Fila de espera por creche em Fortaleza tem 4,7 mil famílias cadastradas, diz secretário de Educação

A ampliação de vagas nas unidades que recebem crianças de 0 a 3 anos de idade é uma carência histórica. O secretário Idilvan Alencar aponta as estratégias adotadas pela nova gestão

Escrito por
Thatiany Nascimento thatiany.nascimento@svm.com.br
Imagem de criança com um mochila na frente de uma escola pública
Legenda: A meta da atual gestão, que foi uma das promessas de campanha do prefeito Evandro Leitão (PT) na área da educação, é zerar a fila de espera das creches.
Foto: Camila Lima

Uma demanda histórica na educação infantil e que Fortaleza ainda caminha, cheia de desafios, para tentar atender: o amplo acesso a vagas na educação infantil. Na Capital, cerca de 40 mil crianças estão matriculadas em unidades municipais (nos Centro de Educação Infantil, que une creche e pré-escola, com alunos de 0 a 5 anos) e nas creches conveniadas com a Prefeitura (com crianças de 0 a 3 anos). Mas, a fila de espera por vagas em creches tem, no atual momento, pelo menos, 4.700 famílias, segundo informou o secretário de Educação, Idilvan Alencar, em entrevista ao Diário do Nordeste

A meta da atual gestão, que foi uma das promessas de campanha do prefeito Evandro Leitão (PT) na área da educação, é zerar a fila de espera das creches. Um objetivo desejável, mas “ousado” tendo em vista o ritmo histórico de ampliação de vagas na educação infantil em Fortaleza. 

Esse número de 4,7 mil famílias, segundo explicou o secretário, pode ser ainda maior, já que o quantitativo é referente ao controle feito pela Secretaria Municipal de Educação (SME) a partir do Registro Único, listagem adotada pela Prefeitura para identificar a demanda de novas matrículas.

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Essa conta é feita a partir dos pedidos formais feitos por pais ou responsáveis junto às creches e escolas. Esse cadastro flutua, pois a busca por creches pode ocorrer em qualquer momento do ano letivo. 

“Esse número pode ser maior porque, às vezes, a mãe tem a demanda e nem está cadastrada”, reitera Idilvan. Para tentar reduzir essa fila, o secretário destaca que 3 estratégias estão sendo idealizadas pela nova gestão. São elas: 

  • Construção de novas creches;
  • Ampliação das creches conveniadas;
  • Aumento da estrutura física das creches já existentes para ampliar o número de vagas nessas unidades.

Em Fortaleza, assim como em outras grandes cidades, o problema do acesso às creches é “crônico” e, além das crianças, afeta, sobretudo, as mães e responsáveis, que veem o direito ser negligenciado, sentem no dia a dia o efeito dessa falta de acesso.
 
Conforme já mostrado pelo Diário do Nordeste no ano passado, na Capital, famílias chegam a esperar mais de um ano por vaga na educação infantil. 

No Brasil, a oferta da educação infantil que engloba creches (para crianças de 0 a 3 anos) e pré-escolas (para crianças de 4 e 5 anos) é competência prioritária das prefeituras. Porém, isso não impede governos estaduais e o federal contribuírem para a abertura e garantia de unidades do tipo, visto o regime de colaboração entre as administrações. 
 

O Plano Municipal de Educação de Fortaleza, que vigora desde junho de 2015 e tem validade até junho de 2025, tem como meta 1 a universalização  da educação infantil na pré-escola (etapa que a matrícula é obrigatória) e a ampliação da oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo 50% das crianças até o final da vigência do Plano

Abertura de novas creches

Uma das medidas para ampliar essa oferta de vagas, segundo Idilvan, é a construção de novas creches. Mas, ressalta, “isso não se faz em curto prazo”. Hoje, Fortaleza tem 298 prédios da educação infantil, sendo 186 Centros de Educação Infantil - que atendem crianças da creche e da pré-escola e são unidades públicas - e 112 creches conveniadas com a Prefeitura. 

Para dar andamento a esse eixo de atuação, o secretário diz que a atual gestão trabalha em 3 frentes que devem garantir a construção de 30 novas creches. Dentre essas unidades, algumas irão atender crianças de 0 a 5 anos. Mas não há prazo especificado para essas entregas. 

Imagem de crianças pintando em uma sala de aula de Fortaleza
Legenda: A Prefeitura usa como referência o Registro Único, que lista a quantidade de pais e responsáveis na espera por vagas em creche
Foto: Helene Santos/SVM

Uma delas é a retomada de construções que, de acordo com Idilvan, ficaram paradas na gestão passada. “Temos obras que estavam em execução e pararam. Creche com 80% de execução e parada. Tudo parou em novembro, depois do primeiro turno. Então, estamos retomando obras”, aponta. Esse investimento será bancado pela própria Prefeitura.

Segundo ele, ao menos 10 creches estão nessa condição e terão prosseguimento. Nesse caso, a estimativa é que esses prédios sejam entregues até o segundo semestre. 

Outra iniciativa é via Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) Seleções para a educação do Governo Federal, no qual a União abriu aos municípios a possibilidade de pleitear verba para construção de obras da educação infantil e aquisição de ônibus escolares. “Já indicamos dez terrenos para o MEC e muito em breve teremos os resultados desse processo”, apontou. 

A terceira perspectiva é que o Governo do Estado, relata Idilvan, irá financiar a construção de outros 10 equipamentos da educação infantil. “O governador Elmano já mandou cadastrar os terrenos”, pontua. Nesse caso, o secretário indicou que a ação está em curso, mas não detalhou o prazo de quando será formalizado o anúncio dessas intervenções.  

Mudanças nas creches conveniadas

Hoje, Fortaleza tem 112 creches conveniadas à rede municipal, que são instituições privadas que atuam em parceria com a Prefeitura para ampliar a oferta de vagas na educação infantil.  

“Temos que qualificar as avaliações dessas creches. Elas são imprescindíveis. Tem gente que diz: ‘Ah, elas não prestam’. E o que vamos fazer? Mandar as crianças para casa? É muito fácil a gente fazer análise, fora do problema, sem conhecer o contexto. Precisamos melhorar a qualidade dessa oferta”.
Idilvan Alencar
Secretário Municipal de Educação de Fortaleza

Idilvan explica que em 2025 foi lançado um segundo edital convocando Organizações da Sociedade Civil (OSC) para firmar parcerias com a SME para a gestão de creches, mas, desta vez com um nível maior de exigências, sobretudo, relacionadas à questão da estrutura física, como dimensões das salas e espaços de convivência. 

Ampliação de vagas nas unidades existentes

Para garantir que o número de vagas em creches aumente em Fortaleza, o secretário municipal de Educação disse que a atual gestão tem estudado a ampliação física dos CEIs já existentes. 

“Eu tenho lá um CEI e atende ali 100 crianças. Eu tenho uma área para ampliar, porque até a nível de manutenção de custeio eu tenho um processo mais otimizado. O diretor é o mesmo, o coordenador, a instalação elétrica, tudo. Então é algo legal e vamos investir nessa estratégia”, afirma.  

Mas para essa estratégia, explica ainda, ainda será feito um levantamento completo de todos os CEIs de Fortaleza que tenham possibilidade de ampliação física.

 

 

 

 

 

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