CREF define protocolos após mortes súbitas em academias de Fortaleza
Orientações para profissionais vão de questionários prévios de saúde ao uso de desfibriladores.
Diante dos recentes casos de morte súbita registrados em academias de Fortaleza, o Conselho Regional de Educação Física da 5ª Região (Cref-5) lançou, neste mês, uma nota técnica com orientações para o setor. O objetivo é reforçar protocolos de segurança e atendimento para reduzir o risco de eventos adversos e garantir que a prática de atividades físicas ocorra de forma saudável.
A morte súbita durante o exercício, segundo o documento, geralmente decorre de causas cardiovasculares não diagnosticadas, esforço físico excessivo ou falhas na resposta emergencial.
Para mitigar esses riscos, o Cref-5 destaca que a prevenção depende diretamente de uma triagem adequada, da recomendação de exames médicos e da intervenção imediata em situações críticas.
As orientações, elaboradas pela Câmara de Atividade Física e Saúde e pela Câmara de Academias e Afins, consideram que o zelo pela saúde dos praticantes é “dever ético e legal” dos profissionais” e que o Conselho vai intensificar a fiscalização.
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Avaliação inicial dos praticantes
O papel do profissional de Educação Física é fundamental porque o início de qualquer programa de exercício físico deve ser precedido por uma avaliação pré-participação.
É importante aplicar a anamnese e o questionário de prontidão (PAR-Q) para identificar histórico de doenças, uso de medicamentos e hábitos de vida.
Caso sejam detectados sintomas suspeitos ou histórico cardiovascular relevante, o aluno deve ser obrigatoriamente encaminhado para avaliação médica. Assim, é possível detectar contraindicações e necessidade de liberação médica.
No contexto no qual os alunos sejam usuários de plataformas ou aplicativos que oferecem acesso a academias, o Conselho recomenda que a anamnese e PAR-Q devem conter a opção “questionário preenchido em outro estabelecimento”.
Sinais de alerta
A partir da análise inicial, o profissional de Educação Física deve adotar condutas conforme a classificação de risco do aluno ou aluna:
- Baixa: início da prática com intensidade moderada;
- Intermediária: início com restrições e encaminhamento médico;
- Alta: suspensão da prática até avaliação e liberação médica.
Durante a rotina de treinos, o profissional deve atuar no monitoramento constante da intensidade dos exercícios e das condições do ambiente, como temperatura e ventilação, bem como a progressão gradual de cargas. Também deve recomendar hidratação e pausas adequadas.
O Conselho indica suspender a atividade imediatamente se o praticante apresentar:
- dor torácica
- tontura
- palpitações
- mal-estar súbito
Responsabilidade de donos e gerentes
Aos gestores de academias, cabe a responsabilidade estrutural e legal de manter um ambiente seguro, o que inclui a presença obrigatória de profissionais habilitados durante todo o período de funcionamento.
Além disso, os estabelecimentos devem cumprir a legislação local de Fortaleza quanto à disponibilidade de equipamentos de emergência, especialmente o Desfibrilador Externo Automático (DEA) em locais de grande fluxo e em bom funcionamento.
“A presença do DEA aumenta significativamente a chance de sobrevivência em casos de parada cardíaca súbita”, lembra o Conselho.
A gestão deve ainda implementar rotinas de conferência, como checklists semanais para verificar o funcionamento do desfibrilador e a integridade dos kits de primeiros socorros.
O que fazer em situações de emergência?
Em situações de emergência, o profissional de Educação Física atua como primeiro respondente, devendo seguir o protocolo de Suporte Básico de Vida (SBV). Isso inclui:
- verificar a respiração da vítima
- acionar o SAMU (192)
- iniciar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), caso seja treinado
- utilizar o desfibrilador assim que disponível
- manter as manobras até a chegada do socorro especializado
Para tanto, o Cref-5 reforça que é dever dos profissionais manterem-se constantemente capacitados em cursos de primeiros socorros, já que cada minuto sem RCP reduz em até 10% a chance de recuperação.
As diretrizes deixam claro que a segurança nas academias de Fortaleza depende de uma ação coordenada entre a responsabilidade técnica do profissional e a estrutura oferecida pelos espaços de treinamento.
“O exercício físico é seguro e essencial à saúde quando praticado sob supervisão adequada e em locais preparados para agir com rapidez diante de emergências”, confirma a entidade.