Melhor período do ano vem aí, apesar de queda

O varejo cearense busca crescer mesmo com a crise. A expectativa é que o setor avance pelo menos 1%

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,
Legenda: A situação no Interior não é diferente da observada na Capital. "Mas o Interior é um exemplo para nós porque, além da crise econômica, eles estão enfrentando mais um ano de seca", diz Freitas Cordeiro, presidente da FCDL
Foto: FOTO: Elisângela Santos

De olho nas vendas de Natal e Ano-Novo, o comércio cearense se prepara para aproveitar o melhor período do ano para o varejo, mesmo no atual momento de retração do consumo. As estratégias buscam amenizar a queda nas vendas para, melo menos, manter os resultados obtidos pelo setor no ano passado. A expectativa é que o setor registre crescimento por volta de 1% no Estado, enquanto para o Brasil é esperado um resultado negativo em torno de 0,5%.

"Queremos ficar pelo menos no positivo", diz Freitas Cordeiro, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL).

Enquanto os empresários tentam reduzir custos e investem em inovação, a FCDL-CE busca alternativas para dar liquidez ao setor. A entidade firmou uma parceria com a Rede (operadora de máquinas de cartão de crédito e débito) para que o pagamento aos lojistas fosse antecipado de 30 para 15 dias, sem o pagamento de juros.

"Também trabalhamos com o governo para que não haja aumento de impostos, como o ICMS, porque com as alíquotas mais baixas a gente consegue alargar a base de contribuição", diz Cordeiro.

Interior

De acordo com o presidente da FCDL-CE, a situação no Interior não é diferente da observada na Capital. "O quadro é o mesmo. A fala do empresariado é a mesma", ele diz. "Mas o Interior é um exemplo para nós porque, além da crise econômica, eles estão enfrentando mais um ano de seca. Então não está fácil". Entre municípios que têm se destacado, com ações no comércio voltadas para o Natal, estão Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Sobral e Forquilha. "Não podemos nos infectar por outros cenários, que vem de fora. Apesar de tudo, a nossa micro economia está lá, o consumidor está lá, está consumindo. E o varejo sempre ativo, procurando enfrentar esse momento".

Empregos temporários

Com a expectativa de queda nas vendas de fim de ano, o comércio varejista no País deve contratar apenas 12,5 mil trabalhadores temporários, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O estudo apontou que 88% dos empresários consultados não contrataram e não pretendem contratar funcionários para o final do ano.

A expectativa da FCDL-CE é que a contratação de temporários recue cerca de 30% no Estado. Segundo Cordeiro, essa retração já era esperada.

Mas ainda assim, ele acredita que os empregos gerados no período devem dar um alívio para o mercado mercado de trabalho local. "Haverá queda na contratação de temporários porque existe uma retração de negócios", diz. Apesar da alta do desemprego no varejo, o presidente da FCDL-CE avalia que o índice ainda está administrável.

Setores

Entre os segmentos do varejo mais impactados pela crise econômica, Cordeiro destaca aqueles ligados ao setor da construção civil, como o de material de construção, e os relacionados a bens não essenciais, como o de perfumaria e cosméticos.

No entanto, mesmo o setor de supermercados está sofrendo, ele diz. "O consumidor que estava mais seletivo, melhorando o seu padrão de consumo, agora está voltando para o consumo de suas necessidades" , diz.

Segundo Cordeiro, o resultado esperado para o Ceará está alinhado com o esperado para o Nordeste. "O comércio é a nossa vocação. Ele sempre tem se destacado. Geralmente o Ceará se alinha com o Nordeste, principalmente com Bahia e Pernambuco. Nós não podemos nos infectar pelo pessimismo. A esperança tem que estar muito à frente. O pé tem que estar no chão, mas a cabeça lá na frente".

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