Evento católico no Ceará tem oração que compara 'homossexualismo e lesbianismo' a doenças

Trecho de oração fala que orientações sexuais diferentes da heterossexualidade são doenças assim como câncer, depressão e dependência química

Escrito por
Matheus Facundo matheus.facundo@svm.com.br
(Atualizado às 09:18)
Captura de tela de transmissão de evento religioso onde foi lida oração que comparou homossexualismo e lesbianismo a doenças
Legenda: Oração foi lida por assistente do padre em evento em Juazeiro do Norte
Foto: Reprodução/YouTube

Uma oração que comparou "homossexualismo e lesbianismo" a doenças foi lida durante um evento católico em Juazeiro do Norte, no Interior do Ceará, na última terça-feira (5), e gerou revolta entre a comunidade LGBTQIAP+.

Isso porque os termos corretos para identificar a orientação sexual de homens que se relacionam com homens é homossexualidade, enquanto a de mulheres é lesbianidade. O sufixo "ismo", empregado no evento católico, é pejorativo porque a condição, mesmo sem embasamento científico, já chegou a ser considerada um distúrbio mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) só deixou de considerar como doença no dia 17 de maio de 1990, quando tirou a "condição" do Código Internacional de Doenças (CID).

"Jesus, quebre todas as muralhas de doenças, sejam elas quais forem. Principalmente o câncer, depressão, dependência do álcool, drogas, prostituição, homossexualismo, lesbianismo", diz trecho. 

A oração foi feita por uma assistente do padre que comandava a celebração. O momento ocorreu durante o evento Cerco de Jericó, promovido pela Associação Filhos Amados do Céu (FAC), e repudiado pelo Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da População LGBT do Crato, junto com o CTrans. 

Veja vídeo 

"É inaceitável e extremamente grave que em pleno 2025, a orientação sexual de milhares de pessoas seja colocada lado a lado com doenças e vícios, sendo tratada como algo que precisa ser "quebrado" ou "curado". Isso é preconceito. Isso é desrespeito. Isso é LGBTfobia", pontua o texto. 
Conselho LGBT do Crato e CTrans
Entidades LGBTQIAP+

Conforme a nota de repúdio, "as consequências desse tipo de discurso são reais: alimentam o ódio, reforçam o estigma, desumanizam corpos e subjetividades que já enfrentam inúmeras barreiras sociais, afetivas e institucionais, especialmente em regiões do interior como o Cariri". 

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Comunidade católica se pronuncia 

Em nota pública, a FAC, "por meio de seus fundadores", fez uma retratação com a comunidade LGBTQIAP+ e informou que adota "todas as medidas possíveis  e cabíveis para solucionar o ocorrido". 

"Reitera que não houve e nem haverá, por parte desta Comunidade Católica, o intuito de promover discriminação ou ódio em desfavor de qualquer grupo, segmento, comunidade ou instituição, haja vista não corresponder os com nossos valores espirituais", afirma nota. 

O texto foi assinado pelos fundadores da Comunidade, Padre Sebastião Monteiro, Carlos Edudardo Pereira Nicolau e Maria Dalvani Silva Vieira, que reproduziram a nota em suas redes sociais. 

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