Hidrogênio verde: qual a importância das fontes eólica e solar para a 'energia do futuro'
O elemento químico pode ser usado para fonte de energia de veículos e da indústria, sendo fundamental para a descarbonização da economia
Você já deve ter ouvido falar ou lido algo sobre o Hidrogênio Verde (H2V), mas compreende quais as suas aplicabilidades e o seu papel socioeconômico? Trata-se de um gás já usado como fonte de energia para transportes e para a indústria. As duas formas mais consumidas desse elemento químico são a marrom (gerado por carvão) e a cinza (gerado por metano).
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Ambas são extremamente poluentes e vão de encontro à descarbonização da economia. Já a terceira é o H2V, produzido a partir de fontes renováveis. A geração via energia eólica, solar ou de biomassa garante um processo limpo e sustentável para reduzir as emissões de gás carbônico de diversos setores econômicos que utilizam a substância.
Diferenciando-se dos demais, portanto, por não utilizar combustíveis fósseis (não renováveis) na sua produção. Por esse motivo, o hidrogênio verde é considerado a “energia do futuro”, atraindo os olhares de diversos mercados, sobretudo, o externo.
O Brasil, que possui grande capacidade tanto de geração de energia fotovoltaica como eólica em razão das condições climáticas, desponta com alto potencial para ser um exportador do H2V.
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De olho nesse mercado, o Ceará planeja instalar um 'hub' de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), aproveitando a logística para exportações. Atualmente, já foram firmados 19 memorandos com empresas interessadas em instalar plantas de H2V no Estado.
O papel das energias renováveis
A presidente Executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, enfatiza que, diante desse cenário, é fundamental investir em fontes renováveis de energia.
“A energia eólica será uma importante fornecedora de energia limpa e renovável. O Brasil tem um potencial muito grande, já que o país é rico em recursos tanto onshore (na terra) e offshore (no mar)”, diz, enfatizando que o Ceará acompanha essas vantagens competitivas.
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Conforme dados da Abeeólica, é necessário um aumento de quatro vezes nas novas instalações de energia eólica nesta década para que o mundo se mantenha na rota de 1,5°C até 2030.
Atualmente, o Ceará tem capacidade instalada de 2.568 MW, e possui 598 MW contratada, totalizando 3,1 mil MW. Com isso, é o quarto estado brasileiro com maior produção de energia através dos ventos, atrás da Bahia (12.664 MW), Rio Grande do Norte (11.445 MW) e do Piauí (4.419 MW).
Custo de produção
Uma questão do hidrogênio é que a sua fabricação depende da energia elétrica renovável para a eletrólise, encarecendo o produto. No caso do verde, ela precisa ser renovável.
O processo ocorre da seguinte forma: uma corrente elétrica atravessa a molécula da água (H2O) e separa os átomos de hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) para a formação dos gases.
Contudo, o presidente Executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, destaca que o custo de produção pode ser reduzido.
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“É possível pensar no H2V para a exportação, mas também para atendimento do mercado interno brasileiro com o custo menor desde que tenhamos condições de construir uma geração mais próxima do ponto de consumo, evitando uma logística complexa”, frisa.
Rodrigo acrescentou que a regulamentação Centrais Geradoras Híbridas (UGHs), por meio da Resolução Normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de nº 954/2021, permitiu a combinação de duas ou mais fontes de geração na mesma infraestrutura elétrica, barateando os equipamentos, segurança, o conjunto de serviços e o próprio terreno.
“É possível, do ponto de vista regulatório, combinar projetos de tecnologias diferentes e fazer a contratação com menores custos. A solar é uma fonte versátil, que pode ser combinada com as demais, ocasionando ganhos em termos de redução de manutenção e de custo”, observou.
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O Ceará é o 10º estado com a maior potência instalada (398,4 MW) do País, sendo o quarto com mais usinas solares em operação (499,9). Ao todo, 302 estão sendo instaladas e 3,5 mil devem ser construídas.
Atualmente, acrescentou Rodrigo, o hidrogênio verde já é usado para a fabricação de amônia, matéria-prima para refinarias, indústria química e metanol.
Além disso, possui competitividade para produzir fertilizantes, cimento, alumínio, óleo e para fornecer energia a veículos de grande porte, como aviões, nos mercados brasileiro e internacional.