Série 'Cine Holliúdy' volta à TV Globo nas noites de terça-feira
Produção inspirada no filme do cearense Halder Gomes será reexibida a partir do dia 07 de julho. Elenco, roteiristas e equipe se reuniram durante bate papo virtual e comentaram o sucesso da adaptação
O cinema mais famoso do Ceará promete uma nova sessão contagiante por todo o País. Um ano depois de chegar à TV brasileira, o universo de 'Cine Holliúdy' retorna às noites de terça-feira na Rede Globo. A série baseada no filme homônimo de Halder Gomes será reexibida a partir do dia 07 de julho.
Na tarde de quinta-feira (25), um encontro virtual reuniu elenco, equipe e roteiristas. Participaram Edmilson Filho, Leticia Colin, Heloisa Perissé e Matheus Nachtergaele. Os autores Claudio Paiva e Marcio Wilson também reforçaram o bate papo que contou com as presenças de Halder Gomes e da diretora Patricia Pedrosa.
O carinho e amizade dessa trupe marcaram a reunião. A sinergia explica como o cativante universo do "cinemista" Francisgleydisson (Edmilson Filho) é fenômeno de audiência. 'Cine Holliúdy’ é uma empreitada recente. Brilhar novamente na TV aberta foi motivo de celebração. "Mostra que chegamos com um material muito bom. Entramos na casa das pessoas trazendo esse colorido", defendeu Edmilsoon Filho.
O roteiro da segunda temporada já está pronto. Resta aguardar os desdobramentos da pandemia de Covid-19 para a produção voltar aos trilhos. “A segunda temporada foi legal para trabalharmos mais o texto. A gente já conhece muito o elenco, todas as possibilidades que eles oferecem" descreveu o roteirista Claudio Paiva.
Para Halder Gomes, a reprise evidencia a trajetória vitoriosa do projeto. "É uma alegria medonha. Ver a escalada disso tudo. 'Cine Holliúdy' tem uma trajetória única no audiovisual brasileiro. Foi um curta que virou filme, ganhou sequência e veio a ser série em horário nobre da Globo", comentou.
Jornada
Essa caminhada até às telinhas (a série também pode ser vista pela Globoplay) começou com "Cine Holiúdy - O Astista Contra o Caba do Mal" (2004). Evoluiu com "Cine Holliúdy" (2013) e "Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral" (2019). A procura do público nas salas de cinema fortaleceu o processo de adaptação para outras platafaromas.
A trama conta com 10 episódios independentes dos dois filmes. A luta do protagonista para impedir a "morte" do cinema no interior do Ceará continua firme. Dono de uma sala de projeção na fictícia cidade de Pitombas (as filmagens aconteceram em Areias, São Paulo) Francisgleydisson está acostumado a ver a sala cheia em noite de projeção.
Porém, a tranquilidade dos negócios é ameaçada por uma decisão do prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele). Estimulado pela primeira-dama, Maria do Socorro (Heloísa Perisse), e pela enteada Marilyn (Letícia Colin), o político instala um aparelho de TV na praça central da cidade. A novidade tira o público do Holliúdy.
Diante do cenário, Francis tem a ideia de fazer seus próprios filmes. Como um "filme dentro de um filme" (no caso, uma série), a obra brinca com diferentes gêneros cinematográficos que vão da ficção, horror e romance.
Matheus Nachtergaele defendeu que o retorno traz leveza em tempos tão difíceis. Significa estar vivo em meio à tanta tristeza. "Cine Holliúdy" tem essa força de fazer rir e dissipar o pesado momento político brasileiro. "Acabar essa sensação de não gostar de quem somos", avaliou.
Resistência
O cinema de Francisgleydisson não luta só contra a novidade tecnológica. O descaso do poder público contra a cultura, materializada na persona do prefeito vivido por Nachtergaele evidencia tal caráter. Afinal, adivinha de onde o político tira dinheiro para comprar a TV? Sim, da verba que seria destinada à cultura. Esse forte aspecto une a realidades da série (que se passa nos anos 1970) com o Brasil de 2020.
Claudio Paiva assinou roteiros de clássicos do humor como "TV Pirata", "Sai de Baixo" e "A Grande Família". Para o autor, o personagem de Edmilson Filho representa a persistência do sonho. "Francisgleydisson é o sonhador que promove a resistencia. De forma afetuosa. Da maneira mais exemplar e heroica. Daquele que vai lutar pelo sonho brasileiro", dividiu.
"O Brasil precisa resistir e continuar a sonhar. Não pode perder a esperança. A desesperança é ingrata", completou Cláudio Paiva.
A influência do romancista, dramaturgo e autor de telenovelas Dias Gomes (1922-1999) foi outro assunto levantado. Em especial, o universo de "O Bem-Amado", novela exibida pela Rede Globo em 1973.
Halder Gomes reflete que a série fala de um Brasil especial, que vive à margem das grandes metrópoles. "Falar com o Brasil interior. As memórias de um cinema que não existe mais. Isso uniu diferentes gerações, foi a grande liga. Fez com que a série dialogasse com tanta gente", refletiu o cineasta.
Sotaque cearense
O elenco de 'Cine Holliúdy' também conta com a participação de feras dos palcos e do audiovisual cearense. Haroldo Guimarães é cativante no papel de Munízio, fiel parceiro das loucuras de Francisgleydisson.
Carri Costa e Solange Teixeira estão luminosos como Lindoso e Belinha. Sem falar do astro Falcão na pele do Cego Isaías. Ele tem a responsabilidade de narrar os episódios. O Nordeste também marca presença com o pernambucano Gustavo Falcão (Jujuba) e o baiano Frank Menezes (Delegado Nervoso).
Participações especiais de peso adicionam ingrediente saboroso à trama. A lista inclui Ingrid Guimarães, Cacá Carvalho, Chico Diaz, Miguel Falabella, Ney Latorraca, Tonico Pereira, Bolachinha, entre outros nomes.
Letícia Colin contou que a dinâmica dos ensaios fortaleceu as gravações. "Preparação muito sólida. Somos amigos a três, quatro anos e nos falamos pessoalmente. Torcemos uns para os outros, acompanhamos nossos projetos. É uma relação profunda", destacou a atriz.