O período que sucede a quadra chuvosa do Ceará é marcado pela ocorrência de longos períodos sem precipitações. Fortaleza, por exemplo, amargou 45 dias sem qualquer sinal de chuvas, até cair cerca de 1 milímetro (mm) nesta sexta-feira (27).
A cidade já está há 2 meses e meio sem precipitações significativas. O último registro acima de 15 mm foi no dia 11 de julho. De lá para cá, a capital cearense só teve chuvas em 8 dias, e todas bastante fracas, sempre em torno 1 mm de acumulado médio.
Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), e reforçam o que as médias históricas já apontam: setembro é o mês mais seco do ano no Estado, com normal de apenas 2,2 mm de precipitações.
O meteorologista Vinicius Oliveira, pesquisador da Funceme, explica que “os principais sistemas causadores de chuva ocorrem no primeiro semestre, como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que no segundo semestre fica no hemisfério norte”.
Além disso, outro fenômeno que, em alguns anos, pode contribuir para prolongar as chuvas até meados de agosto não aconteceu.
“Os sistemas ondulatórios de leste provocam chuva principalmente logo após a nossa quadra chuvosa, em junho e julho, podendo, em anos mais favoráveis, estender para agosto. Isso acabou não acontecendo em 2024”, pondera o meteorologista.
Vinicius observa que, ao se aproximar o fim do ano, a média pluviométrica do Estado cresce “devido a chuvas em outras regiões, como o Sul cearense, onde começar a chover antes da nossa quadra chuvosa, ainda em dezembro”, pontua.
Na capital, contudo, os dias mais secos devem continuar. “Aqui em Fortaleza, é extremamente comum passarmos muito tempo sem chuva ou com chuvas isoladas, bem passageiras, em alguns bairros”, complementa o pesquisador.
Efeitos das poucas chuvas
A baixa umidade do ar e a alta nas temperaturas são dois efeitos diretos da ausência de precipitações, principalmente nos meses do “B-R-O Bro”, período iniciado em setembro. “No entanto, ainda estamos nos meses com ventos mais fortes, rajadas mais frequentes, principalmente no litoral e nas serras”, pondera Vinicius Oliveira.
Outra consequência da “secura” em todo o Estado são as queimadas, favorecidas por fatores da natureza e potencializadas pela ação humana, como comenta o meteorologista.
“Em termos de meteorologia, as variáveis que favorecem as queimadas são a baixa umidade relativa do ar, alta temperatura e velocidade do vento. É um ambiente bem favorável pra termos o aumento de focos de calor e queimadas.”
Nesta sexta (27), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu aviso de perigo potencial por baixa umidade em 81 cidades do Ceará:
- Abaiara
- Acopiara
- Aiuaba
- Altaneira
- Alto Santo
- Antonina do Norte
- Ararendá
- Araripe
- Arneiroz
- Assaré
- Aurora
- Baixio
- Banabuiú
- Barbalha
- Barro
- Boa Viagem
- Brejo Santo
- Campos Sales
- Caririaçu
- Cariús
- Catarina
- Catunda
- Cedro
- Crateús
- Crato
- Deputado Irapuan Pinheiro
- Ererê
- Farias Brito
- Granjeiro
- Hidrolândia
- Icó
- Iguatu
- Independência
- Ipaporanga
- Ipaumirim
- Ipueiras
- Iracema
- Jaguaretama
- Jaguaribara
- Jaguaribe
- Jardim
- Jati
- Juazeiro do Norte
- Jucás
- Lavras da Mangabeira
- Madalena
- Mauriti
- Milagres
- Milhã
- Missão Velha
- Mombaça
- Monsenhor Tabosa
- Morada Nova
- Nova Olinda
- Nova Russas
- Novo Oriente
- Orós
- Parambu
- Pedra Branca
- Penaforte
- Pereiro
- Piquet Carneiro
- Poranga
- Porteiras
- Potengi
- Potiretama
- Quiterianópolis
- Quixadá
- Quixelô
- Quixeramobim
- Saboeiro
- Salitre
- Santana do Cariri
- Santa Quitéria
- Senador Pompeu
- Solonópole
- Tamboril
- Tarrafas
- Tauá
- Umari
- Várzea Alegre
O instituto recomenda que a população “beba bastante líquido, evite desgaste físico nas horas mais secas e evite exposição ao sol nas horas mais quentes do dia”.
Previsão do tempo para o Ceará
A manhã de sábado (28) deve ser de céu variando de parcialmente nublado a sem nuvens em todas as macrorregiões, de acordo com previsão da Funceme. O Estado deve registrar ainda ventos de até 60 km/h. À tarde e à noite, predomina o céu sem nuvens.
No domingo (29), o cenário é similar, mas a Funceme alerta sobre a baixa umidade relativa do ar, entre 25% e 35%, nas macrorregiões da Jaguaribana, Cariri e Sertão Central e Inhamuns. A temperatura nesses locais pode chegar a 40°C.