Cultura das quadrilhas juninas é destaque no São João do Ceará Solidário Dendi Casa

Evento, promovido pelo Sistema Verdes Mares, garante que a tradição no Estado seja mantida, mesmo em tempos de pandemia do novo coronavírus

Escrito por Redação ,
Imagem: arquivo do Diário do Nordeste
Legenda: Dia do Avaliador Junino aguarda sanção para ser incluído no Calendário Oficial
Foto: Helene Santos

Não fosse a pandemia do novo coronavírus, vivenciaríamos outra atmosfera no Ceará neste momento. Bandeirinhas coloridas decorariam ruas, pequenos empreendedores estariam prontos para vender delícias regionais e o som da sanfona e do triângulo ecoaria nas praças e logradouros.

Da parte das quadrilhas juninas, a dinâmica seria igualmente movimentada. “Neste período, geralmente estaríamos nos ensaios finais, com cenário e estrutura montada, para que os participantes pudessem ter uma noção de como seria a apresentação oficial. Também faríamos os últimos acabamentos de indumentárias”, detalha Milton Júnior, marcador junino, bailarino folclórico, pedagogo e coordenador geral da quadrilha junina Paixão Nordestina, de Fortaleza.

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Todo esse esforço será reconhecido, porém. A agremiação será uma das homenageadas pelo São João do Ceará Solidário Dendi Casa, promovido pelo Sistema Verdes Mares. O evento conta com grandes nomes e farta programação, de modo a fazer com que a tradição junina persista, ainda que em tempos tão nebulosos. Os programas são transmitidos nos domingos de junho, às 18 horas, pela TV Diário e plataformas digitais do SVM.

Imagem: arquivo do Diário do Nordeste, Hele Santos
Legenda: A Paixão Nordestina é tetracampeã cearense pela Federação de Quadrilhas Juninas do Estado
Foto: Helene Santos

Milton Júnior situa a relevância da Paixão Nordestina participar do evento.

“Nós parabenizamos e agradecemos ao Sistema Verdes Mares por essa iniciativa, em ratificar e fomentar a cultura e o movimento junino do Ceará. Nós esperamos que o público possa entender como essa festa é tão grandiosa, como ela move diversos profissionais, que hoje não apenas estão sem dançar quadrilha, como também estão sem fonte de renda porque o movimento junino era uma das formas para arrecadação”.

O artista também explica que a busca por alternativas para manter a tradição tem guiado as agremiações juninas neste atípico ano. A Paixão Nordestina, por exemplo – tetracampeã cearense pela Federação de Quadrilhas Juninas do Estado – recorre ao digital para realizar reuniões, diálogos e oficinas. Neste mês, a programação continua, com novidades.

Milton igualmente destaca que cerca de 170 pessoas atuam no grupo. Devido à pandemia, adaptações precisaram ser feitas.“A palavra certa neste momento é replanejar, para que tudo aconteça normalmente em 2021”.

Há outro sentimento que perpassa os grupos do setor neste cenário: preocupação, especialmente após o cancelamento do edital Ceará Junino deste ano, anunciado em 20 de abril pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult-CE).

O documento abria a possibilidade para que quadrilhas juninas pudessem se apresentar em diferentes polos da festa no Estado. Conforme a pasta, a decisão foi tomada a fim de respeitar o decreto governamental, com série de medidas para enfrentamento do novo coronavírus.

Para Tácio Monteiro, diretor da União Junina do Ceará e membro do comitê gestor Ceará Junino, a resolução fez com que grupos se mobilizassem para reverter prejuízos.

“Os trabalhos já estavam bem adiantados, iniciados ainda no segundo semestre do ano passado. Com o cancelamento do edital, ficamos numa situação complicada, porque contamos com esse fomento”, dimensiona.

Imagem: Arquivo Diário do Nordeste, Fabiane de Paula
Legenda: quadrilha Junina Babaçu, uma das agremiações participantes do São João do Ceará Solidário Dendi Casa, no último domingo (7)
Foto: Fabiane de Paula

Ele comenta que, em média, 350 grupos juninos atuam no Estado hoje e que cada um começou a buscar caminhos para tentar modificar o quadro. O próprio Tácio, também presidente da quadrilha Junina Babaçu – uma das agremiações participantes do São João do Ceará Solidário Dendi Casa, no último domingo (7) – mensura as ações feitas por eles.

“Temos 200 integrantes e estamos realizando fóruns, conversando sobre a temática que ia ser trabalhada neste ano. Fazemos lives com várias equipes. Assim, apesar de tudo, continuamos ativos”, afirma.

A quadrilha junina também está ajudando músicos e mobilizando costureiros para que façam máscaras com a marca da agremiação, aproveitando a adesão por parte dos fãs do grupo.

“Todos estão se sensibilizando com essa a realidade, porque são profissionais que tinham uma renda durante o período. E isso acontece com quase todos os grupos, em que vaquinhas online e até cestas básicas estão sendo feitas”.

Quanto à oportunidade de ter participado do evento do SVM, no primeiro domingo de junho, Tácio Monteiro é enfático: “Essa visibilidade é sempre importante porque as pessoas passam a entender a relevância da cultura popular e do trabalho que nós realizamos, de resgate e crescimento desse movimento”.

Interatividade

Diretor de programação do SVM, Fabio Ambrósio afirma que o evento deste ano, além de levar alegria para a casa das pessoas, também investe em interatividade.

“Não temos somente música, vamos rechear as transmissões com diversos quadros que serão exibidos nos intervalos das apresentações musicais. Tudo isso pra transformar o fim de tarde dos domingos do cearense em algo interessante e que pode ser compartilhado entre todos da família, em casa”.

Imagem: Arquivo do Diário do Nordeste, Fabiane de Paula
Legenda: Para manter os costumes ativos, os 200 integrantes da Junina Babaçu realizam lives e fóruns, conversando sobre a temática que ia ser trabalhada neste ano
Foto: Fabiane de Paula

Brincadeiras de São João, causos e comédias, dentre outras ações, ganharão visibilidade.

“A gente levou para apresentar o evento um dos maiores comunicadores do País e uma cantora que sabe tudo de forró, Tony Nunes e Michele Andrade. Eles estarão sempre acompanhados de um humorista, a exemplo de Lailtinho Brega, Bené Barbosa, Titela, Anderson Justos, Aluísio Junior, Aurineide Camurupim e Oscarbrito”, completa Ambrósio.

Cuidados

Considerado o maior festejo junino de Capital do Brasil, o São João do Ceará se reinventou por conta da pandemia. Nesta edição, acontece de forma inteiramente digital, respeitando as normas de distanciamento social para conter a pandemia do novo coronavírus. É possível assisti-lo pela TV Diário e nas plataformas digitais do SVM, a partir das 18 horas.

Enquanto aproveita aquele forró, o público também é convidado a fazer doações para a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Um site (saojoaodocearasolidario.com.br) foi criado para que qualquer pessoa apoie a causa por meio de um cadastro rápido.

Os participantes, além de fazerem parte da placa de homenageados que será instalada na Santa Casa, terão seus nomes em um caderno especial do Diário do Nordeste.

Fábio Ambrósio evidencia essa ação: “Pedimos a participação de todos, doando amor. Isso mesmo, não precisa doar dinheiro, quem doa é o patrocinador. As pessoas só têm que apontar o celular para o QR Code e fazer um cadastro para doar um coração. Atingindo a meta de 300 mil corações, nossos patrocinadores vão fazer uma doação para a Santa Casa de Misericórdia”, explica.

> Saiba Mais: Programação do São João do Ceará Solidário Dendi Casa

Transmissão pela TV Diário e plataformas digitais do SVM

Dia 14/06 (Domingo)
Horário: 18h
Atrações: Ávine Vinny, Solange Almeida e Chico Pessoa

Dia 21/06 (Domingo)
Horário: 18h
Atrações: Noda De Caju, Brasas Do Forró, Forrozão Tropykália e Rita De Cássia

Dia 28/06 (Domingo)
Horário: 18h
Atrações: Samyra Show, Waldonys, Renno Poeta, Sirano, Sirino e Siranim

* Nos programas, as apresentações musicais serão intercaladas com homenagens às quadrilhas e ao mestre artesão Espedito Seleiro. Há também depoimentos de artistas no quadro “Meu coração junino”

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