parte do orçamento das universidades federais

Há quanto tempo esse espetáculo tem sido preparado? O embrião dele começou em sala de aula?

O espetáculo teve uma construção de aproximadamente um ano e meio. Acontece com abertura pra comunidade, estudantes do curso de música e demais interessados da universidade. Nós começamos inspirados através do trabalho do Mário de Andrade, das missões de pesquisa folclórica. Por meio dos ritmos de boi, maracatu, cabocolinhos e, com isso, nessa inspiração, elegemos a manifestação do cabocolinho como temática central do nosso espetáculo. Fala sobre o ser caboclo e das matrizes regentes da nossa mistura cultural brasileira, de descendência afro, indígena e sertaneja. Começou em sala de aula sim, através de um trabalho de pesquisa e também na vivência das manifestações da nossa própria cidade, como a brincadeira do boi, do reisado e dos maracatus.   

O Casa Caiada passou recentemente por um processo de seleção de novos integrantes. O que mudou na dinâmica do grupo até aqui? Hoje o projeto exige mais dedicação dos percussionistas?

A exigência de dedicação é um quesito que sempre existiu e vai existir. A gente só tem como permanecer num trabalho se tiver compromisso e dedicação. A dinâmica também sempre muda, porque são pessoas novas que trazem inspirações e as subjetividades de cada um. É uma troca de conhecimento muito rica. O Casa Caiada é um grupo aberto às diversas linguagens e propostas, e também à contribuição que cada um traz no grupo. 

Como ficou a manutenção do grupo após o bloqueio de orçamento das universidades federais?

Sendo bem objetiva, a gente não tem dinheiro para a manutenção dos instrumentos. Então, quando há avarias, como a quebra de baquetas, não temos uma ajuda de custo pra essa necessidade. E, principalmente, o que afetou demais foi em relação aos transportes para as apresentações. A UFC, antes, ajudava com um ônibus grande. É o que precisamos. Infelizmente, depois dos cortes, tivemos todos esses auxílios cortados, por conta dessa situação trágica que estamos vivendo. E isso interfere diretamente nas novas apresentações, porque o Casa Caiada costuma se apresentar em escolas públicas, por exemplo. E as escolas também foram afetadas com esses cortes. A gente acaba tendo que cancelar apresentações por não ter verba pra custear o deslocamento do grupo. 

Serviço
Que Caboclo são vocês?
Temporada de estreia do quarto espetáculo do Grupo de Música Percussiva Acadêmicos da Casa Caiada (UFC). De sexta (7) a domingo (9), às 19h, no Teatro São José (Rua Rufino de Alencar, 299-327, Centro). Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

Programação da Semana de Ocupação do ICA

Local: Teatro São José

Recital didático “Alma Lírica”
Quando: Sexta (7), às 14h 
Acesso: Gratuito

Concerto didático com a Banda Sinfônica da UFC
Quando: Sexta (7), às 15h
Acesso: Gratuito

Grupo de Violoncelos da UFC
Quando: Sábado (8), às 17h
Acesso: Gratuito

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