Festival Férias na PI será expandido por Fortaleza em 2025, adianta novo gestor do Instituto Iracema
Diretor-presidente João Wilson Damasceno compartilha prioridades da gestão frente à entidade, incluindo parceria com a Secretaria da Cultura de Fortaleza e retomadas de ações e orçamento
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Festival conhecido por ocupar a Praia de Iracema tradicionalmente nos meses de janeiro e julho em Fortaleza, o projeto “Férias na PI” será descentralizado a partir deste ano na capital cearense.
A decisão foi adiantada ao Verso por João Wilson Damasceno, novo diretor-presidente do Instituto Cultural Iracema (ICI), organização social que promove essa e outras ações junto à Prefeitura de Fortaleza, além de gerir equipamentos culturais da Cidade.
Em entrevista, João reforça o papel do ICI como “parceiro” da Secretaria da Cultura de Fortaleza e partilha prioridades de ação que incluem “atenção” para a região da Praia de Iracema e o Complexo Cultural Vila das Artes, além da retomada do Centro Cultural Belchior (CCBel).
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"Férias na Cidade"
Oficialmente estabelecido em 2018, o Instituto Iracema terá parceria reforçada com a Secultfor, partilha João Wilson, a pedido da secretária Helena Barbosa. “Isso já se simboliza agora no próprio Carnaval. Assim será, (como) colocado pela secretária, em todos os grandes eventos”, afirma.
Entre eles, o diretor-presidente cita o aniversário de Fortaleza deste ano — que abre as comemorações até os 300 anos da Cidade, a serem completados em 2026 —, o São João e as programações de férias.
Para elas, a novidade adiantada por João vem na esteira da expansão de ações culturais por toda a Capital, o que vem sendo um dos principais marcos iniciais da atual gestão da Prefeitura.
“Nessa gestão, como as ações estão nessa linha da descentralização, a programação vai ser ‘férias na cidade’, então a gente vai estar junto também construindo isso”, adianta. Detalhes do formato não foram revelados, mas ele adiantou a realização em julho do novo modelo do festival.
“(Em) janeiro nossa energia foi toda para o Carnaval, mas a ideia é que a partir de julho retome o projeto e que, em todas as férias de julho e de janeiro, essa programação continue já com esse conceito da descentralização”
Atenção para a Praia de Iracema além da Rua dos Tabajaras
Em paralelo a essa busca, o gestor da organização social ressalta, ainda, as prioridades de ação da entidade voltadas ao próprio território da Praia de Iracema, ressaltando uma retomada de “atenção” para a região.
O gesto também ecoa promessas de campanha do prefeito Evandro Leitão (PT), que enquanto candidato havia proposto a criação do “Distrito Criativo Iracema”, com “fomento à ocupação comercial, turística e cultural da Av. Monsenhor Tabosa”, por exemplo.
“O Instituto Iracema foi criado para ser esse lugar de difusão, promovendo ações na área da cultura, mas também de mediação e gestão territorial do lugar. Isso começou muito bem, mas depois foi se perdendo nesses últimos tempos”, avalia.
“Um dos pontos que a gente chega e sente falta, quer retomar, é esse olhar para a Praia de Iracema nesse contexto amplo. Não só a Praia de Iracema da Rua dos Tabajaras, mas a que tem o Poço da Draga, a que tem relação com o Dragão do Mar”
“É um lugar que precisa dessa atenção, são vários atores e atrizes ali no processo — a Universidade, os moradores, os empreendedores, os empresários, a especulação imobiliária, o próprio Dragão do Mar. É um contexto que precisa de uma gestão territorial”, reforça.
Orçamento, reformas e ação cultural como desafios
Para essas e outras ações e projetos partilhados por João Wilson, o gestor reforça a importância de rever e reforçar a própria estrutura da OS. “Hoje, o próprio Instituto tem deficiências em áreas importantes, olhando como gestão, por exemplo em setor de pessoal, de planejamento, financeiro”, reconhece.
Um dos principais pontos neste sentido, segundo ele, é o déficit orçamentário, que atinge, por exemplo, equipamentos geridos pelo ICI. “A Vila das Artes é uma joia, uma escola que tem 18 anos e que entre idas e vindas, gestões que passam, está lá num processo bonito, mas é um lugar que precisa ter atenção maior”, aponta.
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“O orçamento que ela precisa para funcionar não é o que está hoje aprovado. A gente pegou a gestão já com esse déficit do orçamento da Vila das Artes, mas é um ponto que a secretária Helena colocou que deverá dar atenção já nesses processos de ajuste do início do ano”, segue João.
Além da Vila, o ICI tem gestão sobre a Casa do Barão de Camocim — ligada à Vila das Artes — e do Centro Cultural Belchior (CCBel). Este último, segundo o diretor-presidente, precisa de “reformas” da estrutura física, mas também de ação. “A gente identificou um lugar sem muita programação dentro dele, sem muita coisa planejada, então é um ponto que a gente vai priorizar”.
Renovação de gestão e modelo da OS em pauta
Junto do anúncio de João Wilson à frente do ICI e da diretora de Ação e Produção Cultural Amanda Ávila, foram divulgados os nomes das novas gestoras do Complexo Cultural Vila das Artes, do CCBel e da Casa do Barão de Camocim: respectivamente a pesquisadora e artista Samara Garcia; a produtora e gestora cultural Fernanda Matias; e a curadora, produtora e advogada Aline Furtado.
“A gente anunciou, além da renovação do instituto, a renovação da gestão desses lugares. São pessoas que têm competência, história, legitimidade com o campo e apontam nosso olhar de retomada e reconstrução de cada espaço”, define João.
O Instituto Iracema será a terceira Organização Social de cultura pela qual João Wilson passa no Ceará. O gestor atuou no Instituto Dragão do Mar — iniciativa pioneira do tipo no Estado — e compunha até o ano passado a diretoria do Instituto Mirante. Ambos atuam como parceiros do Governo do Ceará.
O modelo da OS, como explica João, se baseia na parceria entre entes públicos e privados. “É uma ‘parceirização’, onde o Estado executa, com instituições privadas de interesse público, determinadas políticas.
“O estado não deixa de ter o papel dele de entregar a política pública para as pessoas, mas tem essa parceria com instituições que conseguem facilitar essas entregas”, segue. A gestão por OS ocorre em diferentes áreas, como também na saúde, em vários estados do Brasil.
“Você imagina ter um lugar como o Dragão do Mar, a Estação das Artes, a Pinacoteca, que tem particularidades de compra de material para conservação, contratação de pessoal, desburocratização na contratação de artistas, planejamento de exposições. Tudo isso requer um detalhamento que o Estado, executando sozinho, tem algumas amarras”
Na avaliação de João, a OS atua em prol de diminuir essas amarras burocráticas. Entre desafios do formato — que incluem, ele cita, tornar os processos “mais participativos” —, o principal deles é a manutenção de ações e políticas, reconhece.
“É um desafio, na verdade, da área da cultura, a manutenção desses investimentos”, aponta. O aumento do tempo de contratos de gestão entre os entes públicos e as OSs, por exemplo, é defendido por João “para que você tenha um planejamento melhor e uma garantia de que, por exemplo, você mude uma gestão e aquela política continue”.
Além da própria experiência de mais de 12 anos em trabalhos em OS, João Wilson ressalta a “conjuntura da relação política” existente hoje para Fortaleza como um diferencial para a gestão.
“Hoje a gente tem um alinhamento que há muito tempo não se tinha do governo federal, estadual, municipal. Além do alinhamento político partidário, de governos, mas também um alinhamento de concepção de cultura”, sustenta.