Entre remédios para diabetes e ansiedade, rede municipal de Fortaleza tem 21 itens em falta; veja lista
Prefeito Evandro Leitão atribui desabastecimento temporário, entre outros fatores, às dívidas do Município com as distribuidoras

Uma das reclamações que têm sido frequentes entre usuários e trabalhadores da rede municipal de saúde em Fortaleza é a falta de medicamentos básicos. O Diário do Nordeste teve acesso à lista: 21 remédios estão em falta, desde tratamentos para diabetes até ansiedade e problemas cardíacos.
No total, 137 fármacos são ofertados à população pela rede da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), como confirmou o prefeito Evandro Leitão (PT) em entrevista ao DN e à Verdinha FM 92.5, nessa quinta-feira (10). A lista dos mais de 20 itens fora de estoque foi enviada à reportagem pela SMS (veja abaixo).
De acordo com Evandro, o problema tem duas raízes: a primeira é o endividamento da prefeitura com as distribuidoras dos medicamentos; a segunda, o recesso da indústria farmacêutica, que acabou por atrasar a chegada das reposições "não planejadas" pela gestão que o antecedeu.
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“Essas três variáveis – inadimplência, falta de estoque e falta de planejamento – fizeram com que fôssemos ao mercado adquirir medicamentos e os fornecedores disseram: ‘eu vendo, mas me pague à vista’. Tivemos que comprar à vista”, afirmou.
O procedimento, porém, não reabasteceu a cidade de imediato. “Não é comprar hoje e chegar amanhã, é licitatório. A indústria farmacêutica tem recesso em dezembro e fecha em janeiro, o que dificulta. Fizemos o pedido em janeiro, mas efetivamente só começou a rodar em fevereiro, e os medicamentos só começaram a chegar em março”, justifica.
Os fármacos disponibilizados na saúde primária (postos de saúde), secundária (UPAs e hospitais, por exemplo) e terciária (unidades de alta complexidade) e que estão sem estoque devem ser repostos “até o início de maio”.
“Estamos normalizando. Nós já pagamos esse lote que vai chegar, mas a inadimplência persiste. Dividimos os valores que devemos aos fornecedores e estamos normalizando a situação”, reitera o prefeito.
dos remédios da farmácia do Instituto Dr. José Frota (IJF), por exemplo, estavam em falta durante a crise ao final de 2024, segundo a gestão do hospital.
“Saúde é um dos maiores desafios”

Ainda durante a transição de governo municipal, o atual prefeito denunciou que a gestão anterior “deixou um rombo econômico de R$ 500 milhões somente para fornecedores relativos à saúde”.
Após 100 dias à frente da prefeitura, Evandro reconhece que se soma às dívidas o fato de Fortaleza ser “uma cidade com desafios e contrastes sociais enormes”. Segundo o gestor, 80% da população fortalezense são usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) – o que equivale a 1,9 milhão de pessoas.
da população do Ceará, em média, dependem do SUS. Apenas 1,4 milhão de cearenses têm plano de saúde, conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A falta de medicações básicas, como as destinadas a problemas gástricos, infecções e alergias; e das mais complexas, como os tratamentos voltados a diabetes, arritmia cardíaca e convulsões, afeta o atendimento de hospitais como o IJF.
No início deste mês de abril, pacientes e trabalhadores relataram ao Diário do Nordeste sobre a ausência de alguns dos medicamentos listados pela SMS. Na ocasião, a direção do hospital negou o desabastecimento e reforçou que já havia sido possível “reorganizar o fornecimento dos itens que estavam em falta nos estoques do hospital”.