Fernanda Montenegro é eleita para cadeira na Academia Brasileira de Letras
Atriz teve 32 votos entre os 34 acadêmicos e deve assumir o posto em 2022
Aos 92 anos, a atriz Fernanda Montenegro foi eleita para ocupar a Cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Votação dos acadêmicos ocorreu na tarde desta quinta-feira (4) e terminou com 32 votos entre 34 acadêmicos. Não havia ninguém concorrendo com ela.
O resultado foi divulgado pela ABL. Dois dos votos disponíveis foram em branco, segundo a entidade informou. Marco Lucchesi, presidente da associação, elogiou a trajetória da atriz veterana.
"Fernanda Montenegro é um dos grandes ícones da cultura brasileira. Intelectual engajada e sensível leitora do real. Sua presença enriquece os laços profundos da Academia com as artes cênicas. Com ela, adentram, luminosos, tantos, personagens, que marcaram gerações, passado, presente e futuro", pontuou o acadêmico.
No instagram, a artista agradeceu a oportunidade: "A Academia Brasileira de Letras é um referencial cultural de 125 anos. Abrigou e abriga representantes que honram a diversidade da nossa criatividade em várias áreas. Vejo a academia como um espaço de resistência cultural".
Ela precisava de 17 votos para ser eleita ao posto considerado imortal. A artista deve assumir em março de 2022, quando a academia retorna do recesso de fim de ano.
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Surpresa para a atriz
Em entrevista à jornalista Malu Gaspar, do O Globo, Fernanda Montenegro demonstrou surpresa ao saber do resultado, pois ela não considera sua arte "imortal".
"É algo assim, é uma viagem no imaginário, uma viagem no sublime. A minha arte não é imortal. A arte do ator é enquanto ele está ali vivo, presente em carne e osso", comentou.
A atriz continuou: "Mas, de uma forma poética, vamos dizer que é imortal. Eu fico muito espantada que uma academia que tem como princípio ser imortal, acolher uma atriz que só existe quando está em cena carnificando o personagem".
Mulheres na academia
Fernanda ponderou ainda que a presença feminina na ABL é um ato de "justiça em torna existência humana", pois houve um tempo em qua nenhuma mulher tinha cadeira.
"Isso não vai parar. Vai chegar uma hora que talvez tenha mais mulheres do que homens. Certamente, a chegada das mulheres vai ter força e será aceito. É do tempo atual, da justiça em torno da existência humana", declarou.
A atriz ainda teceu críticas a Jair Bolsonaro na entrevista: "Esse atual governo é uma forca, um vômito, é uma apunhalada no ventre. Mas vai acabar. Uma hora vai acabar".
Cadeira 17
A Cadeira 17 da academia antes pertencia ao acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, que morreu em março de 2020.
Antes de Affoson, ocuparam também o lugar Sílvio Romero (fundador) – que escolheu como patrono Hipólito da Costa –, Osório Duque-Estrada, Roquette-Pinto, Álvaro Lins e Antonio Houaiss.