Com preço mais competitivo, financiamento com FGTS de imóveis usados cresce 28% no Ceará

A alta superou a média do País, que foi de 14,62%

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(Atualizado às 08:17)
Vista da cidade de Fortaleza
Legenda: O Ministério das Cidades afirmou que segue atento às demandas e mantém diálogo constante para avaliar possíveis medidas que estimulem a venda de imóveis usados, respeitando as limitações orçamentárias do FGTS
Foto: Fabiane de Paula / SVM

O financiamento via recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para imóveis usados subiu 28,87% no Ceará em 2024, quando comparado ao ano anterior, conforme dados da plataforma da Caixa Econômica Federal (CEF).

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O volume financeiro obtido com a venda de imóveis apresentou um crescimento de R$ 190,3 milhões para R$ 277,3 milhões no ano passado. Em termos quantitativos, houve um incremento de 385 unidades vendidas, elevando o total de 1.519 para 1.904 imóveis comercializados no período.

A alta regional superou o do País, que foi de 14,62%, passando do montante de R$ 22,583 bilhões para R$ 25,8 bilhões, um aumento de R$ 3,3 bilhões. 

Para o especialista de mercado imobiliário e colunista do Diário do Nordeste, Paulo Angelim, o preço mais competitivo de imóveis usados puxou a venda desse tipo de bem para cima.  

“Temos percebido no dia a dia, no atendimento da ponta mesmo, muita gente tem reclamado do valor dos imóveis novos, porque subiu consideravelmente, e já os imóveis usados não têm acompanhado esse crescimento. Esse foi um fator determinante”, observa. 

Por outro lado, acrescenta, não houve um aumento expressivo no número de lançamentos para suprir a demanda, mesmo com resultados positivos para os novos produtos.

A venda de imóveis novos financiados com o FGTS subiu 42,15% em 2024, saltando de R$ 2,639 bilhões para 3.753 bilhões. “Existem outros fatores, embora em menor proporção, como o aumento dos juros, que, consequentemente, eleva os custos dos financiamentos e das prestações, podendo gerar uma demanda antecipada ao fim do ano”, avalia. 

Para 2025, o especialista acredita que a venda de usados continue aquecida, mas há incertezas para o setor devido à taxa de juros. O mercado estima uma Selic a 14,75% ao ano neste ano. 

 

Venda de usados em meio a novas regras

FGTS
Legenda: O fundo é um direito dos trabalhadores que atuam em regime de CLT
Foto: Shutterstock

O resultado surpreende porque, em agosto deste ano, o Ministério das Cidades publicou uma instrução normativa que reduziu o valor máximo para a venda de imóveis usados de R$ 350 mil para R$ 240 mil, visando estimular a construção civil e preservar os recursos do FGTS.

Para o empresário do segmento e vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), André Montenegro, a medida é positiva para o mercado imobiliário.

"É assertiva porque equilibra o caixa do fundo para financiamentos novos, pois os imóveis usados estavam aquecidos, prejudicando a dinâmica da construção civil e geração de empregos", avalia. 

Governo diz não haver impacto para população de rendas mais baixas 

De acordo com o Ministério das Cidades, a medida promoveu ajustes nas condições de financiamento de imóveis usados, voltados principalmente às faixas de renda mais altas, como a Faixa 3 (renda entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil) e o programa Pró-Cotista, ambos financiados com recursos do FGTS. 

Quanto à política habitacional, explicou, o Governo Federal prioriza o atendimento às famílias de baixa renda (Faixas 1 e 2), concentrando esforços na oferta de imóveis novos. 

“Essa diretriz reflete as prioridades do Conselho Curador do FGTS e a relevância econômica do setor da construção civil, que desempenha um papel crucial na geração de empregos formais e na retroalimentação financeira do Fundo. Desde 2023, as condições de financiamento para as faixas de menor renda foram aprimoradas, sem qualquer restrição, assegurando maior acesso à habitação para as famílias mais vulneráveis”, afirmou. 

Sobre os imóveis usados, o órgão afirmou que segue atento às demandas e mantém diálogo constante para avaliar possíveis medidas que estimulem essa modalidade, respeitando as limitações orçamentárias do FGTS.

“Importante destacar que, em 2024, o orçamento inicial do FGTS para Habitação, de R$ 105,6 bilhões, já foi suplementado em mais de R$ 20 bilhões, alcançando R$ 127,6 bilhões — o maior da história. Apesar desse incremento, o FGTS opera em um patamar próximo ao seu limite sustentável, o que exige medidas de contenção e priorização”, informou. 

 

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