Ceará atinge recorde de R$ 3,7 bilhões em financiamentos imobiliários com recursos da poupança

Na Capital, o estoque de imóveis de padrão econômico é de 3.108, de acordo com o Sinduscon

Escrito por
Bruna Damasceno bruna.damasceno@svm.com.br
Foto de prédios em Fortaleza
Legenda: Mercado imobiliário cearense bateu recordes em 2024, mas projeta desaceleração nos próximos meses
Foto: Fabiane de Paula

Em 2024, o Ceará registrou o maior volume de financiamentos imobiliários com recursos da poupança dos últimos cinco anos, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A cifra saltou de R$ 2,01 bilhões em 2020 para R$ 3,7 bilhões no ano passado, totalizando aumento de 84,3%. 

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Na comparação com 2023, quando o montante em empréstimos imobiliários atingiu R$ 2,9 bilhões, o aumento foi de 25,18%. Diante do resultado, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa, prevê alcançar um valor geral de vendas (VGV) de R$ 5 bilhões em 2025.

Em 2024, contudo, o VGV foi na ordem de R$ 8,5 bilhões. Para ele, uma combinação de fatores levou aos números positivos no ano passado. Dentre eles, a solidez das incorporadoras cearenses, a demanda crescente devido ao fortalecimento da economia local e a confiança do consumidor.

“Outro ponto relevante foi o avanço de programas habitacionais e políticas públicas voltadas para a moradia, como o Programa Entrada Moradia, que facilitou o acesso à casa própria para milhares de famílias cearenses”, apontou.

O crescimento econômico do Estado e a manutenção de um mercado de trabalho aquecido também contribuíram para esse cenário positivo”, sublinhou. 
Patriolino Dias de Sousa
Presidente do Sinduscon

Para o ano de 2025, informou, projeta-se um crescimento contínuo do mercado imobiliário, com destaque para os segmentos de padrão econômico, salas comerciais (devido à baixa disponibilidade de estoques), segunda moradia (especialmente apartamentos de praia) e imóveis de alto padrão.

O economista Mário Monteiro, consultor da RPG Reinfra Consultoria, ponderou que os dados mostram recuperação em relação a 2023. Contudo, o número de unidades financiadas no último ano é menor quando comparado a 2021 e 2022 (ver quadro acima).

Quanto ao valor, se considerado o valor real, ou seja, descontado o efeito da variação inflacionária, o valor financiado em 2024 ficará abaixo do valor de 2021, por exemplo. Assim, os números de 2024 foram 'puxados' pela recuperação frente aos maus resultados de 2023, proporcionada pela injeção de recursos oriundos de programas governamentais de apoio ao setor habitacional", avaliou. 
Mário Monteiro
Economista

Na Capital, o estoque de imóveis de padrão econômico é de 3.108 unidades, de acordo com o Sinduscon. 

Alta do juro exige cautela dos consumidores em 2025

O economista Mário Monteiro observou que elevação da taxa de juros e a inflação serão desafios para o setor e para os consumidores em 2025.

“O momento não é muito favorável para a contratação de financiamentos. O consumidor deve evitar o excessivo comprometimento da renda familiar com as parcelas”, disse. 

Nessa quarta-feira (29), o Banco Central elevou em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia, aumentando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano.

Conforme Sandro Gamba, presidente da Abecip, o financiamento imobiliário deve decrescer 10% em 2025, reflexo da conjuntura econômica desfavorável. A previsão foi dada durante coletiva de imprensa, na quarta (29). 

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