Mapa: todas as áreas de Fortaleza têm aumento da Covid-19 e bairros das regionais 5 e 6 lideram

Concentração de moradores, descuido de pessoas sintomáticas e vacinação em baixa podem contribuir para cenário de alerta

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Jangurussu foi o bairro com mais registros entre os dois últimos boletins epidemiológicos
Foto: Thiago Gadelha

Após meses de registros em baixa, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Fortaleza voltou a identificar aumento generalizado de casos de Covid-19 na Capital cearense. Todas as regionais de saúde apresentaram crescimento desde novembro, mas puxadas pelas áreas 5 e 6, como detalha o novo boletim epidemiológico divulgado na última quinta-feira (7).

Os dados do levantamento, analisados pelo Diário do Nordeste, mostram que a Regional 5 foi a com maior aumento entre os dois últimos boletins. Em 27 de novembro, foram 510 casos; em 5 de dezembro, o número subiu para 686. Nesse território, estão Siqueira (+26), Mondubim (+24) e Bom Jardim (+22).

Já na Regional 6, os casos subiram de 478 para 641 no mesmo período. Os registros foram puxados pelo bairro Jangurussu, com mais 36 casos, o maior valor da cidade. Em seguida, aparecem Messejana (+15) e Passaré (+13).

O boletim mostra que o percentual de positividade das amostras de residentes de Fortaleza, analisadas pelos laboratórios da rede pública, cresceu de 31,8% para 42,6% entre os dois balanços. “Esse aumento evidencia um cenário de crescimento consistente no número de casos para as próximas semanas”, alerta a publicação.

Ao todo, a Secretaria conseguiu georreferenciar - ou seja, definir a localização - 1.122 casos confirmados em novembro. Conforme as ondas de calor do mapa, as principais concentrações estão em bairros do litoral e da região central de Fortaleza; a região a oeste, por outro lado, teve menor ocorrência.

Bairros que também ficaram acima da média no crescimento incluem:

  • Barra do Ceará (+30)
  • Pici (+24)
  • Montese (+21)
  • Centro (+18)
  • Vila Velha (+17)
  • Aldeota (+16)

O gerente de epidemiologia da SMS, Rui de Gouveia, observa três hipóteses para essa expansão. Uma delas é o adensamento populacional, ou seja, bairros com maior concentração de pessoas tendem a apresentar mais casos. Outra é a própria mutação natural do vírus para continuar existindo. A terceira, um possível descuido de pessoas doentes no uso de estratégias preventivas.

“Uma característica importante da introdução de uma nova variante é a taxa de ataque mais intensa, porque ela consegue driblar a defesa imunológica. O suficiente para causar uma infecção aguda, mas que se apresenta muito leve. Por isso, vemos algumas pessoas não dando tanta importância e acabam negligenciando o cuidado, como o uso de máscaras”, explica.

O gestor lembra que, no momento, não há ainda nenhuma recomendação técnica para que se volte a usar máscaras, mas a população deve buscar uma conscientização coletiva.

“Toda pessoa com coriza, tosse e dor de garganta tem que pensar que não pode passar a infecção para outras pessoas. Se estiver sintomática, deve usar máscara e evitar ambientes fechados para dificultar a exposição de outras pessoas ao vírus, porque pode ser Covid”, alerta.

Propagação de subvariantes

Para a SMS, o aumento de casos tem relação com a identificação da subvariante JG.3 no estado do Ceará, descendente da variante EG.5 ("Eris"). Ela foi notificada em nota técnica do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), também em novembro.

Além disso, o Estado identificou duas subvariantes da Ômicron inéditas no Brasil.

Dado o cenário, a Pasta orienta intensificar a testagem de indivíduos sintomáticos, a fim de orientar as ações do sistema de saúde. Recomenda-se a implementação de ações destinadas a aumentar o percentual da população com esquema vacinal completo, que para os maiores de 18 anos inclui a vacina Pfizer Bivalente.

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Novos óbitos

Fortaleza também voltou a ter mortes por Covid-19 em novembro e dezembro, após três meses sem registros. Segundo o boletim, a primeira vítima foi um homem idoso, morador do bairro Farias Brito e portador de comorbidades.

Além disso, Rui de Gouveia confirma o óbito de uma criança prematura de apenas dois meses de vida, na primeira semana deste mês. Fruto de uma gravidez gemelar, a menina foi exposta ao vírus após a família ser infectada. A irmã gêmea sobreviveu.

Antes disso, as últimas duas mortes na Capital haviam sido registradas no mês de julho. Conforme o levantamento, Fortaleza contabiliza 32 óbitos pela doença neste ano, tendo a maioria ocorrido em abril (12) e maio (10). A Pasta ressalta que todos os pacientes tinham doenças crônicas relacionadas, como hipertensão, diabetes e enfisema pulmonar.

Até o momento, a SMS considera que “a quarta onda (em julho de 2022) e este novo ciclo iniciado em novembro não mudaram significativamente o padrão de mortalidade” na cidade.

Formas de vacinação

Rui de Gouveia lembra a necessidade de atualização da vacina contra a doença. “Temos muitas pessoas vacinadas, mas algumas não com todas as doses. Cada vez que o vírus muda, maior a facilidade de driblar as defesas imunológicas. Quanto mais ativa estiver a defesa, mais protegida está a pessoa”, garante.

Todos os 118 postos de saúde da Capital oferecem a vacina bivalente, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h30. Aos fins de semana, a população pode procurar os postos Matos Dourado (Rua Des. Floriano Benevides Magalhães, 391 - Edson Queiroz) e Irmã Hercília (Rua Frei Vidal, 1821 - São João do Tauape).

O objetivo é imunizar quem ainda não completou o esquema vacinal contra a Covid-19 ou não tomou as doses de reforço, para agilizar o processo de imunização e conter o aumento de casos positivos. A SMS segue o seguinte esquema vacinal:

  • 1ª dose: crianças a partir de 6 meses;
  • 2ª dose: conferir no cartão de vacinação o prazo definido para sua aplicação;
  • 3ª dose: crianças a partir de 6 meses, crianças de 3 e 4 anos que receberam CoronaVac no esquema primário, crianças de 5 a 11 anos e pessoas acima de 12 anos que receberam a segunda dose há quatro meses;
  • 4ª dose: pessoas acima de 18 anos que receberam a terceira dose há quatro meses;
  • Bivalente: fortalezenses acima de 12 anos, que tenham tomado, pelo menos, primeira e segunda dose da vacina contra a covid-19, imunossuprimidos de 12 anos a 17 anos, 11 meses, 29 dias e pessoas com comorbidades a partir de 12 anos;
  • 2ª dose bivalente: fortalezenses acima de 60 anos e imunossuprimidos acima de 12 anos que tenham tomado a dose bivalente há pelo menos seis meses.

Além da vacina contra a Covid-19, os postos também oferecem vacinas de influenza e de rotina ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para todas as faixas etárias.

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