'Minha mãe é uma Peça' foi um dos principais sucessos de Paulo Gustavo; relembre trajetória do ator
Paulo Gustavo morreu na noite desta terça-feira (4), vítima de complicações da Covid-19
Vítima de complicações da Covid-19, o ator Paulo Gustavo será lembrado por personagens marcantes, bordões e uma irreverência que fazia muita gente se sentir amigo dele mesmo a quilômetros de distância. O humorista faleceu aos 42 anos, na noite desta terça-feira (4). Ele será lembrado por personagens como a Dona Hermínia, de "Minha Mãe é uma Peça".
Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, em 30 de outubro de 1978, Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros formou-se pela Casa das Artes de Laranjeiras. Em entrevistas, o ator afirmava que desde cedo demonstrou ser uma pessoa carismática e irreverente, alguém que, sem muito esforço, “dominava a cena” e logo reunia gente ao redor, escutando e rindo de suas histórias.
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Quando criança, imitava a mãe, as tias, os primos, os parentes de um modo geral, e assim, constantemente era o foco de atenções. Essa característica não mudou conforme foi crescendo. Pelo contrário: se expandiu para os círculos de amigos e os de convívio social, levando-o a uma carreira de prestígio nas telas e nos palcos.
Paulo Gustavo foi uma figura popular em sua cidade natal e, por ter uma personalidade bastante peculiar – extravagante nas roupas, no cabelo e nas atitudes – era alguém que não passava despercebido.
O destaque no teatro começou em 2004, ao integrar o elenco da peça “O Surto”. A montagem é um marco na vida do ator, que, à época, criou a personagem que o tornaria conhecido em todo o Brasil, Dona Hermínia.
Dois anos depois, o artista escreveu um monólogo para ela – a personagem é inspirada na própria mãe e, com o trabalho, Paulo venceu o Prêmio Shell na categoria melhor ator, em 2007. A partir dessas apresentações, o artista caiu no gosto do público e conseguiu levar Dona Hermínia para outras mídias.
Antes do estrondoso sucesso, contudo, cabe destacar outras duas peças renomadas apresentadas por ele: “Hiperativo” (2010) e “220 Volts” (2014).
A primeira comprova a tão aclamada veia cômica do astro, uma vez ser um show de stand-up; já a segunda o traz vivendo várias personagens femininas, uma de suas marcas registradas, e interagindo com outros atores, a exemplo de Marcus Majella – o qual viria a contracenar com Paulo nas produções da sitcom “Vai Que Cola”, do Multishow.
O fenômeno Dona Hermínia
Após o sucesso de sua Dona Hermínia no teatro, Paulo Gustavo emplacou no cinema o fenômeno “Minha Mãe É Uma Peça - O Filme”. Lançado em 2013 e dirigido por André Pellenz, conquistou o público ao narrar, com muita inteligência e bom humor, as peripécias envolvendo a protagonista e sua família.
O festejado projeto ganhou ainda duas sequências, sendo “Minha Mãe É Uma Peça 3” o filme detentor da maior bilheteria do cinema nacional até agora. Um feito notável que apenas comprovou o talento de Paulo e a potência de um trabalho cada vez mais chegado às pessoas.
Depois disso, além da adaptação “Vai Que Cola - O Filme”, outro grande projeto do ator na telona é a franquia “Os Homens São De Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou”. Feito Gustavo, a atriz e amiga Mônica Martelli também ganhou o apreço dos fãs a partir de um monólogo, posteriormente adaptado para as telonas.
O longa ganhou uma sequência: “Minha Vida Em Marte” (2018), de Susana Garcia. Ambas as produções foram bem-sucedidas, principalmente pela interação hilária entre Gustavo e Martelli. Na trama, eles trabalham juntos fazendo eventos, e eram também amigos fora do expediente.
Além dessas, outra produção cinematográfica estrelada pelo astro no cinema foi “Divã” (2009), em que contracenou com Lília Cabral. Na época, o ator roubou a cena como coadjuvante, sobretudo devido ao bordão "repica, René", dito quando a personagem principal pedia para ele cortar o cabelo dela.
Reconhecimentos e vida pessoal
Ganhador do prêmio de Homem do Ano no Entretenimento pela GQ Brasil, Paulo falava que, em todos os seus trabalhos e durante toda a sua carreira, o que o movia a realizar novos projetos era o público, que sempre o apoiou.
O carinho, de fato, é expresso não apenas a partir da presença nos teatros e salas de cinemas, mas, sobretudo, nas redes sociais do ator. Lá, para pouco mais de 15 milhões de seguidores, ele compartilhava detalhes do cotidiano, novos projetos e a relação com o dermatologista Thales Bretas. Os dois eram casados desde 2015 e pais dos pequenos Romeu e Gael.
No aniversário de 42 anos de Paulo, completos no ano passado, Thales publicou uma foto com a seguinte legenda, declarando a paixão pelo comediante: “Ele é o amor da minha vida, o pai dos meus filhos, minha tampa da panela... Ele me completa, me bota pra frente, me atazana, perturba o meu sossego, preenche o meu silêncio, alegra meu dia e colore meu mundo! Te amo, te desejo tudo o que de melhor o mundo puder dar!!!”.
Sempre por meio do bom humor, os trabalhos assinados por Gustavo – no total, quatro peças, cinco programas e seis filmes – são o reflexo da espontânea e carismática forma de traduzir a arte e personalidade tão presentes na vida do artista.
Não à toa, em seu discurso no palco da premiação GQ Brasil (Men of The Year 2018), ele declarou: “O Brasil sempre precisa de mais humor. O humor cura, transforma e, principalmente, educa”.