CREF define protocolos após mortes súbitas em academias de Fortaleza

Orientações para profissionais vão de questionários prévios de saúde ao uso de desfibriladores.

Escrito por
Nícolas Paulino nicolas.paulino@svm.com.br
(Atualizado às 16:19)
Homem de boné branco e camiseta regata preta levantando halteres na academia, visto de costas, com foco nos ombros e braços.
Legenda: Praticantes devem ser orientados sobre condições de saúde, hidratação, progressão de cargas e tempos de recuperação.
Foto: Fabiane de Paula.

Diante dos recentes casos de morte súbita registrados em academias de Fortaleza, o Conselho Regional de Educação Física da 5ª Região (Cref-5) lançou, neste mês, uma nota técnica com orientações para o setor. O objetivo é reforçar protocolos de segurança e atendimento para reduzir o risco de eventos adversos e garantir que a prática de atividades físicas ocorra de forma saudável.

A morte súbita durante o exercício, segundo o documento, geralmente decorre de causas cardiovasculares não diagnosticadas, esforço físico excessivo ou falhas na resposta emergencial. 

Para mitigar esses riscos, o Cref-5 destaca que a prevenção depende diretamente de uma triagem adequada, da recomendação de exames médicos e da intervenção imediata em situações críticas.

As orientações, elaboradas pela Câmara de Atividade Física e Saúde e pela Câmara de Academias e Afins, consideram que o zelo pela saúde dos praticantes é “dever ético e legal” dos profissionais” e que o Conselho vai intensificar a fiscalização. 

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Avaliação inicial dos praticantes

O papel do profissional de Educação Física é fundamental porque o início de qualquer programa de exercício físico deve ser precedido por uma avaliação pré-participação. 

É importante aplicar a anamnese e o questionário de prontidão (PAR-Q) para identificar histórico de doenças, uso de medicamentos e hábitos de vida.

Caso sejam detectados sintomas suspeitos ou histórico cardiovascular relevante, o aluno deve ser obrigatoriamente encaminhado para avaliação médica. Assim, é possível detectar contraindicações e necessidade de liberação médica.

No contexto no qual os alunos sejam usuários de plataformas ou aplicativos que oferecem acesso a academias, o Conselho recomenda que a anamnese e PAR-Q devem conter a opção “questionário preenchido em outro estabelecimento”.

Sinais de alerta

A partir da análise inicial, o profissional de Educação Física deve adotar condutas conforme a classificação de risco do aluno ou aluna:

  • Baixa: início da prática com intensidade moderada;
  • Intermediária: início com restrições e encaminhamento médico;
  • Alta: suspensão da prática até avaliação e liberação médica.

Durante a rotina de treinos, o profissional deve atuar no monitoramento constante da intensidade dos exercícios e das condições do ambiente, como temperatura e ventilação, bem como a progressão gradual de cargas. Também deve recomendar hidratação e pausas adequadas.

O Conselho indica suspender a atividade imediatamente se o praticante apresentar:

  • dor torácica
  • tontura
  • palpitações
  • mal-estar súbito

Responsabilidade de donos e gerentes

Aos gestores de academias, cabe a responsabilidade estrutural e legal de manter um ambiente seguro, o que inclui a presença obrigatória de profissionais habilitados durante todo o período de funcionamento. 

Além disso, os estabelecimentos devem cumprir a legislação local de Fortaleza quanto à disponibilidade de equipamentos de emergência, especialmente o Desfibrilador Externo Automático (DEA) em locais de grande fluxo e em bom funcionamento.

“A presença do DEA aumenta significativamente a chance de sobrevivência em casos de parada cardíaca súbita”, lembra o Conselho.

A gestão deve ainda implementar rotinas de conferência, como checklists semanais para verificar o funcionamento do desfibrilador e a integridade dos kits de primeiros socorros. 

O que fazer em situações de emergência?

Em situações de emergência, o profissional de Educação Física atua como primeiro respondente, devendo seguir o protocolo de Suporte Básico de Vida (SBV). Isso inclui:

  • verificar a respiração da vítima
  • acionar o SAMU (192)
  • iniciar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), caso seja treinado
  • utilizar o desfibrilador assim que disponível
  • manter as manobras até a chegada do socorro especializado 

Para tanto, o Cref-5 reforça que é dever dos profissionais manterem-se constantemente capacitados em cursos de primeiros socorros, já que cada minuto sem RCP reduz em até 10% a chance de recuperação.

As diretrizes deixam claro que a segurança nas academias de Fortaleza depende de uma ação coordenada entre a responsabilidade técnica do profissional e a estrutura oferecida pelos espaços de treinamento. 

“O exercício físico é seguro e essencial à saúde quando praticado sob supervisão adequada e em locais preparados para agir com rapidez diante de emergências”, confirma a entidade.

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