Conheça Cristina Peri Rossi, escritora uruguaia que versa romance e poesia

Escritora uruguaia teve os livros "Nossa Vingança é o Amor" e "A Insubmissa" publicados no Brasil neste ano

Escrito por
Beatriz Rabelo beatriz.rabelo@svm.com.br
(Atualizado às 23:41)
Imagem de divulgação da obra de Cristina Peri Rossi para matéria sobre como ela desafia e renova a poesia da América Latina.
Legenda: Cristina Peri Rossi teve mais de quarenta livros publicados, sendo traduzidos para mais de 20 idiomas.
Foto: Colagem de Beatriz Rabelo (com imagens de divulgação e de arquivo Julio Cortázar/Peri Rossi).

Cada nova tradução lança luz sobre o todo de uma obra. Ainda que a escritora uruguaia Cristina Peri Rossi, de 83 anos, tenha uma carreira extensa, recentes lançamentos possibilitam a recirculação de suas palavras. Neste ano, as livrarias brasileiras receberam "Nossa vingança é o amor: antologia poética (1971 - 2024)", da Editora 34, e "A insubmissa", da editora Bazar do Tempo. 

Há quase cinco anos, Rossi venceu o Prêmio Cervantes. Ela é uma das poucas mulheres que conseguiu destaque no Boom Latino-Americano, um movimento de escritores da América Latina dos anos 1960 e 1970. Além de Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, também estão nomes como Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa.

E, que não esqueçam: Cristina Perri Rossi. Ela também se consolidou como integrante desse grupo de romancistas com ampla divulgação pelo mundo. Ao todo, a uruguaia teve mais de 40 livros publicados, enquanto conta com traduções para mais de 20 idiomas. 

Livros de Cristina Peri Rossi publicados no Brasil, incluindo Nossa Vingança é o Amor e A Insubmissa.
Legenda: Livro "Nossa Vingança é o Amor" conta com poemas escritos entre 1971 e 2024.
Foto: Divulgação.

"Enquanto alguns se dedicam fanaticamente a ficar ricos e a dominar as fontes de poder, outros nos dedicamos a expressar as emoções e fantasias, os sonhos e os desejos dos seres humanos", afirmou a autora em discurso de agradecimento ao Prêmio Cervantes. 

E foi para a escrita que Rossi dedicou sua vida. Com obras que se destacam pela potência e transgressão, ela abriu caminhos na literatura da América Latina, renovando as formas de se debruçar sobre o romance e a poesia.

Exílio no período das ditaduras

Imagem de Cristina Peri Rossi e Júlio Cortázar, na casa deste último em Paris, em 1973.
Legenda: Júlio Cortázar chegou a escrever para Cristina que "você e eu já temos uma espécie de relacionamento anterior, vicissitudes de outra amizade remota".
Foto: ARQUIVO JULIO CORTÁZAR / PERI ROSSI

Foi seu compromisso político que a levou ao exílio durante as ditaduras do Cone Sul Global. Inicialmente, Cristina viajou à Espanha até que a "tempestade amansasse", mas nunca regressou. Vive em Barcelona até hoje. 

No exílio, manteve amizade com diversos escritores, mas a aproximação com Júlio Cortázar chegou a ser uma das mais importantes de sua vida. Ao longo dos anos, trocaram poemas e cartas, e fizeram viagens apenas para se encontrarem. A relação dos dois é abordada no livro "Julio Cortázar y Cris", publicado em espanhol pela editora Cálamo. 

Escrita transgressora no Boom Latino-Americano

Em "A Insubmissa", seu livro de memórias sobre a juventude, Rossi compartilhou a sensação de se sentir "anormal", sem conseguir se encaixar de todo no mundo. Sua infância e adolescência foi marcada por transgressão e valentia.

Mas foi justamente por ser diferente que Cristina conseguiu abrir tantas portas. Seu primeiro livro de poemas eróticos, Evoé, foi um escândalo na década de 1970. Lésbica, Cristina não escondia quem era e o que defendia.

Para ela, o amor foi um dos remédios que conseguiu fazê-la superar essa ideia de "desenraizamento". Suas obras são atravessadas pelas vivências do seu exílio e pelo debate sobre a liberdade, a sexualidade feminina e o desejo entre mulheres

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Lançamentos de Cristina Perri Rossi

A tradução do romance "A Insubmissa" foi feita por Anita Rivera Guerra, enquanto a obra "Nossa Vingança é o Amor", contou com a tradução e organização de Ayelén Medail e Cide Piquet. 

Na antologia bilíngue "Nossa Vingança é o Amor", que contém mais de 150 poemas, há também o discurso de agradecimento ao Prêmio Cervantes. 

 

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