Neto e filho de sanfoneiro, garotinho de 6 anos 'faz o que sabe' com a sanfona e surpreende

Aos três anos de idade o pequeno ganhou a primeira sanfona do avô e aprendeu a tocar o instrumento sozinho.

Escrito por
Gabriel Bezerra* gabriel.bezerra@svm.com.br
(Atualizado às 14:50)

Na região em que nasceu o Rei do Baião, tocar um dos instrumentos mais característicos do Nordeste e herdar esse dom é a pura expressão da cultura. O pequeno Elias Neto, de apenas 6 anos, natural de Fortaleza, herdou do pai, que por sua vez herdou do pai Elias Carneiro, o dom de tocar sanfona. O instrumento é pesado e, não apenas pelo peso real, mas pelo valor histórico que tantos outros músicos trilharam com o aparato.

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Terceira geração de sanfoneiros, Elias quase nasce tocando. Segundo o pai do garoto, Renato Carneiro, o pequeno despertou o interesse entre os 2 e 3 anos de idade. Ganhou do avô sua primeira sanfona. Mal sabia a família que, com menos de um mês de prática, o garoto já estaria tocando a primeira música: "Asa Branca", de Luiz Gonzaga. O fole parecia não cansar os bracinhos de Elias, que demonstrou de forma imediata seu amor pela música.

"Ele é muito natural, ele vai lá e faz o que sabe. Não tem aquela preocupação se vai errar ou se não vai... é uma criança e é muito natural", comentou o pai orgulhoso do filho.
Renato Carneiro
Sanfoneiro e Pai de Elias

Fole, botões, baixos e palhetas: parece muita coisa para uma criança, mas para Elias tudo parecia brincadeira. Abre fole, fecha fole... fazer um objeto quase respirar foi tirado de letra pelo cearense. Por isso que ele é chamado de "desenrolado" pelo pai. 

Participação em grandes palcos 

Mesmo com pouca idade, Elias Neto já trilha uma carreira que conta com participações em shows de grandes nomes do forró nacional. Mari Fernandez, Wesley Safadão, Júnior Vianna e o sanfoneiro Waldonis foram alguns dos artistas que deram oportunidade ao "novo mais experiente" sanfoneiro.

Os veteranos chegam a se impressionar com a expertise e o jeito desenrolado do garotinho. Wesley Safadão foi um dos surpreendidos e quase não acreditou na capacidade de Elias: 

"O Wesley perguntou se ele era o rapaz da sanfona e se ele tocava mesmo. Disse 'Eu acho que é mentira, você é muito novo para tocar um instrumento desse'. Aí ele tocou a primeira, a segunda... o Wesley sentou no chão da calçada, do lado do camarim", conta o pai sobre o encontro.
Renato Carneiro
Sanfoneiro e Pai de Elias

O momento marcante aconteceu nos bastidores do São João de Maracanaú, palco onde Elias se apresentou como se estivesse no quintal de casa, calmo e apenas sentindo a música.

Waldonis é outro artista com papel crucial nessa história: ele é o padrinho de Elias e o presenteou com o acordeon profissional que o menino utiliza hoje. 

Para o pai, ver o filho chegar tão longe é motivo de honra, é ver que a bandeira da cultura tradicional do forró nordestino está sendo levada adiante. 

Estagiário sob a supervisão da Editora Aline Conde*

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