De Carlinhos Brown ao Luxo da Aldeia, artistas cantam um Carnaval idealizado; ouça

Confira quatro lançamentos musicais marcados pela temática, incluindo a parceria entre Daniela Mercury & Gal Costa; e o Baiana System

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Carlinhos Brown comemora mais de 40 carnavais com o lançamento de disco ao vivo
Foto: Magali Morais

O Carnaval de 2021 ainda não aconteceu, e nem deve acontecer conforme a tradição. O fato já desperta uma série de manifestações entre artistas e o público ligado ao festejo. Na música, a véspera do período não passa em branco e os lançamentos marcados pela lembrança carnavalesca estão no ar.  

De Carlinhos Brown aos cearenses do Luxo da Aldeia, os artistas já cantam a memória e o ideal de um Carnaval de todos os tempos, menos do tempo presente - consequência da pandemia. Confira quatro lançamentos nessa inspiração:    

Carlinhos Brown 

Um dos ícones do Carnaval na Bahia, Carlinhos Brown impulsionou a “axé music” enquanto compositor, e ainda pela própria energia de suas performances no canto e nos batuques. Autor de pérolas do axé como “Toneladas de Desejo” e “Água Mineral” (ambas do repertório da Timbalada); e “Selva Branca” (gravado pelo Chiclete com Banana nos anos 80), Brown lançou ontem (5), versões ao vivo de suas composições mais conhecidas, no álbum “Umbalista Verão - Ao Vivo”.  

O disco está disponível nas plataformas digitais. É curioso, escutando a sequência, lembrar que “Meia Lua Inteira”, muito conhecida na voz de Caetano Veloso, leva a assinatura de Carlinhos Brown. As canções ganharam arranjos bem “crus”, que privilegiam mais seu apelo rítmico e menos a força das melodias criadas por Brown.   

O trabalho é o segundo de uma trilogia que revisita o repertório mais importante da carreira do baiano. O primeiro álbum, “Umbalista Verão”, saiu em agosto passado. Lançado às vésperas do Carnaval não é por acaso, o disco celebra mais de 40 carnavais na vida de Carlinhos Brown.  

Daniela & Gal 

Daniela Mercury captou o espírito de ansiedade coletiva para que a imunização em massa se torne real e a pandemia da Covid-19 passe o quanto antes. Na letra de “Quando o Carnaval Chegar”, a cantora conta como é se “guardar” e se esbaldar somente em 2022 – quando, segundo as previsões mais otimistas, haverá os festejos de Carnaval novamente.  

Gal Costa divide a cantoria com a baiana, e também vira personagem de um clipe divertido, criado pelos artistas Renato Nunes e Militão Queiroz. A faixa ainda homenageia Moraes Moreira, tanto em um dos refrões da letra, como no desenho do clipe. 

“Quando o Carnaval chegar/ Vou saber que a vida está/ Em meu corpo/ Vou sair de mim em alvoroço/ Vou sentir o ar bater no meu rosto”, canta Daniela e Gal, a partir de versos que falam de um tempo futuro e idealizado.  
  

Luxo da Aldeia 

O Bloco Luxo da Aldeia, sucesso do Carnaval de Fortaleza, lançou uma canção inédita no You Tube, na último dia 2, para aliviar a ausência dos festejos em 2021. Parceria entre Bruno Perdigão e Thales Catunda (integrantes do bloco), com o compositor cearense Marcus Dias (que lançou seu último álbum em dezembro passado), “Marcha do Desencontro” foi registrada por Bruno em voz e violão, praticamente como uma “palhinha”.  

Após a pandemia, o Luxo da Aldeia deve gravar a composição com a banda completa. Bem humorada, a letra conta a história de uma paquera frustrada pelas ruas do Benfica.  

Baiana System 

Nos últimos carnavais, um dos artistas brasileiros que vinha se tornando referência do período foi o Baiana System. Os baianos, unindo suíngue, consciência política e uma vasta pesquisa de ritmos afro-brasileiros, passaram a formar um público consistente de uns 7 anos até cá. Agora, o lançamento de seu novo single, “Reza Forte”, impacta a véspera do Carnaval e gera expectativa para a divulgação do próximo disco, marcada pra próxima sexta (12). 

Com a participação especial do rapper BNegão (RJ) nos vocais, a música mira forte na tradição espiritual afrodescendente e celebra as vibrações altas dos rituais de limpeza energética da cultura negra. O recado da letra fica bem claro, entre a leitura da realidade e a necessidade de articular o amparo do divino: o mundo é perigoso, mas se proteja com “folha de arruda, pé de coelho e sal grosso”.  

 

 

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