Selvagens à Procura de Lei anuncia retorno com nova formação e lançamento de novo álbum em maio
Único integrante da formação original que segue no projeto, Gabriel Aragão afirmou que a banda lançará, em maio, o álbum "mais pesado da carreira"; nova turnê deve começar por Fortaleza
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Pouco mais de seis meses após um desentendimento público que resultou em processos judiciais e na separação da formação original da banda, o Selvagens à Procura de Lei está de volta à ativa com novos integrantes. Sob comando do vocalista Gabriel Aragão, único membro da formação original, o grupo anunciou, nesta quinta-feira (30), que deve lançar novos trabalhos e voltar aos palcos em um uma turnê nacional nos próximos meses.
A retomada da banda conta com músicos cearenses experientes, já conhecidos na cena cultural da Cidade. Plínio Câmara, ex-integrante da banda Casa de Velho, assume a guitarra; Jonas Rio, ex-Left Inside, o baixo; e Matheus Brasil, produtor musical e ex-baterista do Projeto Rivera, que já vinha tocando com Gabriel em seu projeto solo, assume as baquetas. Brasil também produziu, junto a Gabriel, o novo trabalho da banda.
Previsto para maio deste ano, o lançamento do quinto álbum do grupo, intitulado "Y", será seguido por uma série de shows que começa em Fortaleza. A apresentação terá data divulgada em breve.
As músicas inéditas foram escritas por Gabriel durante o “auge da crise da banda”, segundo o artista. Antes da estreia do disco, três singles devem ser divulgados entre fevereiro, março e abril.
O primeiro deles, “Pra Recomeçar”, é recado direto sobre o momento atual do grupo e chega às plataformas no próximo dia 14. Já a música que será lançada em abril é uma colaboração com a banda Vivendo do Ócio – segundo Aragão, atendendo a um pedido antigo dos fãs.
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Em entrevista ao Verso, o vocalista do Selvagens afirmou estar vivendo dias com “muitas emoções” e que está animado com a volta aos palcos. “Nos ensaios, tocando as músicas antigas, dá para ver que é uma banda mais afiada”, destaca Gabriel, que elogiou os novos integrantes, escolhidos ao longo do processo criativo do álbum. “É um Selvagens mais rápido, pesado, jovem. Tô doido para fazer show, por mim já fazia um amanhã”, brinca.

Apesar da empolgação, o disco traz muito das mágoas que envolveram a banda nos últimos meses. Com sonoridade mais pesada, se aproximando dos primeiros trabalhos da banda, Y teve a raiva como força motriz, segundo Gabriel. “A referência foi a dor que eu estava sentindo. Botei tudo pra fora: a minha raiva, o sentimento de traição, de perder alguém que eu considerava um irmão”, destaca.
O artista afirma que a retomada do Selvagens – cujo nome e marca ele afirma pertencerem apenas a ele – não foi comunicada aos músicos Rafael Martins, Caio Evangelista e Nicholas Magalhães, com quem não mantém mais nenhum tipo de contato. Os quatro tocaram juntos por quase 15 anos.

A falta de contato, segundo Aragão, acontece porque os impasses em relação à propriedade de marca seguem sendo tratados na Justiça, mas também por uma decepção pessoal com os ex-companheiros, principalmente por “diferenças políticas”. “Não tenho contato nenhum com eles e não sei quando vou ter. Quero lembrar deles por quem eles foram e não por quem eles se tornaram”, declara. “Não desejo nada de mal. Desejo que encontrem o caminho deles, mas preciso seguir em frente”, completa.
À época do desentendimento, Gabriel alegou que, antes de anunciar o hiato dos Selvagens, os demais membros tentaram expulsá-lo, o que acabou resultando na separação definitiva do grupo. Por sua vez, o trio afirmou, em comunicado conjunto, que as declarações do vocalista à imprensa continham "inverdades sobre a determinação de pausa e condutas dos demais integrantes".
Integrantes da primeira formação se posicionam nas redes: 'Palhaçada'
Nesta quinta-feira (30), após a veiculação de uma entrevista de Gabriel Aragão à revista Rolling Stone, os músicos Rafael Martins, Nicholas Magalhães e Caio Evangelista utilizaram as redes sociais para comentar o anúncio do ex-colega de banda.
Já Nicholas, em uma série de stories no Instagram, chamou o anúncio de "palhaçada" e afirmou que tem sido difamado por Gabriel. "A primeira coisa que tem que ser dita e esclarecida pra todo mundo é que o Selvagens acabou", ressaltou. O baterista afirmou que parte do desgaste entre os membros da banda ocorreu porque Gabriel tentou fazer com que Nicholas fosse demitido, mas Rafael e Caio não aceitaram. Magalhães ainda disse que Gabriel estava tentando "tirar a dignidade" dos ex-companheiros de banda e se apropriar de algo que não é apenas dele.
Em um post no Instagram, o guitarrista e compositor Rafael Martins declarou estar "envergonhado" com a situação e o que vem acontecendo com um legado "construído de forma conjunta". Na nota, ele afirma que é sócio com participação majoritária do catálogo e dos produtos da banda e que compôs alguns dos maiores sucessos do Selvagens. "Tirando o lado pessoal da coisa, somos uma empresa desde 2012 e esta empresa é detentora das obras e fonogramas, das redes, dos perfis nas plataformas de música", destaca.
Em um texto publicado no Instagram, o baixista Caio Evangelista também se manifestou sobre as novidades relacionadas à antiga banda. Além de resgatar a amizade antiga dos quatro integrantes, ele afirmou que, por terem sido "sócios e parceiros em tudo que um trabalho na música possibilita", nunca imaginou que "um companheiro de vida" deixaria de ser parceiro.
"A quebra aconteceu a partir do momento em que Gabriel desejou nos levar à uma ruptura da formação da banda, com a expulsão de um membro, sempre com justificativas vagas", explica, em consonância com a declaração de Nicholas, mas sem citar o nome do baterista. A nota segue citando que a decisão de acabar com a banda partiu de Gabriel, que afirmou ser o fundador, líder e dono da marca.
"A banda foi nosso sonho mas também é nosso negócio. Não somos mais os jovens sonhadores com 20 e poucos anos. Todos temos nossas responsabilidades, ambições e planos para o futuro", destaca.
De acordo com Evangelista, em relação aos processos na Justiça, "não existe hoje qualquer acordo ou decisão judicial favorável a qualquer um dos lados".
O baixista ainda aproveitou a ocasião para divulgar o nome do novo projeto musical do trio, "Cor dos Olhos", que já ganhou perfil nas redes sociais.
A reportagem do Diário do Nordeste tentou contato com Rafael, Caio e Nicholas para entender a situação do processo judicial que decide sobre a propriedade de nome, marca e composições do Selvagens à Procura de Lei, mas a assessoria do trio afirmou que os três só irão conceder entrevistas sobre o assunto na próxima semana. O espaço segue aberto.