Escritor húngaro vence o Prêmio Nobel de Literatura

László Krasznahorkai, escritor de "Sátántangó" e "Melancolia da resistência", foi anunciado como vencedor do prêmio

Escrito por
Geovana Almeida* geovana.almeida@svm.com.br
(Atualizado às 11:56)
Retrato de László Krasznahorkai, de terno preto com cabelo grisalho e barba, em evento com fundo de logos de 'The Man Book International Film.'
Legenda: László Krasznahorkai venceu o prêmio aos 71 anos de idade
Foto: Adrian Dennis/ AFP

O escritor húngaro László Krasznahorkai venceu o Prêmio Nobel de Literatura 2025. O anúncio foi feito pela Academia Sueca, em Estocolmo, na manhã desta quinta-feira (9). O valor da premiação ultrapassa os R$ 6 milhões.

László é autor de "Sátántangó" e "Melancolia da resistência".

Durante o anúncio do vencedor, o secretário permanente da Academia Sueca, Mats Malm, afirmou que László venceu o prêmio "por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte".

Veja também

Quem é László Krasznahorkai

László Krasznahorkai nasceu em Gyula, na Hungria, em 1954, mas viveu e viajou por muitos outros lugares, como Berlim, a Ásia Oriental e Nova York, fato que influenciou bastante na sua escrita.

O autor de 71 anos é especializado em latim e formou-se em direito pela Universidade de Szeged e pela Universidade Eötvös Loránd (ELTE), ambas na Hungria.

Apelidado pela falecida ensaísta americana Susan Sontag de “mestre contemporâneo do apocalipse”, László é conhecido por ter uma escrita distópica e melancólica.

Em 1985, o autor publicou "Sátántangó", obra que o "revelou" como escritor e conta a história de um grupo de moradores desamparados numa zona rural da Hungria, pouco antes da queda do comunismo. A obra foi sucesso na Hungria e foi transformada em filme pelo cineasta Bela Tarr, em 1994.

Livros de László Krasznahorkai expostos para fotógrafos e imprensa na cerimônia de premiação, na Academia Sueca, em Estocolmo, na quinta-feira (09).
Legenda: Livros de László na cerimônia de premiação, na quinta-feira (09).
Foto: Jonathan Nackstrand / AFP

A fama do autor ultrapassa as fronteiras da Hungria. Em 2015, ele recebeu o Man Booker International Prize, importante prêmio literário concedido a cada dois anos para um autor de ficção de qualquer nacionalidade.

Nas listas de apostas para o Prêmio Nobel de Literatura 2025, Lázslo não figurava como um dos favoritos para ganhar.  Os favoritos eram o suíço Christian Kracht, figura central da literatura alemã, e o australiano Gerald Murnane, autor cult cuja obra singular o transformou em um dos últimos grandes “eremitas” das letras anglófonas.

O que é o Prêmio Nobel

No ano de 2025, os prêmios de Medicina e Fisiologia foram anunciados na segunda-feira (6), o de literatura nesta quinta e o encerramento acontecerá na segunda-feira (13) com a entrega do prêmio de economia.

Criado pelo químico e empresário Alfred Nobel, inventor da dinamite, o Prêmio Nobel foi entregue pela primeira vez no ano de 1901, cinco anos após a morte do criador.

Imagem da fachada do Nobel Peace Center em Oslo, Noruega, com sua arquitetura clássica, perto de um centro de convenções moderno, em um dia nublado.
Legenda: Centro Nobel da Paz, Noruega
Foto: Baloncici/Shutterstock

Alfred Nobel doou a maior parte da própria fortuna para a criação de prêmios de física, química, medicina, literatura e paz (o prêmio de economia foi criado anos mais tarde), que homenageiem grandes feitos para a humanidade.

O documento de criação do prêmio dizia que ele deve ser concedido "àqueles que, durante o ano anterior, tenham conferido o maior benefício à humanidade".

Outros ganhadores do prêmio

Conforme informações da CNN Brasil, desde 1901, foram 122 laureados em 118 premiações. E até hoje ninguém foi premiado mais de uma vez. Nenhum brasileiro venceu a categoria de literatura do Prêmio Nobel até hoje.

Em 2024, a escritora sul-coreana, Han Kang, foi a vencedora, tornando-se a 18ª mulher a vencer a categoria. A primeira foi a autora sueca Selma Lagerlof em 1909.

Cientistas como Albert Einstein, Niels Bohr e Marie Curie, além de líderes inspiradores como Nelson Mandela, Martin Luther King Jr. e Madre Teresa, já venceram a premiação.

Alguns nomes geraram polêmica quando premiados, como Egas Moniz, vencedor do Nobel de medicina, em 1949, pela prática da lobotomia, desde então desacreditada.

*Estagiária supervisionada pela jornalista Mariana Lazari.

Assuntos Relacionados