Forró ajuda cearense com deficiência auditiva a passar por quadro de depressão; veja vídeo
No mesmo ano em que começou a dançar, o multiartista entrou em um quadro de depressão
Como a água no chão batido para a poeira não subir, o forró ajudou o cearense, professor de forró e dançarino Raphael Arielvilo, de 40 anos, a passar por um quadro de depressão. Além de ser uma forma de lidar com os problemas, a dança também ajuda o artista a enfrentar os desafios de ser uma pessoa com deficiência auditiva.
Raphael viralizou com um vídeo dançando forró no ano passado, na Beira Mar, mas só recentemente ele revelou que naquele dia estava mal. O que aparentava ser um dia feliz e de comemoração escondia angústia, ansiedade e tristeza. Mesmo em meio a uma multidão, o artista se sentia sozinho. Apesar de passar por um momento tão difícil, Raphael escolheu dançar.
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Uma metamorfose: assim se define o multiartista, morador do bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. A dança chegou à vida de Raphael em 2009. Antes de encontrar-se no forró, ele transitou por vários ritmos, do funk à quadrilha, mas foi no forró que se descobriu.
Raphael pôde aperfeiçoar seu dom para uma das maiores expressões artísticas nordestinas graças à sua amiga Latieully Lima, ou Becca, como ele a chama. Ela trocava aulas particulares de forró por CDs do dançarino. E foi assim, por um CD ou outro, que, junto com sua colega, o multiartista conseguiu aprender aquilo que seria sua maior ajuda.
Eu aprendi que não é apenas ouvir, mas também é necessário sentir
O dançarino tem deficiência auditiva e escuta apenas com o ouvido direito, comunicando-se por leitura labial em seu cotidiano. Para ouvir as músicas com as quais dança, Raphael relata que precisa aumentar bastante o volume. Amante de desafios, as dificuldades enfrentadas lhe proporcionaram mais fôlego do que desânimo.
No mesmo ano em que começou a dançar, o multiartista entrou em um quadro de depressão. E o que seria apenas por diversão acabou se tornando sua maior válvula de escape.
Aprendizados
Atualmente, Raphael é professor de forró. Ele relata que aprende e ensina ao mesmo tempo, ao longo das aulas, entende as dificuldades de seus alunos, desenvolve ainda mais o amor pela dança e o prazer de ensinar.
Os nossos ensinamentos são para toda a vida. E, se um dia eu partir, que vá partindo fazendo aquilo que eu amo
Além de aprender com os alunos, o dançarino aprende com sua própria história. Vencendo as adversidades, mostrou a si mesmo que nada é impossível e que, às vezes, é necessário ser frágil.
*Estagiário supervisionado pela jornalista Aline Conde