Morre jornalista Cid Moreira aos 97 anos

Informação da morte foi confirmada durante programação da TV Globo na manhã desta quinta-feira (3)

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Cid Moreira no programa 'Altas Horas'
Legenda: Cid Moreira ficou conhecido na TV por participação em programas jornalísticos como 'Jornal Nacional' e 'Fantástico', ambos da TV Globo
Foto: divulgação/TV Globo

O jornalista Cid Moreira faleceu, aos 97 anos, na manhã desta quinta-feira (3). A informação foi anunciada pela TV Globo durante a manhã, no programa Encontro, de Patrícia Poeta. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos.

Segundo a emissora, o locutor e apresentador estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, onde tratava um quadro de pneumonia. 

Local de velório e enterro não foram oficialmente divulgados.

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Vida e carreira na televisão

Cid Moreira completou 97 anos no último domingo (29). Ele se tornou um dos rostos mais icônicos da televisão brasileira, sendo âncora do Jornal Nacional e a voz de um dos quadros mais famosos do "Fantástico", com o mágico Mister M. Fora da TV, foi a voz de conteúdos difundidos em todo o Brasil, como áudios de salmos bíblicos.

O apresentador nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em São Paulo. A carreira no rádio iniciou-se em 1944, após o jornalista ser descoberto por um amigo na Rádio Difusora de Taubaté. 

As primeiras experiências na televisão foram entre 1951 e 1956, quando apresentou comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.

Segundo o site Memória Globo, Cid Moreira foi o primeiro apresentador do Jornal Nacional, bancada em que esteve cerca de 8 mil vezes ao longo de 26 anos. Ao mesmo site, ele contou quais matérias mais gostava de noticiar: "Gosto mais das notícias de grande impacto, de emoção, porque eu tenho sensibilidade para passar isso, e consegui passar durante todos esses anos", disse. 

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Cid Moreira estreou como locutor de noticiários em 1964, no "Jornal de Vanguarda", da TV Rio. Nos anos seguintes, também trabalhou nas emissoras Tupi, Globo, Excelsior e Continental. O retorno para a Globo aconteceu em 1969, no "Jornal da Globo". 

Mister M ao lado de Cid Moreira
Legenda: Cid Moreira ficou conhecido pela locução dos quadros do mágico Mister M
Foto: divulgação/TV Globo

Ainda em 1969, ele estreou o "Jornal Nacional", que foi o primeiro telejornal transmitido em rede no Brasil. De início, a bancada foi dividida com Hilton Gomes, mas, dois anos depois, a parceria clássica com Sérgio Chapelin foi iniciada. Na estreia, a estimativa é de que 54 milhões de pessoas tenham sido atingidas pela atração jornalística.

Salmos e passagens bíblicas

Além do trabalho na televisão, Cid Moreira fez questão de se dedicar à locução de passagens bíblicas. Em 2011, o apresentador gravou a Bíblia na íntegra em uma série de audiolivros, com mais de 60 milhões de exemplares vendidos. 

Em 2017, em entrevista ao portal UOL, ele afirmou não sentir saudade de apresentar um telejornal e ressaltou a importância do trabalho religioso na vida e na carreira. 

"Hoje, na altura dos meus 90 anos, eu vivo uma fase que considero mais gloriosa: eu invisto em mim levando a palavra de Deus sempre que eu posso", afirmou ele, citando o trabalho como uma "missão de vida". 

Disputa familiar na Justiça

Os últimos anos de vida de Cid Moreira foram marcados por uma disputa familiar que acabou parando na Justiça. O filho dele, Roger Moreira, adotado com outra mulher, acusou o pai de retirar dele o direto à herança.

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Além disso, o filho biológico de Cid, Rodrigo Moreira, afirmou ter sido abandonado pelo pai. Em uma ação conjunta, os dois solicitaram a interdição do pai e a prisão de Fátima Sampaio, atual esposa dele, alegando maus-tratos contra o jornalista.

A repercussão do caso resultou em uma manifestação pública dos dois, que fizeram questão de negar as acusações. "Acima de tudo, estamos ligados pelo amor", afirmou Cid Moreira, na época, sobre a relação com Fátima.

Em maio de 2023, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) concluiu que o apresentador não era vítima de maus-tratos. No resultado do processo era posto que Cid era "plenamente capaz de realizar atos da vida civil e que não há qualquer indício de situação de risco, tratando-se de representação infundada". O procedimento administrativo foi arquivado. 

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