Com mais de 7 mil à espera de vaga em creche, Fortaleza quer zerar fila em 2026

Carência de espaço para crianças de até 3 anos de idade é recorrente na capital.

Escrito por
Theyse Viana theyse.viana@svm.com.br
Menina focada em colorir um papel com lápis, com um pote de lápis de cor ao lado, em um ambiente escolar.
Legenda: Creches devem receber crianças de 0 a 3 anos de idade.
Foto: Helene Santos/Arquivo DN.

Uma necessidade histórica da educação infantil de Fortaleza pode ser sanada no próximo ano: a prefeitura pretende zerar a fila de espera por vagas em creches públicas da cidade em 2026. A projeção é do prefeito Evandro Leitão (PT), dada em entrevista ao Diário do Nordeste na sexta-feira (19).

Em julho deste ano, cerca de 10 mil crianças de até três anos de idade aguardavam por um espaço para ingressar em um Centro de Educação Infantil (CEI) público. Acabar com a fila era uma das promessas de campanha do petista.

“Nós lançamos neste ano 2.500 vagas das 10 mil represadas. Agora, estamos lançando mais 7 mil. Esperamos que durante esse ano possamos zerar pessoas aguardando em fila de creche. Agora em 2026 já deve acontecer”, assegura o gestor.

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Questionado sobre o tamanho atual da fila, Evandro estima que está em cerca de 7 mil aguardando por vaga, mas reforça a dinamicidade do número. “A criança pode ir a qualquer hora, qualquer mês, solicitar vaga na creche, diferentemente da escola”, compara.

Em abril deste ano, o secretário municipal de Educação, Idilvan Alencar, revelou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que 4,7 mil famílias estavam cadastradas aguardando uma vaga em creche pública.

Na ocasião, o titular da SME reconheceu que o quantitativo poderia “ser ainda maior”, já que se refere ao controle feito pela Pasta a partir do Registro Único, listagem adotada pela Prefeitura para identificar a demanda de novas matrículas.

Diante da carência histórica, famílias de Fortaleza chegam a esperar até dois anos para conseguir uma vaga em creche, como abordou reportagem do Diário do Nordeste em junho do ano passado.

Novo complexo infantil

A redução da fila de espera deve ocorrer, principalmente, por meio de três alternativas: construção de novos CEIs, ampliação de conveniadas e reforma das creches que já estão em funcionamento, para ampliar a capacidade.

Evandro revela que entre os novos CEIs projetados pela gestão municipal para 2026 ficará localizado dentro de um “complexo infantil” a ser construído no Centro da cidade, ocupando um quarteirão inteiro entre as ruas Barão do Rio Branco e Senador Pompeu.

“Vamos iniciar as obras no segundo semestre de 2026. Será um complexo formado por um Espaço Girassol, um CEI e um CAPS infantil, voltado para os filhos dos trabalhadores do Centro”, garante o gestor. A entrega dos equipamentos, porém, está programada apenas para 2027, "por ser uma obra maior".

Meta de matrículas

O Plano Municipal de Educação (PME) de Fortaleza, em vigor desde 2015, fixava como meta para junho deste ano que pelo menos 50% das crianças de 0 a 3 anos estivessem matriculadas em creches. O documento deveria valer até 2025, mas teve validade prorrogada até junho de 2026.

Dados levantados pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), instituição sem fins lucrativos que atua no desenvolvimento da primeira infância, mostram que só 33,7% das crianças de 0 a 3 anos de Fortaleza eram atendidas por creche em 2024, dado mais recente.

Especialistas apontam que garantir o acesso de crianças à educação infantil é crucial tanto para o desenvolvimento delas quanto por questões socioeconômicas, já que sobretudo mães solo precisam dos equipamentos como suporte para conseguirem estar no mercado de trabalho.

No Brasil, a oferta da educação infantil é competência das prefeituras. No entanto, governos estaduais e o federal também podem contribuir para a garantia de unidades do tipo, se considerado o regime de colaboração.

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