Nova onda de Covid no Ceará? Relembre impactos e cuidados após aumento de casos em anos anteriores
Estado contabilizou mais de 500 casos em uma semana e positividade de testes se aproxima de 30%
O recente aumento de casos de Covid-19 no Ceará decorrente da detecção de novas subvariantes do vírus, descrito em nova nota técnica da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), acende um alerta pela proximidade com as festas de fim de ano. Após cinco ondas da doença, o Estado corre o risco de passar por mais uma?
O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) identificou as subvariantes XEC e LP.8.1 em amostras processadas na última semana. A LP.8.1 estava presente em amostras de Fortaleza, Sobral, Quixeré, Caucaia e Maracanaú. Já a XEC foi identificada na Capital e em Caucaia. Ambas estão ligadas a linhagem JN.1, que é predominante no Ceará.
Mutações do vírus estão associadas a casos de reinfecção e podem burlar o sistema imunológico até de quem já tomou as vacinas contra a Covid-19. Assim, pode haver o chamado “escape vacinal” porque a nova forma do vírus é diferente da que já circulou em outros momentos – e não foram poucos.
O secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto, explica que a maior preocupação está relacionada à LP.8.1 que, inclusive, está ligada à forma responsável pela última onda de casos no Ceará, em novembro de 2023. “Não teve tantos casos graves, mas houve produtividade muito elevada”, pondera.
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Entre os anos de 2020 e 2023, o Ceará vivenciou cinco ondas da doença, com mais de 1 milhão de casos confirmados e mais de 160 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), quadro provocado pelo SARS-CoV-2.
A primeira delas ocorreu em 2020, quando a doença foi identificada pela primeira vez no Estado. Ela durou de abril a meados de junho. Naquele ano, foram confirmados 352.491 casos.
Porém, conforme a Sesa, a maior ocorrência foi a segunda, em 2021, tanto em número de casos e mortes como de duração, se estendendo de fevereiro a junho. Ao todo, foram 630.440 casos da doença, com predominância da variante Gama, oriunda de Manaus.
Em 2022, a terceira onda de casos de Covid-19 também ocorreu no início do ano, ainda em fevereiro, com a introdução da variante Ômicron. Ela provocou uma onda mais curta, mas muito mais contagiosa do que nos dois momentos anteriores.
Ainda no mesmo ano, iniciou-se uma recidiva de casos em meados de junho, seguida pela quinta e última onda e último pico de casos, entre novembro e dezembro. Contudo, em menor proporção quando comparada às anteriores.
Ao todo, o “ano com três ondas” teve 470.200 confirmações, oriundas de sublinhagens da Ômicron.
A redução de casos seguiu paulatinamente até que, em maio de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) rebaixou o nível de alerta da pandemia, e ela deixou de ser uma emergência em saúde pública.
Restrições no Réveillon?
O aumento de casos próximo às festas de fim de ano exigiu, em anos anteriores, deliberações da gestão pública devido à aglomeração de pessoas durante as confraternizações. Em 2020, primeiro ano da pandemia, o Governo do Estado publicou decreto que previa:
- Suspensão do dia 15 de dezembro a 4 de janeiro de 2021 de eventos sociais e corporativos, privados ou públicos, em ambientes abertos ou fechados;
- Proibição de festas em áreas comuns de quaisquer condomínios ou residenciais;
- Limitação da capacidade máxima de festas residenciais a 15 pessoas, incluídos os moradores e colaboradores;
- Proibição da realização de festas públicas de Réveillon, exceto em meio virtual.
No Réveillon seguinte, de 2021 para 2022, a vacina já estava sendo aplicada no Estado. Porém, o Governo proibiu novamente grandes eventos em todo o Estado. Só foram permitidas comemorações com até 2,5 mil pessoas em ambientes fechados, ou 5 mil pessoas em locais abertos. A entrada foi condicionada à apresentação do esquema vacinal.
Em 2022, as grandes festas voltaram a ser permitidas porque o Comitê Científico Estadual deliberou que a 5ª onda de Covid foi mais curta, principalmente em virtude de a maioria da população estar vacinada. No Réveillon 2024, também não houve aplicação de restrições devido à doença.
O cenário atual, contudo, “não é um momento de pânico” como analisa Antonio Lima. Para o secretário executivo, a recomendação é a vacinação para os públicos prioritários e o uso de máscaras, no caso de pacientes com sintomas gripais.
O imunologista Edson Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que as subvariantes causam aumento de casos no Estado porque têm uma taxa maior de replicação, infectam mais e escapam mais à resposta imune.
“Então, vamos observar o número de positividade aumentar. Isso é o que estamos vendo na população com sintomas, e alguns com resultado positivo”, aponta o especialista. Contudo, as vacinas usadas amplamente na população ainda possuem função importante.
“A vacina bivalente foi desenvolvida tanto para cepa original quanto para a Ômicron, e como (as novas subvariantes) são derivadas da Ômicron, algumas estruturas estão presentes. Por isso, a vacina consegue controlar pelo menos os casos mais graves e as hospitalizações”, completa.