Ceará deve assinar mais três memorandos de hidrogênio verde; outros 7 em negociação

Estado já possui 19 acordos fechados, que somam cerca de US$ 20 bilhões em investimentos

Escrito por Heloisa Vasconcelos e Carolina Mesquita , negocios@svm.com.br
Legenda: Governadora Izolda Cela ressalta esforço do Estado no desenvolvimento do hub de hidrogênio verde.
Foto: Thiago Gadelha

Com 19 acordos já firmados, o Ceará segue buscando o fortalecimento e consolidação do hub de hidrogênio verde planejado para ser instalado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). A governadora do Estado, Izolda Cela, revelou que, em breve, novos três memorandos devem ser assinados, enquanto outros sete estão em negociação.

A informação foi dita durante o Fiec Summit Hidrogênio Verde 2022, evento realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) que conta com a participação de especialistas e cientistas dessa nova matriz energética, além de representantes da academia, dos poderes públicos e da iniciativa privada.

"Nós temos hoje 19 memorandos assinados com grandes empresas, são compromissos de prospecção de negócios, de implantação de negócios aqui, temos três (memorandos) para assinar brevemente e sete em estágio ainda de negociação. Isso mostra o vigor do Estado (nesse segmento) e eu quero agradecer muitíssimo a confiança as empresas ao Ceará", afirmou Izolda durante a cerimônia de abertura.

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Ela destacou o protagonismo do Ceará em relação ao H2V, com o hub lançado ainda em 2020 pelo então governador Camilo Santana, que integrava poder público, setor privado e academia.

Além dos memorandos de entendimento, o Estado já possui o protótipo de uma usina sendo construída pela EDP e um pré-contrato firmado com a Fortescue. Em relação ao desenvolvimento dos demais acordos, a governadora pontuou que eles estão avançando exatamente conforme o previsto.

O reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cândido Albuquerque, reforçou que o Estado está sim à frente dos federados vizinhos pela organização que está firmando.

"Os outros estados estão muito atrás. Não se senta para uma matéria dessa ordem e já se faz o contrato definitivo, você vai construir as condições. E o estado do Ceará, graças a essa articulação que o governo tem feito com a Fiec, com as academias, enfim, essa união do Estado coordenada pelo Governo do Estado, é que está permitindo que a gente esteja na frente", explica.

Albuquerque também ressalta que a UFC está ampliando os laboratórios que já possui nessa área e que, inclusive, já está cedendo professores que comporão um curso sobre hidrogênio verde elaborado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

Reconhecimento federal

Também presente no evento, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, lembrou que o Brasil já possui 66 projetos de energia eólica offshore no aguardo de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), totalizando 169 GW.

A matriz vai ser essencial para o desenvolvimento da cadeia do hidrogênio verde, e Leite pontua que o Ceará possui características econômicas e naturais favoráveis, com muito sol e constância de ventos.

Além daquilo que acontece em terra, o Ceará tem uma oportunidade gigantesca no mar, a eólica offshore. O Ibama, junto com o Ministério de Minas e Energia, vamos criar uma plataforma única de gestão de área marinha para geração de energia. Isso é importantíssimo, porque, olhando para o mar, é um oceano de oportunidades que vocês têm aqui no Ceará".
Joaquim Leite
Ministro do Meio Ambiente

O ministro ainda indica que a energia em larga escala produzida em alto mar tem dois destinos possíveis: o próprio hidrogênio verde e a amônia verde, sendo esta uma solução mais rápida de geração de energia exportável.

"O mundo busca um porto seguro para produzir (hidrogênio verde), de um país amigo, próximo e que tenha energia verde excedente. Esse país é o Ceará", dispara.

Impacto social

Conforme a chefe do Executivo estadual, além de contribuir de forma significativa para a descarbonização do planeta e a preservação do meio ambiente, o hidrogênio verde ainda irá gerar oportunidade e inclusão, especialmente no Interior do Estado.

"Nós temos também aqui um compromisso com a inclusão. Então, pensamos no fortalecimento dessa matriz de energia renovável aqui com a intenção também de incluir aquelas pessoas que moram no campo, que são pessoas ainda submetidas a situações de muita dificuldade, de muita pobreza, desigualdade", destaca Izolda.

O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, reforça que os 19 memorandos assinados já somam US$ 20 bilhões a serem investidos nos próximos cinco anos no Estado, recursos que devem impulsionar de forma significativa o mercado de trabalho.

Vão ser gerados milhares de emprego e são empregos no interior do Ceará. A eletrolisadora ficará no Pecém, mas a produção de energia será em todo o interior do Ceará. Em cidades que não tem outra solução a não ser o governo chegar lá e apoiar, essas pessoas vão conseguir ter emprego, dignidade, e vão poder ficar nas suas cidades".
Ricardo Cavalcante
Presidente da Fiec

Ele revela que o próprio Observatório da Indústria da Fiec já tem registros de pessoas que antes sobreviviam da renda do Bolsa Família e agora, trabalhando em plantas de energia solar, alcançaram rendimento de quatro a cinco salários mínimos.

"Isso é que é revolução. A pessoa estava no campo, não saiu de lá e melhorou a renda dela", ressalta Cavalcante.

O presidente da Fiec acrescenta que o governo do Estado, a academia e a própria federação precisam ficar atentos e acolher os investidores interessados no desenvolvimento do hidrogênio verde no Ceará, sem deixar brechas para que essa grande oportunidade escape.

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