Rotatória bloqueada, tempo de sinal alterado: entenda a engenharia de trânsito nos dias de jogo no Castelão

O objetivo é facilitar o acesso e minimizar os transtornos a quem precise trafegar por essas vias adjacentes ao equipamento

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: As operações especiais objetivam minimizar os transtornos causadas pela ampla demanda gerada nos dias dos grandes eventos
Foto: JL Rosa/Diário do Nordeste

A realização de grandes eventos no Estádio Castelão, em Fortaleza, exige um esquema especial para garantir a fluidez no entorno. Nesta quinta-feira (7), mais de 50 mil pessoas são esperadas para o jogo de estreia do Fortaleza na Taça Libertadores da América. Diante da alta expectativa de público, as estratégias para fluir o trânsito vão desde a interdição de vias à mudança do temporizador dos semáforos.

Quem passa pela área sabe da necessidade e o objetivo dessas medidas é facilitar o acesso e minimizar os transtornos a quem precisa trafegar pelas vias adjacentes ao Estádio antes, durante ou logo após o evento, onde há a dispersão da multidão.

O gerente de Operação e Fiscalização da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), Wellington Cartaxo, explica que, para cada evento, um plano é traçado. Tudo depende da especificidade do espetáculo.

"Observamos e analisamos tudo. A natureza do evento [festa, jogo, procissão, etc], a previsão de público, o tipo de transporte que será predominante pelos participantes [particular ou público], enfim, tudo é levado em consideração para que a gente implante a melhor ação", explica.

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Esse estudo minucioso é multissetorial. Envolve a AMC e outros órgãos, como Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Militar, Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e Guarda Municipal.

"São vários setores envolvidos, pois, a magnitude desses eventos exige isso", pontua Cartaxo. A análise tem início tão logo o evento se torne público e seja divulgado as primeiras informações sobre a quantidade estimada de público.

Legenda: As operações são realizadas de forma integrada pela AMC como Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Militar, Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e Guarda Municipal.
Foto: Arquivo/Diário do Nordeste

"Tem jogo, por exemplo, que são esperadas 10 mil pessoas e, outros, como o de hoje [Fortaleza x Colo-Colo], mais de 50 mil. Então para cada um, há uma ação específica".
Wellington Cartaxo
Gerente de Operação e Fiscalização da AMC

Mas, o que é feito? Qual a finalidade específica de cada intervenção? E como elas podem ajudar a garantir melhor fluidez?

Confira as medidas e para que servem

  • Bloqueio da rotatória

A AMC já identificou que, em dias de evento, quando há um grande fluxo de veículos na rotatória do Castelão, alguns condutores não permanecem na faixa destinada a fazer a conversão para o lado que desejam se dirigir e isso afeta o trânsito na área de rotação. 

O que é feito: A solução adotada é o bloqueio de uma das saídas do rotatória. É feito o fechamento na alça de saída da Av. Presidente Juscelino Kubitschek (Av. Padaria Espiritual). Quem segue pela  Av. Alberto Craveiro e deseja ingressar no estacionamento não conclui a rotação. O bloqueio faz o condutor seguir pela Av. Presidente Juscelino Kubitschek e retornar por ela para voltar à Alberto Craveiro. 

Com o bloqueio, os condutores que desejem seguir para a Av. Paulino Rocha, devem pegar uma via paralela, sem que fiquem presos na área de rotação. 

Finalidade: Não deixar o trânsito travar e garantir que os carros não fiquem “presos” ou o trânsito não fique extremamente lento na área específica de rotação. 

  • Instalação de redutores de velocidade 

O que é feito: Nos locais identificados pela AMC como aqueles em que há uma maior travessia de pedestres são colocados cones ao longo da via, no caso nas avenidas Alberto Craveiro e Paulino Rocha, para que os condutores reduzam a velocidade ao passarem por essas áreas específicas. 

Finalidade: Garantir mais segurança a pedestres e ciclistas no acesso ao Estádio. 

Sem os redutores, a AMC avalia que pode ocorrer o chamado efeito funil, que são muitos carros chegando ao mesmo tempo no Estádio, o que causaria grandes transtornos. 

  • Semáforos controlados

Os semáforos das ruas e avenidas adjacentes ao Castelão, segundo a AMC, são monitorados e controlados em tempo real e de forma remota. 

O que é feito: O temporizador de cada semáforo é ajustado à medida que surge a necessidade. Normalmente, locais de grande movimentação, conforme a AMC, já são controlados pela central, que consegue fazer a alteração do semáforo em tempo real a depender do fluxo, liberando a passagem mais rapidamente ou deixando mais lento. 

Quando o semáforo é convencional, os agentes de trânsito fazem esse controle no próprio local. Eles analisam o fluxo de determinadas ruas e traçam métricas a fim de reduzir o congestionamento.

Finalidade: Assegurar fluidez no trânsito controlando o tempo do semáforo conforme o volume de veículos, evitando que muitos carros passem e, mais à frente, aconteça o efeito funil, que são muitos veículos chegando juntos na entrada do Estádio. 

  • Bloqueio de trechos

A organização dos vendedores ambulantes é outro ponto que também interfere no acesso ao Estádio, por isso há ao menos um trecho bloqueado reservado a essa atividade. 

O que é feito: Uma área da Avenida do Contorno, na lateral do Castelão, é destinada aos ambulantes, como uma espécie de praça de alimentação. A Prefeitura cadastra os ambulantes e marcações são feitas no chão para definir os espaços de trabalho de cada vendedor. 

Finalidade: Evitar que, por exemplo, trechos das avenidas Paulino Rocha ou Alberto Craveiro sejam afetados pelas aglomerações, por situações irregulares de veículos parados e o acesso ao Estádio fique prejudicado. 

Plano 'pré-moldado' para eventos sazonais

O gerente de Operação e Fiscalização da AMC explica que, nos eventos sazonais, isto é, àqueles que se repetem de forma periódica, já há uma espécie de plano "pré-moldado", mas, que ainda assim, tem de ser revisto e reavaliado a cada ano.

A gente analisa quando devemos intervir em determinada via, quando há necessidade de liberar o semáforo mais rápido ou mais lento, colocar redutores de velocidade, enfim, são vários pontos analisados e aplicados.
Wellington Cartaxo
Gerente de Operação e Fiscalização da AMC

"São eventos fixos, já integrantes do nosso calendário, mas que podem ocorrer com algumas especificidades. Por exemplo, em um ano acontece em dia útil, em outro momento no feriado ou fim de semana. A data muda o impacto e, assim, toda nossa programação também se altera", detalha. 

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​Agentes da AMC e policiais rodoviários estaduais e federais devem atuar para garantir o fluxo de veículos.

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Chegada com antecedência

Outro fator determinante para alterar - ou intensificar as ações - diz respeito quando há uma sobreposição no horário do evento com o 'horário de rush'. "Isso muda tudo, pois a demanda passa a ser ainda maior", acrescenta Cartaxo.

"Aconselhamos que, quem consiga, saia de casa bem antes, para evitar o horário de pico. Os portões serão abertos 3 horas antes do jogo justamente para contemplar essas pessoas que optem por antecipar a ida ao estádio".

Aos que moram próximo ao Castelão, ou que necessitem trafegar em direção à ele, Cartaxo recomenda rotas alternativas, como o uso da Avenida Presidente Costa e Silva e a Avenida Carlos Jereissati.

Ele alerta ainda para que condutores não realizem a parada dos veículos em locais proibidos ou em pontos que interrompam o livre fluxo de pedestres.

A ação especial será realizada até a dispersão dos torcedores. "Estiamos que ainda tenhamos um bom número de pessoas deixando o estádio cerca de 1h30 após o jogo. Durante todo este período os agentes estarão a postos, controlando e orientando o fluxo", concluiu Wellington Cartaxo.

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