Surtos de gripe em creches são monitorados por Secretaria da Saúde do CE; vacinação segue baixa

Apenas 31% das crianças na faixa etária prioritária estão imunizadas contra a doença no Estado

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Legenda: Crianças não vacinadas estão mais vulneráveis às formas graves da gripe
Foto: Fabiane de Paula

A falta de vacinação contra a influenza em crianças tem facilitado a transmissão pela doença nas salas de aulas dos municípios cearenses. Por isso, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) monitora surtos da doença em ambiente escolar e reforça a importância da imunização da gripe. Não há dados divulgados sobre o número de pacientes e as localidades, já que nem todos os casos são testados.

Um surto é registrado quando há aumento localizado do número de casos de uma doença, conforme o Instituto Butantan. O cenário cearense foi debatido durante o evento “Imuniza+: Um projeto para melhoria da cobertura vacinal infantil no Ceará”, promovido pelo Ministério Público do Estado (MPCE), nessa sexta-feira (26). 

Mas a situação acontece num contexto em que apenas 3 a cada 10 crianças do público-alvo receberam a vacina em 45 dias de campanha – ou 31,3% de cobertura, conforme o Ministério da Saúde. Por causa da baixa procura para o grupo prioritário, a Secretaria da Saúde optou por liberar a imunização para todas as idades, o que deve acontecer a partir de segunda-feira (29), conforme os estoques de cada município do Estado.

"Nós não tivemos nenhuma complicação, mas rumores de surtos que nós investigamos e alguns de fato tinham evidências (de contaminação por influenza). Houve transmissão em vários desses ambientes", resume Antônio Lima Neto, secretário executivo de Vigilância em Saúde na Sesa.

Apesar disso, como pondera Antônio, as unidades de saúde estão conseguindo atender a demanda pediátrica, diferente do último ano, quando os hospitais chegaram a atuar com a capacidade máxima.

"Se você for para uma UPA no Interior nesta época de chuva está lotada, principalmente, por população infantil. Transmissão de vírus respiratórios está acontecendo", completa.

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A situação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza também é uma mostra da quantidade do público infantil por causa dos sintomas gripais. Em abril, até o dia 22, as crianças de até 9 anos correspondiam a 20% do total, sendo 5.176 pacientes num grupo de 25.828.

A influenza A, uma das variantes da gripe que a vacina confere imunidade, corresponde a cerca de metade dos casos das doenças respiratórias monitoradas pela Sesa. O Rinovírus, o Adenovírus e o vírus da Covid também circulam neste período de maior transmissão.

Transmissão nas escolas

Caroline Benevides, de 37 anos, acompanha de perto a transmissão da gripe nas escolas. O filho Valetim, de 4 anos, foi diagnosticado com influenza A no começo de abril.

"Uma coleguinha muito próxima dele, uns 4 dias antes, teve quadro de nariz escorrendo, tosse e febre. Depois, começou nele com uma febre que ia e voltava", lembra a farmacêutica.

Após 3 dias, o médico avaliou que a garganta estava inflamada e, por isso, foi necessário tomar um antibiótico injetável. Ainda assim, depois de alguns dias, a febre voltou acompanhada de tosse e dor nas articulações.

Por isso, Caroline decidiu fazer exames que descartaram Covid e confirmaram a infecção por Influenza A. Com isso, um novo medicamento: antiviral.

"Foram quase 10 dias dele doente, mas com o medicamento ele melhorou muito e não agravou para uma pneumonia", acrescenta. Por causa da falta de apetite, o pequeno chegou a perder cerca de 3 kg no período.

Isso fez com que Valetim ficasse duas semanas em casa para evitar a transmissão e o irmão mais velho, de 10 anos, teve apenas sintomas leves. "Vi no grupo da escola outros coleguinhas com quadros de febre", comenta sobre a situação na unidade de ensino.

A importância da vacinação é de 100%, vacinei os dois e me vacinei. Até brinquei que se pudesse vacinar nos dois braços eu vacinaria, porque foi muito forte
Caroline Benevides
Farmacêutica

Devo levar a criança gripada para a escola?

Quem está com sintomas gripais precisa manter o isolamento para evitar a propagação das doenças. "Ficar em casa e não frequentar ambientes com outras crianças, principalmente os ambientes fechados, e não ir para a escola", explicou a médica pediátrica Vanuza Chagas, em entrevista ao Diário do Nordeste.

Vanuza contextualiza que o aumento de casos é esperado até maio, quando acontece o fim da quadra chuvosa. "Estamos vendo um grande número de casos de bronquiolite, inclusive, levando bebês e crianças a internamentos. No público idoso, temos relatos de infecção pelo vírus sincicial respiratório", completou em entrevista. Mas, quando é a hora de buscar ajuda médica?

"Os pais precisam ficar alertas para os casos de febre persistente por mais de 72h, a desconforto respiratório, criança que recusa alimentação e tem diarreia, vômito ou dor abdominal", lista.

Sintomas da gripe

Existem 4 tipos de vírus influenza: A, B, C e D. Em geral, os tipos A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias, conforme o Ministério da Saúde.

Dessa forma, a gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocado pelo vírus da influenza, com grande potencial de transmissão.

  • Febre repentina
  • Calafrios
  • Dor de garganta
  • Dor de cabeça
  • Tosse
  • Coriza
  • Ausência e/ou dificuldade em perceber cheiro/sabor

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