Castanhão, Orós e Banabuiú: 3 maiores açudes do Ceará têm melhor volume de água em mais de 10 anos

Reservatórios ficaram cheios há mais de uma década, mas seca prolongada minou reservas

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Açude Banabuiú, que já esteve praticamente seco, superou os 40% de acúmulo
Foto: Theyse Viana

Com o enfraquecimento do El Niño, a quadra chuvosa de 2024 no Ceará tem superado as expectativas iniciais e garantido um bom aporte nos açudes com a continuidade de boas precipitações. Prova disso é que os três maiores reservatórios do Estado atingiram, neste fim de abril, o melhor volume em mais de 10 anos, conforme monitoramento do Portal Hidrológico.

Com as quadras excepcionais de 2004 e 2009, os açudes praticamente encheram, beirando os 95% de capacidade. Porém, com o prolongado período de seca no Estado, entre 2012 e meados de 2018, as reservas foram totalmente comprometidas, e os gigantes ficaram no volume morto - abaixo de 5%.

O processo de recuperação só foi retomado em meados de 2022 e se intensificou no mês de março de 2023, o mais chuvoso em 15 anos.

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O Banabuiú, localizado na cidade de mesmo nome e terceiro maior do Ceará, esteve praticamente seco entre 2015 e 2019. Agora, atingiu 42,05%.

Já o Orós, segundo maior, marcou 73,1%, melhor resultado desde 2012. Em 2020, o reservatório chegou a menos de 5% de todo o volume, embora já tenha sangrado em quatro momentos: 2004, 2008, 2009 e 2011.

Maior e mais estratégico açude do Estado, o Castanhão está com 35,2% do total. A última vez que isso ocorreu foi em 2014. O cenário é bem diferente de 2018, quando ele guardava apenas 2% do volume.

Conforme a classificação da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Banabuiú e Castanhão estão na categoria de “alerta”, quando o reservatório tem entre 30% e 50% da capacidade. Já o Orós está na categoria “muito confortável”, reservada àqueles acima de 70%.

Para onde vai a água dos açudes?

Nesse primeiro semestre do ano, quando ocorrem chuvas no Ceará, os Comitês de Bacias Hidrográficas estabelecem um teto máximo para a liberação da água dos açudes, que funcionam como um complemento para que não haja desabastecimento. Após junho, quando a quadra chuvosa já foi encerrada, acontece uma nova discussão durante a Reunião de Alocação Negociada de água. 

Para o período 2024.1, ficou definido que o Banabuiú cede 1000 l/s, tanto para a perenização (continuidade) do rio como para seu entorno. O Orós fornece 2.000 litros por segundo para atender às regiões próximas, e o Castanhão teve vazão aprovada de 14 m³/s.

Situação do Ceará

Nessa sexta-feira (26), o Portal Hidrológico marca 55,4% de reserva total de água nos 157 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), também o melhor resultado em 12 anos.

No momento, há 73 açudes sangrando simultaneamente - uma quantidade superior à registrada em 2023 - e mais oito com volume acima de 90%. No entanto, ainda há 20 reservatórios abaixo de 30%, categoria considerada “crítica” pelo monitoramento. O pior cenário é o do açude Favelas, em Tauá, com apenas 1,44% do total.

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