Casos de febre oropouche no Ceará sobem de 96 para 122 em uma semana; veja como se prevenir
Não há registros de mortes pela doença no Estado; gestantes devem ter maior cuidado para evitar contaminação
Os diagnósticos da febre oropouche, causada pelo mosquito conhecido como maruim, chegaram a 122 casos confirmados no Ceará, conforme a atualização do monitoramento feito pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), nesta quinta-feira (8). O boletim anterior, publicado no dia 2 de agosto, registrava 96 pessoas com a doença.
Os detalhes foram repassados pelo Secretário Executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antônio Silva Lima Neto, o doutor Tanta, em entrevista ao programa Conexão da Rádio Verdinha FM 92.5. O especialista indica que pode haver uma subnotificação, já que nem todos os pacientes procuram um serviço de saúde.
No momento, os diagnósticos estão concentrados na Região do Maciço de Baturité, em cidades como Aratuba, Pacoti e Mulungu, e não há notificação de morte pela doença no Estado. Novo boletim publicado pela Sesa nesta quinta-feira mostra que Capistrano, na mesma região, entrou para a lista de municípios com casos confirmados.
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“Por enquanto, todas as amostras positivas, mesmo as que entraram recentemente, são da mesma região. Não houve uma mudança de padrão”, aponta o médico. Os exames são feitos por testes RT-PCR que são encaminhados ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen).
A febre oropouche apresenta um quadro muito similar ao da dengue e está associada a complicações neurológicas e ao interrompimento da gestação. No Ceará, não foram registradas essas repercussões até o momento.
“São (principalmente) 3 sintomas: febre, dor de cabeça muito intensa – o paciente segura a cabeça com dor – e uma dor no corpo, o paciente não consegue levantar. É como a dor da dengue”, detalha o secretário.
Por isso, todos os pacientes com esses sintomas e que testam negativo para dengue e chikungunya são submetidos ao exame que avalia o vírus causador da oropouche.
“No Maciço, tem o vetor e alguém pode ter chegado do Norte, da Bahia, de Pernambuco, com o vírus. Precisamos ouvir as experiências de outros estados para montar uma vigilância mais efetiva”, destaca.
Assim como os sintomas são parecidos com os da dengue, o tratamento também acontece com a hidratação dos pacientes e administração de alguns medicamentos para a dor. Em geral, os pacientes com oropouche ficam 15 dias com os efeitos da doença.
É uma doença que começou a se propagar com mais velocidade agora, é provável que você vá descobrindo aos poucos detalhes. Mas a condição é similar à da dengue: não tem antiviral específico
O médico explica que o principal esforço acontece para continuar a testagem dos casos como uma forma de obter mais informações sobre a doença e proteger, principalmente, as gestantes.
Diferente do mosquito da dengue, o Culicoides paraensis, conhecido como maruim, “polvinha” ou mosquito-pólvora vive em áreas de mata e não pode ser combatido com métodos como eliminação de água parada ou uso do carro fumacê.
Sintomas da febre oropouche
Os principais sintomas que têm sido relatados pelos pacientes cearenses com a oropouche são febre, dor de cabeça e dores no corpo, comuns a doenças como dengue e chikungunya. Confira o que aponta o Ministério da Saúde:
- Febre de início súbito
- Dor de cabeça
- Dor muscular
- Dor articular
- Tontura
- Dor atrás do olhos
- Calafrios
- Fotofobia (sensibilidade à luz)
- Náuseas
- Vômitos
- Meningoencefalite (inflamação no sistema nervoso), em casos graves
- Manifestações hemorrágicas, em casos graves.
Por causa da semelhança com outras arboviroses, as unidades de saúde realizam primeiro testes para essas doenças e, caso descartadas, investigam a presença do OROV.
Como prevenir a febre oropouche
Apesar de a febre oropouche causar sintomas parecidos com a dengue, as formas de prevenção são diferentes. A chave da proteção contra a oropouche não é o combate ao mosquito maruim, diferentemente do que ocorre em relação ao Aedes aegypti.
Isso porque o mosquito-pólvora não se reproduz em locais onde há o acúmulo de água, como caixas d’água, cisternas, potes e outras. Ele vive na natureza, e se reproduz, geralmente, em:
- Regiões de vales ou áreas baixas de encostas com água corrente utilizadas para a agricultura;
- Presença de culturas que geram sombreamento e deposição de matéria orgânica, como banana e chuchu, entremeadas na vegetação natural;
- Residências de alvenaria construídas a menos de cinco metros das áreas de cultivo;
- Locais protegidos de ventos fortes e com maior umidade do ar em relação a áreas vizinhas.
De acordo com o boletim epidemiológico da Sesa sobre a febre, todos os casos investigados no Ceará têm local provável de infecção em zona rural.
A melhor forma de prevenção é evitar o contato com o vetor, por meio de medidas individuais e coletivas, como:
- Evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição às picadas dos vetores (mosquitos);
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo, como mangas compridas, calças e sapatos fechados;
- Aplicar repelente nas áreas expostas da pele;
- Limpar terrenos e locais de criação de animais;
- Recolher folhas e frutos que caem no solo;
- Usar telas de malha fina em portas e janelas.