Residenciais de Fortaleza são ‘desafio’ e devem ter plano de prevenção à violência, diz secretário
Prioridade é regularizar acesso à saúde e a direitos básicos, falhos nessas comunidades, segundo o titular da Secretaria de Relações Comunitárias
A falta de acesso a serviços básicos nos residenciais de Fortaleza, como o José Euclides, no Jangurussu, é um dos obstáculos para a segurança e a dignidade da população. Essas comunidades, segundo André Barbosa, secretário municipal de Relações Comunitárias, são “um desafio muito grande” para a gestão.
A declaração foi dada na manhã de sexta-feira (11), durante reunião do secretariado da Prefeitura de Fortaleza para balanço dos seis primeiros meses de governo, após questionamento do Diário do Nordeste sobre como essas áreas sensíveis da cidade seriam olhadas ao longo do mandato.
“Esses residenciais são um desafio muito grande. O José Euclides é maior do que muitos municípios, que têm Câmara de Vereadores, uma Prefeitura, e lá não tem isso. Nos reunimos lá com os representantes para começar a construir junto ações de prevenção”, afirmou Barbosa.
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Em reportagem publicada também na sexta-feira, o DN expôs denúncias da comunidade do Residencial José Euclides sobre a ausência de serviços públicos básicos, como correio, coleta regular de lixo e visitas de agentes de saúde – o que a Prefeitura nega.
A comunidade vive um cenário crônico de violência que, para os moradores, é reflexo do “abandono” institucional. Na tarde de quarta-feira (9), uma tentativa de chacina foi registrada no residencial. Três adultos morreram e uma criança ficou ferida.
O secretário de Relações Comunitárias, Pasta que tem o intuito de “ouvir as demandas da população”, afirma que é necessária uma articulação entre diversas secretarias, incluindo a de Direitos Humanos e a Estadual de Proteção Social, para atuar nos territórios de residenciais.
“Vamos agregar os órgãos em ações preventivas. Fizemos levantamento de todas as necessidades, e agora vamos traçar um planejamento de ações diretas pra essas comunidades, pra que a gente possa diminuir as investidas desses grupos (criminosos)”, frisou André.
O secretário avalia, ainda, que apenas policiamento não é capaz de solucionar a insegurança nesses locais.
“Segurança pública permeia muitas outras ações: polícia é extremamente importante, pela ostensividade no momento que vivemos, mas ações sociais é que vão transformar as crianças e adolescentes nessas regiões”, sentencia.
André destaca a importância de ações como o Zona Viva, módulo que concentra salas multiuso para atividades e serviços à população dentro do Residencial José Euclides. “Ele leva cursos, treinamentos e ações. Vamos utilizar muito nossos agentes de cidadania para executar essas ações”, garante.
Saúde é grande demanda
Questionado qual é, de forma geral, a maior demanda que os moradores de Fortaleza têm levado à gestão, o secretário é enfático: saúde. “O que mais tenho escutado são as ações preventivas na saúde (necessárias), principalmente saneamento e drenagem, que são obras caras e que não aparecem”, detalha.
“Com a quadra chuvosa intensificada, os moradores identificaram que contraem muitas doenças por não terem a área saneada e drenada. É uma das demandas mais requisitadas”, reforça André.
“As classes mais abastadas não frequentam posto de saúde, têm um banheiro dentro de casa, têm a rua saneada. Os mais necessitados estão todo dia entupindo os postos de saúde porque não têm esse tratamento básico, que será uma atenção dada por nós.”
A demanda geral da população de Fortaleza reflete, portanto, nas “cidades dentro da cidade”: os residenciais populares. No José Euclides e nos vizinhos Alameda das Palmeiras e Luiz Gonzaga, por exemplo, a falta de circulação de agentes de saúde é reclamação contundente.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que o bairro todo “conta com a atuação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), com prioridade para as microáreas mais vulneráveis, como forma de garantir maior equidade na assistência”.