Centro Cultural Banco do Nordeste reabre com nova gestão e programação que vai de bloco de Carnaval a festival de teatro
Jacqueline Medeiros, nova gerente-executiva do espaço cultural, destacou em entrevista os principais planos para o equipamento em 2025

Após pouco mais de um mês fechado para reforma, o Centro Cultural Banco do Nordeste de Fortaleza (CCBNB) celebrou a retomada das atividades no último sábado (15) com um cortejo de blocos de rua que percorreu os principais pontos históricos da Capital. Apesar de a reforma ainda não ter sido concluída – parte do teatro segue em obras e alguns mobiliários ainda serão incluídos –, a gestão do espaço garante que a programação será retomada integralmente, e já anunciou uma série de atividades previstas para o mês de fevereiro.
A retomada da programação cultural demarca o início de uma nova fase do equipamento, que desde dezembro tem nova gerência-executiva – Jacqueline Medeiros, quadro veterano do CCBNB que retorna ao posto que ocupou há pouco mais de uma década, entre 2013 e 2015.
A nova gestora, no entanto, encontrou desafios já no início da nova temporada no CCBNB, já que muitos dos artistas que costumam se apresentar no equipamento protestaram contra o hiato em pleno mês de férias escolares, quando há maior demanda por eventos culturais.

Segundo Jacqueline, no entanto, a reforma foi necessária para “proporcionar mais conforto para o público”. “A gente deu uma remodelada e pintou a biblioteca, fez uma mudança de layout para torná-la mais receptiva, trocamos algum mobiliário”, explica. A principal mudança é a transformação da recepção em uma praça de convivência, com o intuito de fidelizar e ampliar o público que passa por ali.
A obra busca retomar a paisagem afetiva que o prédio do CCBNB, localizado na rua Conde D’Eu, no Centro, teve na vida de muitos cearenses. Antes de ser um centro cultural, o espaço foi um mercado de alimentos e um centro comercial de moda. A ideia é voltar a utilizá-lo como espaço de economia criativa, com a realização de feiras de arte.
Segundo Jacqueline, a iniciativa da reforma encerra, pelo menos por enquanto, a conversa sobre uma possível realocação do prédio do CCBNB Fortaleza para o Benfica, confirmada pelo ex-presidente do Banco do Nordeste, José Gomes da Costa, em 2023. ‘A gente acha que ali é um local interessante, por ser no Centro da Cidade’, comenta.

Para a gerente-executiva, 2025 será um ano focado no “fortalecimento e uma equivalência das linguagens, com eventos grandes em cada linguagem”. O primeiro dos grandes projetos acontece já em março: o retorno do Festival das Artes Cênicas do CCBNB, que deve reunir uma série de apresentações culturais de companhias de diversos estados do Nordeste.
Ainda em março, o espaço inaugura oficialmente a Galeria Letícia Parente, com uma exposição da artista pioneira em videoarte que dá nome ao ambiente, além de abrir uma galeria experimental para artistas que queiram expor seus trabalhos. Outra novidade é o retorno da mostra “Agosto da Arte”. Já outros projetos tradicionais do BNB, como o festival Rock Cordel e a Virada Cultural, devem ganhar novas edições no 2º semestre.
De acordo com Jacqueline, a convocatória dos artistas e de produtores para os projetos será feita por meio de editais. O primeiro deles deve sair “até o fim de março, no mais tardar no começo de abril” e irá contemplar artistas da música, literatura, artes visuais e artes cênicas.
Com o objetivo de ampliar o público e garantir a segurança de trabalhadores da cultura e público – desafio encontrado não só só pelo CCBNB, mas também por outros equipamentos da área central da Cidade –, a gestora afirma que o espaço deve alterar o horário de algumas das atividades.
“O que a gente vai tentar fazer é experimentar atividades no cair da tarde – no final do sábado, por exemplo –, para que quando terminar, as pessoas ainda se sintam seguras para sair”, pontua.
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Mudança de gestão e reforma geraram descontentamento entre artistas

Quando a suspensão das atividades em janeiro e a saída de Gildomar Marinho foram anunciadas, um grupo de mais de 50 artistas cearenses organizou um ato-show contra as decisões. O evento ocorreu em 22 de dezembro do ano passado, na Praça dos Leões, e teve como motes principais, conforme comunicado enviado à imprensa, protestos "contra o cancelamento da programação de janeiro; contra a retirada de Gildomar Marinho do cargo de gestor do CCBNB; pela continuidade das ações em janeiro, sem interrupção, no CCBNB ou em outros espaço; por respeito, dignidade, diálogo e transparência".
Uma das organizadoras do movimento, a cantora Yane Caracas explica que a defesa pela permanência de Gildomar se deu pela gestão “super ativa” e atenta aos projetos dos artistas cearenses feita pelo gestor.
“Essa cultura que é feita no CCBNB é uma cultura raiz, uma cultura de base, não é uma cultura só de atualidade. Ele dá espaço ao artista que tem 80 anos, ele contemplava esse artista assim como contemplava o que está começando agora”, pontua.
Muitos dos artistas que participaram do protesto tinham, assim como Yane, apresentações marcadas durante o período de reforma e se sentiram prejudicados pelo anúncio repentino e pela falta de diálogo. “Não fomos avisados de nada, de repente chega a situação de 'vai fechar, vai ficar fechado durante o mês'. Então, a gente se uniu, porque acho assim, se um time tá ganhando, a gente não mexe”, opina.
Segundo Jacqueline, parte dos eventos que foram cancelados foram realocados para outros espaços. Alguns deles foram remarcados para fevereiro, como o próprio show de Yane, que ocorreu no último dia 7. Em relação ao protesto contra a nova gestão, ela afirma que a mudança de gestores faz parte da "sistemática" do banco, e que a maioria dos gestores do CCBNB ficam, no máximo, cinco anos no cargo.
“É uma média de tempo mais ou menos assim, até para ter novos olhares e diversificar”, pontua. “É uma movimentação normal que o banco faz, independente de ter, de precisar de algum motivo”, completa.
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