Venda porta em porta ganha força na crise

Dados da ABEVD indicam que o número de revendedores diretos cresceu 5% em setembro e 1,4% no ano

Escrito por Ângela Cavalcante - Repórter ,
Legenda: A Cacau Show, que iniciará a venda direta neste ano, prevê que o segmento representará 25% do faturamento da rede até 2018
Foto: FOTO: JULIANA VASQUEZ

Em tempos de inflação e redução do emprego, investir no ramo de venda direta tem sido uma das alternativas de geração de renda ou mesmo para ampliação da receita. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) indicam que o número de revendedores diretos (profissionais autônomos atuantes) cresceu 5% no último mês de setembro e 1,4% no acumulado do ano, em comparação com o mesmo período de 2014, somando aproximadamente 4,4 milhões de consultores no País.

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Ainda de acordo com o estudo de dimensionamento do mercado de venda direta realizado pela ABEVD, de janeiro a setembro o volume de negócios somou R$ 29,9 bilhões, significando um crescimento de 0,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. No segundo trimestre o crescimento havia sido de 2,4%.

Embora a entidade afirme que "o setor de vendas diretas cresce, historicamente, independente do cenário econômico" e não existam estatísticas da ABEVD que comprovem a tese de que a venda direta é alternativa para sobreviver a crise, experiências como a da administradora de empresas, Vanderlândia Coelho Martins, reforçam essa tendência do mercado.

Até o dia 3 de julho, ela exercia a função de supervisora administrativa da área comercial de uma empresa, que encerrou suas atividades devido aos impactos da crise. "Com essas mudanças no mercado a empresa fechou e, como eu já era consultora Natura há 12 anos, resolvi investir mais nessa atividade, transformando o que era renda extra na minha atual fonte de renda principal. Me tornei autônoma e passei a investir em meu próprio negócio", afirma.

Ela conta que antes de deixar o emprego não tinha muito tempo de se dedicar à atividade, mas que agora essa realidade mudou. "Na empresa eu trabalhava em horário integral, então só vendia Natura a noite e em fins de semana. Agora desdobrei meu tempo para vender Natura e estou com um pronto atendimento. O valor que recebi na rescisão, investi em mercadorias e fiz um capital de giro para ter maior lucratividade".

Confiante, Vanderlândia diz que espera um "retorno gradativo" do investimento. "O mercado não está fácil. Mas a Natura dá as ferramentas para você investir e para poder repassar aos clientes. Cabe a gente ter a técnica de venda para uma melhor abordagem com o cliente".

A consultora fala que conta com o apoio de duas pessoas que revendem para ela. "Eu dou toda cobertura a elas, com mercadoria da pronta entrega, na parte da cobrança, e também utilizando a maquineta de cartão de crédito", informa. A maquineta, segundo ela, é outro investimento de Vanderlândia. "É uma ferramenta que ajuda a aumentar o portfólio de clientes, pois facilita vender até para quem a gente não conhece", explica.

Números

De acordo com a Natura, os números comprovam o incremento no contingente de consultoras da marca neste ano face a 2014. Segundo a empresa, a Natura fechou o mês de setembro com 1,835 milhão de consultoras no Brasil e na América Latina, volume 6,1% superior em relação a setembro do ano passado, quando o total de consultoras era de 1,728 milhão.

Empresas

A percepção de que a venda direta pode ser a saída para contornar o cenário de crise que se instalou na economia não é exclusividade de profissionais autônomos que decidem enveredar por esse ramo de atividade. Empresas que sempre atuaram por meio de lojas físicas e que não possuem tradição em vendas diretas, também estão estreando neste tipo de negócio. É o caso da Cacau Show.

A rede está apostando no setor e planeja que até 2018, as vendas diretas representem 25% do faturamento da empresa - um volume expressivo, se for considerado que em 2015, a Cacau Show prevê faturar R$ 3 bilhões, valor 25% superior ao registrado pela varejista em 2014.

Até dezembro deste ano, a rede pretende contratar 10 mil revendedores, por meio dos franqueados da companhia, que reúne 1.900 lojas em todo o País.

Investimento

Para se tornar um revendedor Cacau Show, o investimento inicial é de R$ 178,50. Esse valor inclui um kit de produtos da marca com catálogo dos itens disponíveis para pronta-entrega, além de trufas e chocolates.

'O ganho do revendedor corresponderá a15% do lucro obtido com as vendas dos chocolates Cacau Show.

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